Capítulo 6 - Toda a verdade

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Cada vez mais perguntas me vêm à cabeça: Quem matou os meus pais? O que tem aquela caixa? Porque estava o meu tio a chorar naquela noite? Que segredos os meus tios me esconderão?

Domingo

Como era domingo, nenhum de nós foi trabalhar ou para a escola. Fiquei no quarto a ler um livro que o meu pai adorava. Eu já o lera imensas vezes mas precisava de algum passatempo que me fizesse esquecer de tudo e de todos, mas, que ao mesmo tempo, me fizesse lembrar os meus pais. Era um livro que, entre muitas outras coisas, eu trouxera às escondidas para Londres.

Os meus tios decidiram sair para ir à cidade, outra vez. Eu fiquei em casa. Quando estava a ler o livro apercebi-me de que estava sozinho e que tinha uma oportunidade para descobrir o que se encontrava naquela caixa. Toda a minha vida poderia mudar, ou ficar na mesma, mas, de qualquer maneira teria que descobrir. Dirigi-me para o quarto dos meus tios e tirei a chave da gaveta da mesa de cabeceira. Abri a porta, subi as escadas e dirigi-me à caixa. Pus-me de joelhos e respirei fundo. Abri a caixa e reparei numas fotografias. Nelas estavam a minha mãe e um bebé. Eles estavam a sorrir. Quem era aquele bebé? Seria eu? Mas porque é que o meu tio teria uma foto minha e da minha mãe? Virei a fotografia e reparei numas inscrições que pareciam ser a letra da minha mãe e que diziam: "O nosso lindo filho Timothy". Timothy? Mas quem é o  Timothy?!

Ainda em choque, arrumei as coisas dentro da caixa e voltei para o meu quarto. Deitei-me na cama a pensar em tudo o que tinha visto: Fotografias da minha mãe e um bebé, apesar de não conseguir ver com clareza a cara do deste pois tinha demasiada luminosidade. Não sabia mais o que pensar! A única coisa que sabia é que tinha que descobrir mais! Dirigi-me para o sótão, movi-me em direção à caixa, pus-me de joelhos e reabri-a. Lá estavam álbuns de família e mais duas fotos do bebé e nestas o rosto do bebé já era visto sem claridade. E este era muito parecido... comigo?!

De repente, vindo detrás de mim, oiço o meu tio:

- Como é que conseguis-te entrar?! Sai imediatamente daqui e vai para o teu quarto!

Assim o fiz.

A minha cabeça está uma enorme confusão! Não compreendo! Quem é o Timothy?! Por que raio é que nessa foto estava escrito que ele era o filho do meu tio e da minha mãe? Porque é que se parecia tanto comigo?! Seria eu?!

Segunda-Feira

Levantei-me sem vontade nenhuma, vesti-me e dirigi-me à cozinha para tomar o pequeno-almoço. Quando lá cheguei reparei que o meu tio me olhava com uma cara de desconfiança.

Depois de Robert e a sua mãe saírem, o meu tio agarrou-me pelo braço, empurrou-me contra a parede com um ar intimidante e disse:

- Diz-me imediatamente o que viste naquele sótão!

- Nada!

- Eu sei que viste alguma coisa!

- Ok! Ok. Vi uma fotografia da minha mãe e um bebé chamado Timothy.

- Como sabes o seu nome? - perguntou, mais calmo, largando-me.

- Estava escrito na parte detrás da... Espere! Agora é a sua vez! Explique-me! Explique-me quem é esse tal Timothy!

- Ora esta! Miúdo insolente! Tu não me fazes exigências, ouviste?! Agora vai já para a paragem para não perderes o autocarro!

- Como é que se perde uma coisa tão grande? - pensei eu, mas claro que não o disse se não levava com outro sermão.

De noite

Cheguei a casa e fui logo para o meu quarto, já que é o único lugar em que me sinto seguro. Ao jantar esperei que a minha horrível tia e o seu igualmente horrível filho se fossem embora e confrontei o meu tio.

- Eu sei que provavelmente irei ouvir outro sermão, mas eu não quero saber! Agora, diga-me de uma vez por todas quem raio é o Timothy?

- Ele é... - disse com um ar nostálgico e triste sentando-se na poltrona perto da lareira apagada - é meu filho, rapaz. Agora senta-te. - disse-me apontando para a outra poltrona que se encontrava de frente para a dele - Deixa-me contar-te tudo.

As Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora