005 | ser kook

888 74 49
                                    

kiara pov !

Lembra quando eu disse que queria bater papo com o JJ? Esquece isso. Eu não estava batendo bem.

Cleo me ligou algumas vezes me pedindo desculpas pelo JJ, mas eu disse que estava tudo bem. A minha primeira semana de aula ocorreu sem grandes complicações. Os amigos de JJ começaram a falar comigo, mas eu e o loiro apenas trocávamos olhares mortais e algumas farpas.

Eu nunca havia dado motivos o suficiente para ele me odiar tanto assim. pelo jeito, ele era um dos que faziam parte do clube de 'morte aos kooks'. Pelo visto, ele era o presidente do clube.

Na sexta, eu convenci sarah e cleo a saírem juntas comigo para fazer compras na rua dos brechós. Foi muito divertido e elas duas se deram super bem.

Depois das compras, fomos até a casa da sarah, já que o pai dela não estava em casa.

- É, daí ela gritou 'VAI SE FODER' para o loiro - Cleo dizia entre risadas, sarah e eu também ríamos. - Daí ela até saiu dando dedo do meio. Ela até passou de carro dando dedo do meio. CÊ TINHA QUE TER VISTO! foi hilário.

- EU QUERIA TER VISTO! Ai cara, que ódio do Maybrank! foi do nada? - Disse a sarah.

- Sim! Eu tentei até ser legal com ele, mas ele já chegou me zombando. dizendo que eu não sabia surfar? Tipo? garoto? Cê me conhece, meu bem? Eu sou a rainha das ondas! - Falei, brincando.

- Você é a rainha das ondas! - Cleo concordou e, então ficou séria e disse:- bem, meninas - Não quero ser chata, mas os kooks normalmente realmente são insuportáveis e escrotos com a gente.

- Ai - Eu e sarah falando, fingindo ofendidas.

- Vocês duas não! Vocês duas são as minhas kooks de estimação! - Nós três rimos. Amo a maneira rápida que Cleo cria laços, tudo parece ser organicamente rápido. Me sinto confortável com ela. - Mas... eu entendo o lado do JJ. Ele não é uma pessoa amável com a maioria das pessoas, ele odeia os kooks demais porque também é um dos que mais sofrem e sofreram por conta deles. Eles são um saco com a gente. sei que não justifica te tratar tão mal, mesmo depois de saber que você nâo é como a maioria, mas entendo o lado dele.

Fiquei em silêncio, refletindo. queria perguntar o que exatamente ele havia sofrido. o que exatamente os kooks fizeram... Às vezes eu achava que eu vivia numa bolha mais densa do que eu pensava. quer dizer, eu sei muito sobre o meio ambiente, sobre o capitalismo, mas, as vezes, percebo que nem sei direito o que acontece na própria outer banks.

- Mesmo assim, - Sarah falou quebrando o silêncio - A Kiara lançou um feche no gato!

Rimos mais ainda.

Depois de um tempo, o Rafe chegou junto com o namorado da sarah.

- Oi, Kiara! - Rafe falou, aparentemente muito feliz em me ver. Me deu uma ânsia.

- Ah, Oi... - Respondi, sem entusiasmo.

- Tudo bem? - Perguntou interessado, enquanto topper dava um selinho na namorada.

- Uhum.

- Oi para você tambem, irmao - sarah falou.

- Oi e... - ele olhou para a cleo. - O que temos aqui? Uma pogue?

- Parece que sim, Rafe - topper falou.

- Rafe camarão - cleo sorriu, debochando. - Que desprazer em vê-lo.

- Sarah! O que esta pogue esta fazendo aqui? - Ele parecia extremamente irritado.

- Convidei ela! Por que?!

- Por que?! Porque ela é uma pogue! e o lugar de pogues é lá do lado deles, não aqui com a gente.

Eu nunca tinha visto alguém falando assim... Ou nunca tinha reparado... eu fiquei com muita raiva.

- Cala a boca, Rafe - falei, brava. - qualquer lugar é ótimo, desde que não tenha você.

Cleo olhou ele de cima a baixo.

- Playboyzinho viciado! - falou.

- SAI DAQUI! - gritou. - as duas. - ele olhou para mim.

- Com prazer. nao aguentava mais olhar para a sua cara feia - disse pisando no pé dele de propósito e saindo dali com cleo. pude escutar sarah brigando com o irmão, mas topper também se metia na briga, do lado do amigo.

Pedi desculpas para a cleo e ela disse que estava tudo bem. que a rixa era assim mesmo. engraçado, eu nunca tinha reparado em como os kooks tratavam os pogues, sempre via quando era o contrário... mas nunca era por nada.

cleo disse que precisava ir para a casa dela quando seu tio mandou mensagem, eu me despedi dela e andei até a minha casa.

- onde estava? - minha mãe perguntou assim que entrei.

- na casa da sarah - respondi.

- ainda bem - disse, aliviada.

-... por que? estava com medo de eu estar aonde?

- nenhum lugar, querida. só... - ela estava sentada no sofá, olhou para os dois lados, verificando se tinha mais alguém por perto. - estou preocupada.

- com? - eu estava tentando entender o que estava rolando.

- é que... você agora estuda com o pogues. e isso já não é uma das melhores coisas, sabe? o pessoal está começando a comentar, de verdade. até a vazaram o motivo pelo qual você foi expulsa - ela levou as mãos ao rosto. - eu só... quero garantir que a família Carrera seja respeitada.

- ok, - eu estava indignada. - isso significa que eu sou uma vergonha para a família?!

- não! não! - ela falou, rápido. - eu só estou dizendo que não precisamos arrumar mais coisas para as pessoas falarem. que você não precisa ter amigos pogues. nem andar com eles. nem nada. você já passa tempo o suficiente no lado pogue, mais do que necessário.

eu fiquei quieta, fiz uma cara de indignação. engoli todas as coisas que eu queria dizer, respirei fundo. tentando manter a calma.

- você tá dizendo que não quer que eu fique amiga dos pogues?! é isso?!

- sim! exatamente, kiara! viu? estamos nos entendendo. - ela sorriu, se levantando.

- não, não estamos! por deus, a senhora é inacreditável! você esqueceu que o papai é um pogue?! - eu estava tentando não gritar.

- é, mas... ele era. e, bem, isso é diferente. completamente. ele é um em um milhão. agora lá só tem garoto e garota problema! você passa mais tempo do que necessário com essa gentinha, kiara! e não quero saber mais de você indo para lá surfar. principalmente com as grupinho!

- como você ficou sabendo? - perguntei, mas logo complementei:- quer saber, não importa! eu tô começando a abrir meus olhos. estou começando a entender tudo. e eu estou enjoada. enjoada!

sai logo dali, escutando os berros da minha mãe no fundo e os paços dela atrás de mim. bati a porta na cara dela e tranquei com um trinco que eu havia colocado a uns meses atras. ela ficava gritando sobre o orgulho da família, que não era para mim estragar o sobrenome carrera.

eu não fazia ideia de que 'nós' kooks erámos assim.

Se ser kook é isso, eu não quero mais ser uma.

𝐓𝐑𝐔𝐄 𝐋𝐎𝐕𝐄, jiara.Onde histórias criam vida. Descubra agora