Isabella e Giulia Swan não poderiam ser mais diferentes; eram como água e óleo, tanto que quando Bella decidiu ir morar com Charlie para que Renée tivesse mais liberdade com o novo marido, ou boy toy como Giulia gostava de falar, Giulia ficou. Embor...
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GIULIA SWAN JÁ TINHA PENSADO várias vezes sobre a morte, não por ser uma pessoa com tendências suicidas ou algo do tipo, mas por querer viver por muito, muito tempo. Ela amava a sua vida. Amava sua família, mesmo que visse seu querido pai apenas algumas nos Natais e sua irmã tenha partido para morar com ele na pequena Forks; amava sua faculdade e seus amigos, amava ser líder de torcida do Arizona Wildcats, e gostava de seu peguete nas horas vagas, Anthony, o capitão do time de futebol americano da universidade, que teria um futuro brilhante na NFL. Ela amava a si mesma, se sentia muito feliz em seu próprio corpo, e tinha tudo o que podia desejar. Era uma adolescente jovem adulta feliz, e seu futuro já estava planejado em seu planner cor-de-rosa repleto de post-it coloridos.
Depois da faculdade, ela queria se tornar promotora. Com um pai policial, ela crescera com a ideia de que as pessoas tinham que pagar por seus erros perante a sociedade, e ela queria fazer parte disso. Após se formar, ela se casaria com um cara lindo, inteligente e bem sucedido, talvez se conhecessem na faculdade e se apaixonassem perdidamente. Ela teria dois filhos, um casal, de preferência gêmeos. Eles teriam uma casa grande estilo vitoriano, com um belo jardim na frente, um parquinho para seus filhos, e uma área para os churrascos de domingo com os amigos e a família. Até lá Bella teria arrumado um cara — ou garota, com sua irmã ela não sabia — legal e ela viveria por perto.
A longo prazo, se tornaria juíza. Se aposentaria aos 50 anos, para poder viajar com o maridão pelo mundo. Seus filhos iriam fazer uma faculdade Ivy League e a dariam muito orgulho. E aí, quando ela estivesse bem velhinha e com os cabelos todos brancos, ela poderia morrer.
Era a vida perfeita, e Giulia batalhava bastante para que a alcançasse. Suas notas na escola sempre foram excelentes, mesmo que ela fosse o estereótipo de líder de torcida de filmes americanos, e graças a isso, e sua habilidade de encantar a qualquer um, a fez receber várias cartas de aceitação para universidades espalhadas pelo país, embora seu foco fosse a faculdade do Arizona. Ela amava o local, amava o Sol escaldante e o vento quente dos verões, as montanhas ao redor de Phoenix, os bares e restaurantes que visitava todo fim de semana com os amigos, usando uma identidade falsa com o nome de Rita Skeeter que sua amiga Sarah tinha conseguido.
Ela sabia que conseguiria, tinha certeza disso. E as pessoas ao seu redor também, porque não tinha ninguém mais determinado que Giulia Helen Swan.
Dia 18 de maio de 2005, a vida que Giulia planejou caiu por terra. Estava voltando para casa às cinco da manhã, depois de uma festa incrível na Kappa Sigma e de uma boa sessão de sexo com Anthony. O dia não tinha clareado ainda, porém o céu já mudava de cores aos poucos. Sua mente estava longe da realidade enquanto ela encarava o céu e pensava em como as cores eram bonitas e por que elas mudavam mesmo? Já tinha estudado sobre aquilo, porém não se lembrava do motivo. De qualquer forma, o azul meio acinzentado era lindo demais, e ela estava morrendo de sono. Seus olhos pesavam e de vez em quando tropeçava no vazio.
A alguns metros de distância, observando a garota de longos cabelos castanhos com luzes californianas e olhos verdes andando toda guenza e balbuciando qualquer coisa sobre a cor do céu, estava Victoria. A ruiva vinha observando Giulia Swan há meses, sem que a garota sequer se desse conta de que estava sendo stalkeada. Depois de muito tentar pegar a irmã mais nova, Isabella, e não ter conseguido por conta dos malditos lobos da alcateia Quileute, Victoria teve que mudar seu percurso e planos de vingança. Por meses ela só pensou. Ela queria muito que Edward Cullen sentisse na pele o que era perder seu companheiro, e, ao mesmo tempo, queria que a humana sofresse, afinal parte da culpa era dela. Matar Bella teria sido fácil demais; a garota já tinha pensamentos suicidas por conta do abandono de Edward, e o sonho dela era ser transformada em vampira.
Qual era o ponto fraco de Bella Swan, então?
Victoria decidiu voltar a Phoenix e fazer uma visitinha para a família da morena; o pai estava fora de cogitação por conta dos lobos, mas o restante não. A mãe e o padrasto moravam em uma casa pequena em uma região classe média da cidade-deserto. Era um buraco de mal gosto, Victoria pensou quando invadiu a casa e analisou toda a decoração hippie. No entanto, naquele buraco com cheiro de patchouli e molho de tomate velho, Victoria encontrou a resposta para todas as suas perguntas. Com um sorriso felino ela pegou o porta-retratos em que a família estava reunida: a mãe, Renée abraçada as duas filhas, a morena sem sal Bella Swan e uma outra, a irmã mais velha, Giulia. Enquanto Bella era a cara do pai, com exceção do nariz e o formato da boca, Giulia era parecida com Renée, inclusive com os olhos verdes da mãe e o cabelo mais claro que o de Bella.
Era bonita, e conforme Victoria a observava, percebia que ela era interessante, nada como Bella Swan. A garota de dezenove anos fazia Direito, era uma das melhores alunas de sua classe, passava os dias estudando na biblioteca e as noites ensaiando para se apresentar com outras líderes de torcida nos jogos de futebol americano da universidade. Ela era feliz, vivia com um sorriso satisfeito no rosto, saltitando por todo canto que ia. Lembrava Victoria daquela Cullen, a baixinha de cabelos espetados. De vez em quando, via a menina aos amassos com um garoto que seria considerado gato pela população feminina daquela época: cabelos loiros, alto e com um porte forte. Giulia vivia pendurada em cima dele também, a maior parte do tempo sem roupas.
Com esse tempo de observação, Victoria deduziu que Giulia tinha uma vida toda pela frente, cheia de sonhos e desejos típicos para uma menina relativamente fútil de sua idade. Ela tinha tudo: beleza, juventude, inteligência e o cara pelo qual todas as calcinhas caíam. Isso tudo fazia dela a vítima perfeita. Ela iria morrer.
Demorou uma semana para que ela agisse; por mais que nunca fosse admitir, se divertia vendo a humana viver sua vida tão simples. Há muitos, muitos anos, Victoria era assim, uma jovem que só queria aproveitar os momentos que tinha na terra. Agora, ela queria sangue. Pulou da árvore onde estava, caindo bem em frente de Giulia. Demorou alguns segundos para a garota percebê-la, uma vez que estava caindo de bêbada.
— Olá — falou, sorrindo de lado. Giulia a encarou com os olhos verdes confusos.
— Oi?
— Por muito tempo te observei, Giulia Swan. Você tem a vida perfeita, não é mesmo? A faculdade dos sonhos, o homem que deseja, um futuro brilhante pela frente. Aposto que sonha com um casarão e um bando de gosmentinhos correndo ao seu redor, não é mesmo?
Giulia piscou algumas vezes, cambaleando para trás. Tinham três mulheres ruivas a sua frente e ela não sabia para qual olhar.
— Hein? Acho que to doida... Será que Anthony batizou minha bebida? Aquele puto... puto gostoso — começou a rir e passou reto por Victoria, como se ela nem existisse.
A ruiva teve que respirar, desnecessariamente, fundo antes de voltar a falar com ela.
— Você não está doida. Eu sou seu anjo da morte, menina. E vim recolher sua vida — sorriu no final, esperando que a jovem começasse a gritar qualquer coisa e sair correndo, como era comum das pessoas fazerem quando um estranho de para de madrugada.
— Uau... anjos são gatas mesmo — soluçou e balançou a cabeça. Estava muito tonta e começava a se sentir nauseada — Dona anja, me leva pra casa, acho que vou vomitar.
— Tsc — Victoria pegou no braço da garota e saiu a arrastando dali para o meio das árvores que circundavam o campus; Giulia nem se debateu, ela só continuou andando aos tropeços atrás da ruiva.
Quando pararam, Victoria a virou com brusquidão e arreganhou a boca.
— Isso é pela sua irmã sem sal e o namorado virgem dela.
E então a mordeu bem no pescoço. Demorou um minuto para Giulia gritar, o que fez Victoria sorriu satisfeita. Com dificuldade, tirou a boca do pescoço da garota — que cheirava a sexo e bebida de segunda qualidade; seu veneno já fluía nas veias dela, e dali a alguns dias, ela acordaria totalmente diferente.