Sexta-feira, que dia maravilhoso. Mais maravilhoso ainda era o fato de estar de folga amanhã, pois o novo assistente contratado para me ajudar nas tarefas seria testado por senhor Jordan, dono da loja e ótimo chefe nas horas vagas.
Eu estava com uma sonolência absurda, havia passado o dia inteiro mais morta do que viva, e sabia bem o motivo: tinha ficado até tarde conversando com Diego na noite anterior. Falar com ele como se fôssemos bons amigos me deixou surpresa, jamais poderia imaginar que o papo fluiria tão bem entre nós, principalmente porque o sempre tão sério herdeiro dos Fainello parecia ser alguém inacessível, amigavelmente falando. Vê-lo se portar de forma leve para além de sua casca oclusa e postura indiferente foi, realmente, uma surpresa.
A única coisa que não me surpreendia de maneira nenhuma era ter me sentido idiotamente feliz do momento em que fui dormir, até a hora que acordei, e me abominava por isso. Eu abominava esses sentimentos que nunca iam embora por completo.
Nessa estranha equação, Diego era, sem dúvidas, a incógnita da sentença.
Entrei em casa e joguei minha mochila no sofá, rumando em direção ao quarto de minha mãe, cuja cama encontrava-se repleta de roupas cuidadosamente dobradas junto a uma pequena mala já preenchida com alguns de seus pertences.
— Mãe, para que isso tudo?— Vou viajar com a dona Kyara, filha. Sairemos daqui a pouco — respondeu ela, depositando os montinhos de vestes dentro da mala.
Curvei o centro da testa, claramente confusa.
— Como assim? Para onde?
— Ela precisa fazer algumas consultas médicas em outra cidade, irei acompanhá-la. O senhor Henrico viajou hoje à tarde e o Diego viajará amanhã — explicou, concentrada na lista de viagem que tinha em mãos.
Assenti em compreensão, ajudando-a a ajeitar a nécessaire na bolsa.
— Quando vocês voltam?
— Domingo à noite — disse, conferindo seu relógio de pulso e fechando a mala em seguida. — O táxi deve estar próximo. Te ligo assim que chegarmos, tudo bem?
— Tudo bem — concordei, seguindo-a até a porta. Dei-lhe um abraço rápido e sorri enquanto a assistia andar em direção à mansão dos Fainello. — Boa viagem!
Ela levou o indicador à boca, sinalizando silêncio, muito embora risse da minha despedida barulhenta. Sibilei um "desculpe" e entrei em casa, dirigindo-me para o banheiro.
Tomei um banho maravilhoso e preparei um lanche, ansiando pela maratona de séries que me aguardava.
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Estigmatizados
RomanceAlegre e atenciosa, Alyssa fora criada de maneira simples. Vivendo nos fundos da mansão pertencente à influente família Fainello, patrões de sua mãe e donos de um império na área jurídica, ela viu de perto o preconceito social lhe circundar. Sem se...