As pálpebras semicerradas do advogado faziam uma junção perfeita com os fios moderadamente despenteados e a feição questionadora, conjunto típico do feitio comumente escrupuloso digno de alguém que intimida somente com o olhar.Pisquei um tanto quanto atordoada, sendo arremessada de volta ao momento presente ao vislumbrar o homem levantar uma sobrancelha ante o meu silêncio esquisito.
— Oi! Não sabia que tinha mais alguém aqui... desculpe se te assustei. — Falei meio incerta, não conseguindo decifrar as emoções perpassadas através de seu semblante inexpressivo.
Diego maneou a cabeça e mostrou o espaço com as mãos como quem concede passagem a outrem. Os gestos dificultosos e teatrais refletiam o consumo excessivo de destilado, fato fundamentado no recipiente de vidro destituído de líquido em seu interior.
— Fique à vontade.
A figura cambaleante fez menção de dar um passo à frente, contudo, recuou e tornou a encostar-se à sacada, atônito. Permaneci onde estava, incerta sobre o que fazer enquanto o assistia transpassar as mãos no rosto e nos cabelos, certamente buscando a sobriedade que a bebida havia lhe tirado.
— Você está bem? — Indaguei hesitante.
Ele ergueu o olhar e me fitou desnorteado. Os lábios curvaram-se num sorriso enviesado; eu fingi não me incomodar com a insolência advinda do ato.
— Estou ótimo. — Começou, esboçando um riso amargo ao elevar a garrafa na altura de seu rosto e constatar que nada tinha nela, abandonando-a sem pestanejar. — Já estava de saída. — Impulsionou-se para frente e retomou o andar levemente irregular, parecendo mais carrancudo à medida que a iluminação da área incidia sobre a sua fisionomia bonita.
Enviei um comando mental ao meu cérebro para que me fizesse descolar os pés do chão e sair do caminho de Diego, no entanto, o curto circuito interno causador daquele colapso psíquico me impedia de tomar uma atitude coerente.
A robusta estrutura física do advogado entrou completamente no foco da luminária e parou de repente, tal qual um boneco cujas pilhas acabam de forma inesperada. A mão livre alcançou a testa franzida e ali ficou, sinal claro de que ele realmente não se encontrava nem um pouco bem.
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Estigmatizados
RomansaAlegre e atenciosa, Alyssa fora criada de maneira simples. Vivendo nos fundos da mansão pertencente à influente família Fainello, patrões de sua mãe e donos de um império na área jurídica, ela viu de perto o preconceito social lhe circundar. Sem se...