válvula de escape

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Marinette:

Eu tinha apenas vinte minutos até a chamada para o embarque. Minha mala soltava ruídos pelo seu atrito contra o chão brilhante do aeroporto, minha respiração pesada de tanto correr cansava meus ouvidos, e as pessoas que tanto falavam e circulavam tiravam minha orientação. Para meu desprazer meus pais estavam certos quando pediram para que eu chegasse três horas antes do voo. 

Corri por todas as paradas burocráticas, e pouco a pouco eu ia terminando o longo e interminável percurso para chegar até os portões de embarque. A cada pausa eu checava meu celular, com cada vez mais e mais mensagens da Alya, um verdadeiro mix de preocupação e raiva, já que não só ela quanto todas as outras meninas já estavam esperando no portão. Felizmente ao perceberem meu nível de stress alguns funcionários acabaram me ajudando a agilizar o processo com alguns documentos.

Finalmente, na última chamada para o voo eu chegava ao meu destino, suada, cansada e totalmente quebrada, mas com um sorriso no rosto por ter vencido a corrida. Aos poucos Alya e as outras vinham até mim, aliviadas dos pés a cabeça, assim como o funcionário no balcão que provavelmente não aguantava mais esperar. 

A primeira que chegou até mim foi a Alya, de braço abertos e um sorriso convidativo, mas não se enganem, a primeira coisa que ela fez foi me dar um belo tapa na cara.

- Pra quê isso capeta!?? Reclamei enquanto eu passava a mão sobre a marca vermelha. 

- NUNCA MAIS DÁ UMA DESSAS OUVIU MARINETTE!?? Ela continuou me encarando. 

- Calma Alya acho que ela já entendeu. Uma voz bem conhecida soou de trás da Alya tocando seu ombro calmamente. 

Kagami me olhava novamente com seu olhar penetrante, despindo minha alma e me deixando sem jeito. Ela sabia bem como me afetar sem nem mesmo me tocar, e era exatamente disso que eu estava tentando fugir.

- Que bom que conseguiu vir. Ela disse dando um sorriso leve. 

- Pois é, valeu por me esperar. retribuí o sorriso mas cortando o contato visual. 

Kagami estava mais distante comigo hoje, isso era perceptível, mas de algum modo eu conseguia ver em seu olhar que ela queria sim se aproximar. Talvez eu estivesse sendo muito rígida com meu plano. 

- Vamos logo gente, quem morreu no horário do voo a essa hora já tá podre! Alix gritou impaciente atrás de nós. 

E assim fomos. Entramos no avião recebidas com uma chuva de olhares zangados, principalmente daqueles que já esperavam a mais tempo, mas quem podia culpa-los? Passamos das primeiras fileiras com suas grandes poltronas e telas embutidas e logo chegamos na classe econômica, cheia de gente e bebês chorando, graças a deus nossos assentos não ficavam perto das turbinas. 

Juleka e Rose obviamente se sentaram juntas, um pouco mais perto do fundo do avião. Alix se ofereceu para sentar com um estranho, contanto é claro que ela ficasse na janela. Já eu ainda caminhava pelos corredores estreitos em busca do meu lugar, serpenteando por entre cadeiras e mães impacientes com seus filhos no colo. Finalmente fui chegando até o meu assento e, depois de checar ao menos três vezes para ter certeza, não consegui me conformar. De todas as centenas de lugares disponíveis o meu era justo aquele, ao lado da bendita razão para os meus surtos, que por sinal já vinha me olhando faz tempo.

Cumprimentei ela com o olhar e fui até o lugar da Alya com pressa. Como se já não bastasse a minha situação delicada ainda teria que sentar do lado da Kagami?? Não podia deixar isso passar batido. Não deu tempo nem de ela abrir a boca, já vim segurando seu braço até um canto mais afastado, ignorando as pessoas desconfiadas da situação. 

Rosa & Vermelho (Marigami)Onde histórias criam vida. Descubra agora