Five

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Yoongi me içou para dentro do helicóptero e me envolveu em seus braços, eu me derramei nele, deitei para fora chorando copiosamente por tudo que tinha passado nas últimas horas: o perigo, as tensões, brigas e ainda não conseguia acreditar que estava vivo. Tinha escapado tantas vezes da morte certa em curto período de tempo que desconfiava que tinha acabado com todo o meu estoque de sorte. Então chorei por isso tambêm. Chorei por milhares, para não dizer milhões, de vidas que tinham se perdido naquele dia; chorei pelas pessoas inocentes, chorei pelas pessoas no prédio abandonado, pela criança por ter tido que presenciar tudo aquilo, por Yoongi e por mim. Chorei pelo mundo. Me sentia fraco, pesado e incapaz. Queria morrer.

Estávamos jogados no chão da máquina voadora com Yoongi encostando a parede do helicóptero e eu sentado entre suas pernas inclinado na direção dele chorando sobre o seu peito, ele me abraçava forte e acariciava minhas costas me dirigindo palavras de conforto que ajudavam aquilo tudo a descer mais leve.

— Está tudo bem, meu amor, nós ficaremos bem. – Ele me confortava. –Porquê demoraram tanto? – Se dirigiu pra alguêm por trás de mim com alguma aspereza na voz.

— Sinto muito, chefe. – Uma voz grossa respondeu. – Nós somos o segundo pelotão. O primeiro que enviamos na direção que nos deu, não voltou. – Explicou-se. – Tive que vir eu mesmo, senhor. – Acrescentou o estranho. Yoongi nada falou.

Sobrevoamos por cerca de trinta minutos até aterrarmos.  O soldado alto, que percebi ser o que tinha falado no início, se ofereceu para nos ajudar a descer e Yoongi se recusou com gentileza, apenas o ordenou cuidar do menino que tinha voltado a dormir. Era aurora quando descemos do helicóptero e embora a luz fraca do início do dia, pude perceber que estávamos em uma espécie de base naval, um enorme navio de guerra e estávamos no meio do mar. Soldados fortemente armados passavam por nós em grupos, constatei que aquele recinto estava muito movimentado mas não dei muita importância.

— Vocês dois terão que passar na ala médica pra fazer alguns exames pra verificar se estão livres do vírus, mas não se preocupem, não vai demorar e nem doer nada. – O soldado alto falou enquanto nos acompanhava para a tal ala médica, assim como ele, havia mais cinco soldados fortemente armados nos escoltando. Temi que eles não estivessem alí só para nos proteger, mas tambêm nos eliminar se por acaso virássemos aquelas criaturas que deixamos para trás, afinal, nós ainda éramos suspeitos.

— Nós sabemos, Namjoon, não somos crianças. – O meu marido respondeu deixando claro que tambêm percebera a questão dos soldados que nos acompanhavam.

Entramos por uma porta-dupla enorme e descemos nas escadas de ferro, curvamos para um corredor e descemos mais escadas, e mais dois corredores, direita, esquerda, mais um lance de escada e eu ainda estava com a minha cabeça encostada no ombro do Yoongi, as pessoas que passavam por nós nos olhavam admirados e coxichavam entre elas "é o marido dele" eu conseguia ouvir "passaram por tudo aquilo juntos" e eu queria saber quem eram aquelas malditas pessoas. Quando chegamos na ala médica, um lugar totalmente branco com camas hospitalares, eu não consegui me sentir em casa assim como me sentia toda vez que eu entrava em um hospital. Um técnico de saúde retirou-nos sangue e nos pediu que esperássemos pelos resultados dos exames. Sentamos em uma das camas ainda agarrados um no outro.

— Suga! Seu filho de uma mãe! – Um garoto entrou gritando com um sorriso enorme no rosto. – Pensei que tivesse virado um maldito zumbi pra eu poder finalmente estourar os seus miolos de merda! – O garoto falava alto se aproximando de nós, eu estava perplexo. Como ele ousava falar com Yoongi daquela maneira?

— Eu sou bonito demais pra acabar daquela maneira. Ja você, se enturmaria numa boa por lá, seu monte de esterco! – O indivídio que foi insultado caiu na gargalhada e Yoongi o acompanhou. O meu marido estava rindo, abertamente. Eles apertaram amigavelmente a mão um do outro.

The Cure - YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora