The Cure - Yoonmin

Nine

Ignorando a enchurrada de perguntas que o meu cérebro me fazia sobre como ele tinha chegado ali me joguei nos seus braços e ele me retribuiu com um abraço forte enquanto eu chorava. Tivemos o nosso momento alí. O meu melhor amigo e eu. Ele estava vivo e parecia estar bem, lembrei-me que havia se passado trés semanas que eu não o via, Taehyung tinha ido a uma viajem de trabalho para o centro da África, ele queria tirar fotos da natureza daquele continente para exposição que estava preparando. Tae era um profissional dedicado e meu amigo desde os tempos de colegial, eu não tinha como descrever o alívio que estava sentindo  por vé-lo bem.

Yoongi arastou-se até o corpo sem vida do pai e chorou amargamente sobre ele, e eu pude perceber que embora não demonstrando, Yoon amava o pai dele. Olhei pra arma que ainda estava em minhas mãos e o joguei fora repulsivamente, a minha consciência estava voltando e eu podia perceber a gravidade da situação. Tinha matado o meu sogro, embora ele sendo um Contaminado não acreditava se qualquer um em meu lugar faria o mesmo, afinal, era o pai do homem que eu amava, caralho. Aquilo me tornava um pouco desumano, e sem contar que tinha cortado fora o antebraço de Hoseok, estava em dúvida se tivesse tempo de perguntar se ele preferiria a morte ou um braço fora, não tinha certeza se ele escolheria ficar sem um dos braços. Era tarde demais pra pensar naquilo, me ative ao fato de que era a vida dele que  estava em jogo, então... Sacudi a cabeça para afastar aqueles pensamentos deprimentes, eu tinha que cuidar do meu marido.

Me aproximei dele pra compartilhar de sua dor, porém, sem proferir palavra alguma, ele me repeliu se afastando de mim e se encolhendo mais na direção do pai, estava surpreso com aquela reação inesperada e queria insistir, mas Tae falou baixinho para mim.

— Talvez ele queira sentir o luto sozinho, ChimChim. – Eu anui. Até entendia os sentimentos dele mas me desanimava na mesma saber que ele não queria compartilhar aquela dor comigo.

Pouco tempo depois, os soldados foram chegando em busca de sobreviventes. Nos recolheram para exames e quando fomos liberados, Hoseok ainda estava deitado numa cama hospitalar respirando calmamente para a alegria de todos, pedi que dessem acomodações a Tae, o que fizeram, e por fim, levei Yoongi para o quarto dele.

Quando chegamos no quarto, tirei as nossas roupas imundas cheirando a carne podre e nos pus debaixo do choveiro. Yoon não mostrava reação alguma, os seus olhos estavam vagos e distantes, era como se apenas o corpo dele estivesse ali comigo. Ensaboei o corpo dele com a esponja e quando passei na região por detrás do ombro dele a esponja voltou ensopada de sangue. Tomei um susto e verifiquei rapidamente alí e o que vi me deixou fraco: era claramente uma pequena ferida causada por dentes. Yoongi tinha sido mordido. Talvez pelo pai dele.

— Oh não, Yoon, você tambêm não...

 Chorei o abraçando forte. Eu não podia perdé-lo, não daquela maneira. Yoongi ainda estava paralisado e sem reação quando eu o abraçava, percebi então que o vírus estava o destruindo por dentro e que ele se transformaria a qualquer momento, embora aquilo não ser logicamente possível, pois já tinha visto pessoas se transformando em muito menos tempo. Lembrando o que Jungkook tinha me dito sobre alguns organismos serem mais fortes que os outros então cogitei a ideia de que talvez o sistema de defesa do organismo dele fosse mais resistente que os outros, daí a demora, o que era provável, mas isso não mudava nada, só adiava o inevitável. Estava me sentindo amargo e derrotado, o meu instinto de sobrevivência me alertava pra ficar longe dele, pra correr pra qualquer lugar e me defender, mas percebi que o meu subconsciênte já estava preparado pra morrer alí com ele. Eu não o deixaria, cumpriria a promessa que tinha feito a ele no início, de morrer com ele quando falhássemos e o fim finalmente chegasse.