Four

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Os nossos corações batiam forte no peito, os nossos corpos estavam suados, o nosso sangue bombeando em nossos ouvidos. Era adrenalina pura enquanto corríamos por nossas vidas.

Ainda estávamos de mãos dadas e eu não fazia ideia de quanto tempo poderia ter se passado. Única coisa que eu queria era correr, correr e correr para sempre. Queria correr dos mortos-vivos que nos seguiam, queria correr dos  meus problemas, do meu casamento, queria correr do mundo e das pessoas. Queria correr de mim mesmo.

Mas Yoongi abrandou e me fez parar.

— Espere, Jimin.

— Não! Não podemos, temos que sair daqui! – Falei insistindo o puxando para continuar correndo.

— Não adianta. Apenas estamos correndo sem lógica alguma, eles não estão mais nos perseguindo. Vamos aproveitar para descançar e avaliar a nossa situação.

— Descançar e avaliar a situação?! Não há nada para avaliar aqui. Temos que sair daqui o mais rápido possível! –Falei já voltando a correr, porém, Yoongi me parou e olhou bem nos meus olhos.

— Jimin! Se controle, sim? Se queremos sobreviver temos que usar a cabeça e ser estratégicos. Correr agora não vai adiantar nada, além do mais, temos que poupar nossas forças. – com um suspiro, me rendi e me obriguei a parar, Yoongi me puxou para ir com ele. – Vem comigo.

— Para onde vamos? – Questionei o seguindo.

— Preciso de me comunicar. Vi um orelhão há alguns metros daqui.

Anui e fui com ele. Estávamos no que parecia ser uma zona habitável, as ruas estavam silenciosas e não se via nenhum ser vivo ou morto, ou algo entre os dois. O espaço estava abandonado: eram casas vandalizadas, carros virados, lixo nas ruas, alguns imobiliários incendiando fracamente. Tudo estava um desastre. Avistei uma moto de brinquedo jogada no chão e me obriguei a não pensar no que teria acontecido com o dono.
 
Quando chegamos no orelhão, Yoongi puxou o telefone, discou o código e esperou que atendessem, mas não teve nenhuma recepção. Então tentou de novo e de novo e nada de resposta.

— As redes telefónicas estão cortadas. – Contou desistindo e pondo o telefone no lugar. — Por favor, me diga que está com seu celular. – Ele pediu estendendo a mão direita pra mim.

— O quê? Acho que devo ter deixado no carro... – Eu tinha me esquecido completamente da existência do aparelho, mas minhas mãos foram automaticamente para os bolsos de trás das minhas calças jeans. Eu sempre guardava o celular ali. – Oh! Aqui está. – Entreguei-o ao Yoongi com o sorriso no rosto, tinha posto ali sem perceber antes mesmo de aquilo tudo começar, o meu marido recebeu agradecido deixando sair aquele sorriso fofo dele que eu adorava tanto, mas logo depois o semblante dele mudou.

— Hum... Hum... Aigoo! – Reclamou ele olhando para a tela do aparelho.

—  O que foi?

— Hum! – Disse ele me mostrando a tela do celular onde eu o Tae estávamos abraçados e sorrindo para câmera em várias fotos. – Quem é esse filho da...?

— O Tae?

— Quem é Tae? – Ele quase gritou pra mim,  estava com o rosto corado e eu não acreditava naquilo. 

— Está com ciúmes do Taehyung? Ele foi o meu padrinho de casamento, seu retardado!

— Ah..! Então é esse Tae, o seu amigo Tae. – Eu apenas revirei os olhos, ele coçou atrás da orelha demonstrando vergonha. – Vou fazer a ligação usando o satélite. – Se afastou enquanto falava pelo celular.

O meu marido falava baixinho pelo celular, reparei no quão os ombros dele estavam rígidos e na meneira como ele estava concentrado. Quando voltou, me devolveu o aparelho e me disse pra não desligar o GPS que a ajuda estava a caminho e que nós devéssemos esperar. Nos sentamos em um banco ali perto e esperamos.

The Cure - YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora