Cap 2 - Porto

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Porto

Depois de procurar por toda vila os temperos extremamente específicos que sua tia lhe pediu, Catarina voltou para casa um pouco antes do por do sol, o que deixou Magnólia aos nervos pois estava faltando pouco tempo para o jantar e ainda havia milhares de coisas para preparar.
Foram feitos os melhores frangos da granja da família, servidos os melhores vinhos da safra, e uma mesa decorada digna de sua realeza. Catarina considerava um exagero, mas não para sua tia. Afinal, era o padre e sua esposa!

Com tudo pronto e a casa limpa, (muito limpa) as mulheres subiram para se arrumar. Antes de subir, Magnólia a parou.

----- Catarina gostaria de lhe agradecer pela ajuda, por mais que seja sua obrigação. Ademais, também pedir perdão pela rispidez com qual lhe tratei mais cedo. Sabe o quão nervosa estou para que tudo dê certo, quando certas fofocas correm por certas bocas da ilha, não há geração que esqueça.
Ainda mais quando se trata da igreja e sua família.

----- Não se preocupe tia, eu entendo. Na verdade eu queri-

-----Sim?

Passou se pela cabeça da menina pedir para a tia a permissão para ir ao porto, mas se lembrou logo que seria impossível que ela permitisse. Ela estava sendo boa, mas..

----- Não, nada. Esqueça. Vou me aprontar, com licença.

Subiu as escadas como um vulto e adrentou o último quarto.

Não se tinha muita informação sobre o passado exato de Magnólia, mas Catarina sabia que existia um romance trágico, algo que mudou completamente a mulher. Seu pai lhe contava, que ela era muito doce, e considerada muito bonita e prestativa por toda ilha. Mas após esse ocorrido, nunca mais foi a mesma.

Ela nunca tratou a menina mal, mas também nunca houve nenhum tipo de afeto naquela casa. Eram sempre diálogos curtos e práticos, sobre o dia a dia na maioria das vezes.

Uma mulher de estatura baixa, corpo roliço, cabelos negros como a sobrinha, e sempre usando roupas escuras.
Nada tolerável, exigia sempre muita ordem, tudo deveria ser como é. Sem senso de humor, ou...amor. Pelo menos, não que a sobrinha tenha presenciado.

Então, conhecendo bem sua tia, a menina sabia que mesmo que ela tenha mudado seu tom por um momento, não iria passar disso.
Mas a curiosidade de uma jovem pelo mundo nunca deve ser subestimado. Era um evento, uma coisa que ela nunca havia visto, como poderia perder?

Com seu vestido de musseline de cor champanhe, seu cabelo no penteado pompadour, o qual ela odiava, ela desceu as escadas. E encontrou com sua tia e seu vestido cor esmeralda, olhando para a sobrinha com aprovação.

------ Está realmente bela, devo admitir.

----- Obrigada, na verdade eu-

----- Na verdade, deveríamos subir para apertar mais seu espartilho! Ainda consegue falar sem dificuldade. E o cabelo, está com muitos fios rebeldes, e onde esta suas jóias? E suas luvas? Onde já se viu uma moça de família em uma ocasião especial estar sem luvas?

 E o cabelo, está com muitos fios rebeldes, e onde esta suas jóias? E suas luvas? Onde já se viu uma moça de família em uma ocasião especial estar sem luvas?

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Penteado Pompadour de Catarina
*Muito usado no final do século 19 por jovens moças, inspirado pela rainha Vitória.

Roupa de Catarina Burns

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Roupa de Catarina Burns

Antes que ela pudesse colocar mais e mais reclamações, o som da campainha ecoa por toda a casa.
Em questão de segundos a mulher abre a porta e recebe os convidados, de uma forma tão doce e alegre que Catarina chegou a cogitar se aquela era mesmo sua tia.

----- Sejam bem vindos! Entrem por favor! Essa é a minha sobrinha, Catarina Burns.

Senhor e senhora Allan eram um jovem casal recém casado, chegaram na ilha no último inverno. Foram transferidos para a igreja local pois o último padre precisou descansar após anos de serviço. Todos respeitavam eles muito, apesar de haver muitos burburinhos em relação a senhorita Allan, diziam ser muito fútil e as vezes até mesmo vulgar. Mas Catarina não achava isso, muito pelo contrário, achava que ela parecia ser adorável e diferente de todas as outras da ilha, amarguradas e quadradas.

------ Oh sim! Me lembro dela, ela e Julie vivem juntas. Muito prazer, querida.

Como pensado, a simpática mulher cumprimentou Catarina.
Sem mais demoras, o jantar foi servido, mas uma coisa deixou Magnólia envergonhada, a sobremesa! Como poderia esquecer? Era o que o padre mais amava!

------ Padre, peço desculpas ao senhor, me esqueci da sobremesa, mas posso servir a vocês outra coisa.

Ela pediu licença e chamou a sobrinha até a cozinha.

------ Escute, preciso que vá até a despensa e traga as compotas de ameixa seca e morango que fizemos semana passada, junto com o bolo. Mas não vá pela sala, seria falta de educação. Passe pelos fundos, e depressa!

Assim como pedido, ela foi. Mas ao chegar lá fora, como um salto se lembrou do compromisso no porto. Bem... era uma chance... não seria nada demais seria? Apenas alguns minutos..

----- Devo voltar antes que percebam...

Tirou Ben da corda e correu até a vila. A casa dos Burns não ficava muito próxima da vila, a família sempre foi mais reservada. Viviam entre a floresta de pinheiros e o lago de brilhantes. O espelho das fadas.
No máximo 4 ou 5 minutos até lá.

Conforme as cavalgadas de Ben iam aumentando e seu cabelo ao vento, o frio na barriga também subia. Só se tranquilizou assim que viu Julie.

------ Duvidei que viria, mas lembrei que você estava bem curiosa sobre os piratas.

----- Por favor Julie. Vamos, não posso demorar, minha tia não sabe que eu saí.

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