Cap 4 - Holmes

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Ao se aproximar, Swit segurou seu rosto com as mãos. Mãos finas e delicadas. Antes que pudesse acontecer qualquer coisa, Catarina interviu levantando a voz.

----- Espere, espere. Antes, quero que me conte a verdade. Vamos.

----- O que? Do que está falando?

------ Ora, por favor! Eu não sou boba como qualquer um desses barrigudos de meia idade que você convive, "Andrew".

------ Catarina eu ainda não entendi.

------ Não se faça de idiota, eu sei que está fingindo ser o que não é. Seus traços não me enganam, vamos, admita, ou isso acaba aqui.

Nesse momento, Swit começou a gritar, estava claramente enfurecido.

------ Tudo bem, já que insiste, Catarina, eu admito, meu nome não é Andrew.
Enquanto tirava seu chapéu deixando cair aos ombros longos cabelos loiros, que destacavam seu rosto.

----- Meu nome é Alex. Isso mesmo, uma mulher, parabéns Holmes!

Catarina parecia desacreditada, ela estava paralisada, mesmo que já estivesse desconfiada há um tempo, não poderia ainda acreditar.

------ Como você....você me enganou!

----- Não!

------ Não?? Pois é o que parece! Como você pôde? Tudo aquilo que a gente passou... foi uma mentira? Eu estava sendo feita de idiota?

------ Não exagere! O que isso muda?

----- Como....com... como o que muda??? Muda tudo!

----- É mesmo? E por que??

Catarina já havia sacado o que estava acontecendo e nesse momento ela começou a ficar mais fora de si.

------- Não interessa o porquê e não mude de assunto apenas diga! Por que fez isso?

------ Jura? Vai mesmo dizer que não sabe? Em que mundo você vive? Acha mesmo que sendo a última da minha família e mulher eu conseguiria a posição que estou? No máximo a merda de uma servente para aqueles velhos nojentos naquele navio imundo.

------- Então por que não me contou no início?
----- Como eu saberia que você era confiável. Não devemos confiar nem em nos mesmos.

------ Tudo bem mas e depois de tanto tempo juntas? Ainda não era suficiente?

------ Sim, era.

------ E então??

----- Então você talvez não se interessaria por mim da maneira com a qual eu sei que se interessa.

Catarina estava congelada.

------ Como se atreve?

Ela levantou furiosa e correu pela praia. A tentativa de Alex de tentar a alcançar era inútil.
Ser feita de idiota e ainda ter seus sentimentos invadidos, estando ao mesmo tempo tão confusa. Como ela poderia?
Ben cavalgou extremamente rápido por dentro da floresta, o rosto da menina coberto por lágrimas frias e confusão.
A casa de pedra depois do espelho das fadas era a única luz naquela floresta escura.

------ Catarina! Onde estava até uma hora dessas?

Mesmo fragilizada ela devia responder pois sabia que contar com sua tia definitivamente não era uma opção, ainda mais em uma situação como aquela.

------ Com Julie.

Foi a resposta seca e prática que ela conseguiu pensar.
Magnólia não parecia satisfeita.

------ É mesmo??? Pois saiba que Julie acabou de sair dessa casa procurando por você. E na semana passada, quando disse que estava no lago, eu passei lá minutos depois, e não havia ninguém, nunca esteve.

Ela não se mexia,não conseguia sequer falar.

------- Vamos pirralha desembuxe! O que esta acontecendo???

Nada era pior que tudo aquilo. Catarina subiu as escadas como um vulto e bateu as portas, desabando de chorar ao fechar.
Poucos minutos depois Magnólia subiu as escadas e trancou a porta por fora. Alegando que a menina só sairia dali depois que abrisse o bico.

Mas era como nada, porque ela não sairia dali nunca mais mesmo se aquela porta estivesse aberta.
Ela estava extremamente confusa, não sabia o que pensar, o que sentir. Andrew...ou Alex, a fazia muito feliz, e estava com toda certeza..apaixonada.
Quando elas caminhavam pela praia de braços dados, quando caíam na areia de tanto rir, quando dançavam as músicas da ilha cantando e batendo os pés.
Quando ela subiu no barco e controlou o timão com suas mãos entrelaçadas nas dela.
E agora? Quem a fazia ficar nervosa ao seu toque, Alex? Andrew?
Ora, nunca existiu um Andrew. Sempre foi Alex. E como ela mesmo disse, no que isso mudaria?
O que estou dizendo? É claro que mudaria, mudaria tudo, isso não poderia... jamais acontecer.

Foi com esse pensamento que Catarina colocou sua fúria pra fora, jogando os vidros de sua penteadeira no chão, e se arrastando pelo quarto com as mãos na cabeça em completa confusão consigo mesma.
Até que ela adormeceu, no próprio choro.

  No dia seguinte, a porta do quarto estava destrancada. Ela desceu com o rosto vermelho, tanto pelo choro, quanto por ter que encarar sua tia.
Antes que ela pudesse pensar em qualquer coisa, Magnólia começou.

------ Não preciso que me conte nada se assim não desejar. Não vou me intrometer na sua vida,já é moça feita. Apenas quero que seja sincera comigo se algo importante está acontecendo.

------ Não está, não se preocupe. E peço desculpas por ontem.

Sem mais, ela saiu de casa até o jardim. Nunca mais poderia encarar aquele porto novamente.

  Colhendo algumas margaridas do jardim de seu pai e descansando sobre o balanço, perdia sobre os pensamentos. Foi assim que ela passou o por do sol do começo da primavera.

Até que ouve barulhos de cavalgadas e avista de longe uma figura alta vindo na direção da casa. Não poderia ser..

O Porto Ao Por Do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora