Sexta-feira, lua minguante
ASHFIELDAconteceram duas coisas depois que Bentley foi encontrado desacordado na entrada de casa naquela noite. A primeira, um uivo como de um animal feroz e grande foi ouvido por todos os moradores daquela parte da cidade. A segunda, Bentley acordou misteriosamente após ouvir o barulho.
O doutor Drythelm conseguiu fazer a enfusão com as ervas e aparentemente não foi notado ao também pôr a menina para aspirar a fumaça da tramazeira. Tanto Bentley quanto Prim reagiram ao tratamento.
— Senhor Drythelm o que devemos fazer? O menino está machucado!
Ian logo se preocupou. Ele demorou um tempo para assimilar as palavras da mãe da família. Oh, se Ian estivesse certo!
Ele desceu as escadas munido de mais tramazeira. Sabendo dos riscos ou não, aquilo seria o único remédio para Bentley. Ele pediu que os servos saíssem e esperou que todos estivessem fora dos aposentos em que Bentley foi colocado.
Ian não quis admitir mas estava tremendo.
— Preciso que vocês preservem minha vida. Todos vocês.
Ninguém além de Ian entendeu o que ele queria dizer. A família de Bentley estava desesperada, o suor e os batimentos acelerados do coração lhes eram comuns.
O patriarca, o velho Ooryphas levantou de súbito e puxou Ian pelo colarinho da camisa. Além de suja de ervas e suor, agora o tecido estaria esticado demais. Sthel reclamaria com Ian e ele a ouviria satisfeito, se pudesse sair vivo depois de tudo.
— Você parece-me como louco, doutor! — a saliva do velho respingava no rosto de Ian, causando-lhe ainda mais preocupação.
— É uma maldição! — gritou o médico, aquela informação passou por seus lábios e ele não poderia trazer de volta. Ian sentiu alívio ao confessar a verdade. — É uma maldição.
Assumir algo como maldição na altura era como uma marca que caracterizava as bruxas. Fazer aquilo era pôr a própria vida em risco.
O velho Ooryphas e o pai da família deram dois passos para trás. Todos na sala, a não ser Bentley que ainda estava sentado, olhavam Ian embasbacados.
— Todos na cidade comentam sobre uma ruiva, a bruxa que marca as pessoas. — escapou pelos lábios de Áster. Ian voltou seu olhar pra ela. — Os religiosos irão marcar nossa casa, seremos colocados na fogueira.
Se Áster sabia daquilo o bestiário e o livro druida que os bruxos usavam já eram conhecidos na população. Como médico ético, Ian nunca falou nada a ninguém. Mas isso não se estendia aos demais moradores da cidade.
Ian estava nas mãos daquela família. A ruiva era a sua mulher. E ele era o único naquele lugar sabendo da cor do cabelo dela.
O médico então se aproximou de Bentley ainda com o frasco de tramazeira em mãos. O jovem mal reagiu à aproximação do homem. A família dentro do quarto se pôs a se perder nas conversas e conspirações.
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MOON CROSSED
WerewolfPreparado para essa pequena aventura sob a lua cheia? XXXxxxxXXXX LOBOS SÃO SERES MÍTICOS, ACREDITAVAM OS MORADORES DE ASHFIELD, MAS O MÉDICO IAN DRYTHELM SABIA QUE NEM TODOS OS MITOS ESTAVAM DISTANTES DA REALIDADE.