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Sábado, lua crescente
ASHFIELD

Ian e Sthel aproveitaram a noite e a semana. Sim, entre todas as coisas que aconteceram eles se deixaram curtir o momento a sós que tiveram.

Na manhã seguinte, lembrando dos riscos que Moon e Browen poderiam estar correndo, Ian e Sthel decidiram ir juntos à casa da tia Howe.

Apesar de ser taxada de louca, tia Howe era uma mulher fascinada por homens bonitos, e como Ian estava incluso nesse grupo, era fácil para a velha suspirar a cada visita deles.

Mesmo sendo cedo, aquilo queria dizer que eles seriam bem vindos.

O que é acordar cedo se existe um homem bonito diante de si? Era o que a velha pensava.

Os olhos físicos de tia Howe estavam prejudicados por causa da idade, mas os olhos de lobo dela funcionavam perfeitamente. Era assim que ela fingia não se importar com ninguém, mas ainda assim assediar os homens que passavam pela sua calçada.

Ela era uma suposta vítima.

— Tia Howe! — gritou Sthel. As batidas na porta estavam cada vez mais rápidas. Sthel sentia que algo estava diferente. — Ian, tá sentindo isso? É do Moon.

O que Sthel e Ian sentiam era o cheiro do medo. Estava transpirando do menino de três anos.

— Vou arrombar a porta.

Nem meio segundo depois Ian realmente tinha arrombado a porta de madeira. Howe iria querer matá-lo na próxima lua cheia. Mas o casal não estava se importando.

E lá estava o motivo do medo de Moon. O pequeno garoto estava num canto da casa e acuando ele estava a tia Ann, a irmã de Sthel.

— O que você acha que está fazendo?! — Sthel se aproximou, empurrando a irmã e pegou o filho no colo. Ian nem se importou, sabia que poderia ter as atitudes cabíveis depois de achar a filha. Por isso ele rodou toda a casa tentando achá-la — Ann!

Ian ficou apreensivo ao perceber que o cheiro de Browen não passava de um disfarce. Ela não estava em casa.

— Sthel, ela não está aqui!

Moon chorava no colo da mãe. Estava muito assustado ainda, mesmo vendo que os pais haviam chegado para protegê-lo.

— Ela está com a tia Howe. O que você pensa que está fazendo, Sthel?! — Ann tinha o tom de ruivo mais escuro que o da irmã mais nova. Nem parecia que os quase 30 anos de Ann estavam chegando. — Se tornou um lobo?

Certamente tia Howe havia contado. Mas como que a família Howe havia recebido a mensagem tão rápido?

Sthel entregou Moon ao marido e se aproximou da irmã. A calma iria para os ares se ela tivesse tocado em Moon ou em Browen.

— E importa? Eu cheguei sentindo o cheiro de medo do meu filho. — Com um comando absurdo de si mesma, Sthel fez com que seus olhos violetas aparecessem. Ann deu dois passos para trás. Ian queria dar risada mas não o fez porque sabia que Ann havia provocado — Quer que eu realmente te responda?

Sthel era a irmã mais nova e ainda assim causava mais medo do que Ann e Julie juntas.

— Vim por causa disso, Sthel. Sua família corre perigo. E a culpa não é minha se Moon não foi me visitar nesses últimos dois anos.

A única coisa que podia ser feita era recorrer à Alaric e sua alcateia. Moon estava abraçado ao pai, e todos corriam rumo à floresta naquele início de tarde.

Era óbvio que ninguém estaria lá. Mas a casa do lago era o refúgio enquanto a noite não caia.

E eles precisavam de ajuda com aquele caso.

— Alaric!

Ian tinha contado dos casos de morte e desaparecimentos a Sthel na noite passada, que se propôs a não voltar mais até saber se aquilo era verdade. Ninguém sabia que Sthel se tornara uma precursora da verdade e nem Ian saberia até aquele momento.

A mulher ruiva da família Drythelm só confiaria no Alfa depois de ter certeza. E Sthel já tinha entendido que para saber algo precisaria dos olhos violeta.

O poder da ruiva era maior do que ela imaginava.

— Por aqui! — ouviram eles. Eles seguiram aquele rastro e encontraram a grande casa à beira do lago. Não houve formalidades para que eles entrassem. — Olá, Sthel, Ian. E à senhorita.

Ann levantou a ponta dos lábios em reprovação. Para ela o jeito de Alaric não passava de flerte. E Ann fez questão de lembrar que era casada, mesmo ficando embasbacada com a beleza de Alaric.

Ele era um Alfa acima da média.

— Precisamos de ajuda.

— Podem falar.

Alaric se aproximou dos três. Ian colocou Moon sentado no tapete no chão onde seria mais apropriado, já que eles sabiam que Alaric não aceitaria o que eles fariam em seguida.

Ann já estava com os olhos brilhando quando Ian segurou o Alfa por trás. A briga para fazer Alaric parar de resistir acabou quando a garota de cabelos escuros apareceu.

— O que está acontecendo aqui!?

Alaric estendeu a mão para que ela não se aproximasse. Então foi a vez de Sthel fazer seu trabalho.

Ann estava com as unhas encravadas nas veias de Alaric que respirava ofegante.

— Dois passos para trás, Kendra. Eles não vão fazer nada. Somos amigos, não é Ian?

Ian estava revirando os olhos. Aquele último mês Ian teve que aguentar calado. Todas as mortes que acompanhou, e todos os casos de doença que ele precisou administrar antes que as pessoas sumissem.

Era horrível.

E lá estava o suposto culpado daquele problema.

— Alaric, preciso que me diga a verdade. — falou Sthel olhando para o amigo do marido. Ela não queria ser injusta de pôr a culpa naquele homem que conhecia há tanto tempo. — Por favor, fale a verdade.

— Então me pergunte, Sthel. Eu nunca menti para você.

O Alfa estava sendo sincero. Por amar Sthel ele nunca havia mentido para ela. Mesmo não passando de um amigo da família.

— Mostre seus olhos pra mim.

Alaric não entendeu de primeira mas obedeceu Sthel. Os olhos vermelhos dele estavam ali para que ela pudesse analisar.

Os olhos violeta de Sthel foram conjurados. Ela sentiu não apenas a inocência de Alaric mas também o amor que ele sentia por ela há tanto tempo.

Uma lágrima solitária desceu pelo rosto da bela mulher. Sthel viu todas as luas cheias que Alaric passou pensando nela para se controlar. E viu que havia sido ele quem a visitou naquela noite em que ela deu à luz a Browen.

Sthel deu dois passos para trás, então Alaric baixou o olhar. Ele percebeu que Sthel tinha se atentado àquele detalhe.

— Não foi ele, Ian. Podemos confiar no Alaric ainda. — falou a mulher ruiva antes de pegar o filho no chão.

Sthel estava constrangida. Completamente. Ela nunca havia reparado que o amigo era apaixonado por ela.

E que se machucava ainda mais por isso.

— Vai relevar essa atitude, Alaric?

Sthel olhou Kendra da mesma forma que a morena fazia à ruiva. Sthel deu risada.

— Ele vai. O Alfa cuida da sua alcateia, não é? — sussurrou Sthel. — Estão vindo nos caçar, Alaric.

MOON CROSSEDOnde histórias criam vida. Descubra agora