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Sexta-feira, lua minguanteASHFIELD

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Sexta-feira, lua minguante
ASHFIELD

— NÃO! NÃO, NÃO! — Gritava Ian a cada movimento para tentar reanimar a esposa. Ele não aceitaria a morte da companheira, não iria. — STHEL!

Junto à ele, também entre as raízes, estava Browen, chorando sem entender nada do que acontecia. Nos primeiros minutos de sua vida, a pequena menina estava lidando com algo que mudaria todo o seu futuro.

Ian passou a mão pelo rosto tentando assimilar o que poderia fazer. O sangue da mulher estava agora pelo rosto dele também. Morta.

O sangue da esposa morta de Ian.

— ALGUÉM ME AJUDA! — gritou ele por diversas vezes. Parte da consciência de Ian sabia que não havia mais ninguém na floresta, mas isso não o fez parar — ME AJUDA POR FAVOR!

Ian pegou a esposa nos braços mais uma vez e a balançou na esperança de que ela reagisse. O corpo gélido por causa do frio daquele inverno era a única coisa que Ian sentia. As lágrimas do médico secaram.

Mas engana-se quem pensa que ele estava conformado.

Ian assobiou para o border collie que apareceu correndo. Turm latiu para a dona que não o correspondeu e se não fosse por Ian, o cachorro puxaria a barra do vestido dela com os dentes.

— Preciso que cuide delas, Turm. Entendeu? É você quem manda agora. — Ian quase não acreditou que estaria fazendo aquilo. Ele não secou as lágrimas daquela vez — Turm, eu já volto. Não deixe ninguém se aproximar, entendeu?

O cachorro latiu concordando com o dono.

Outra coisa que Ian sabia sobre o mito que acometia as vítimas como o irmão mais velho da família Ooryphas era que aquela mordida era feita por um humano. Um ser humano diferente dos outros.

E apesar de saber dos riscos, ele não iria medir esforços para resgatar a esposa. Por isso conferiu se a filha estava bem aquecida e saiu com a adaga que carregava na maleta.

Ian entrou na floresta disposto a achar um homem e ele estava certo de que acharia.

A chuva tinha parado àquela altura. Os passos do médico estavam tão ágeis quanto seu coração. Ele não tinha sequer reações mais.

— Eu sei que vocês moram na mesma floresta que eu! Preciso de ajuda!

O único som que Ian ouviu foi o da própria voz. A floresta pareceu se calar conforme os passos do homem. Ian conhecia aquela floresta como nenhum outro. Por dias ele mapeou o lugar, marcando diversas árvores com um dos símbolos da rosa dos ventos para evitar que alguém se perdesse.

Porém nos últimos meses, junto com o rumor da doença e dos desaparecimentos se alastrando, Ian percebeu que não era o único a marcar as árvores. Algumas continham arranhões de grandes garras, outras tinham um símbolo celta esculpido.

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