Epílogo

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A cidade não estava completamente escura quando a mulher ruiva surgiu de cavalo. Muitas pessoas celebravam, era festa da colheita e a plantação daquele ano havia rendido muito.

Mas, por causa de Sthel parte daquela alegria foi embora. O cavalo preto de raça foi deixado no estábulo, enquanto diversos curiosos se aproximavam da mulher para ver o que tinha acontecido daquela vez.

Mesmo não morando na cidade, Sthel era conhecida por toda ela. E, diante de uma situação difícil que acontecia naquela noite, foi quase inevitável o surgimento de teorias e especulações contra a mulher.

Membros da Igreja foram chamados às pressas, e seus apoiadores logo tomaram a iniciativa.

— Não deixem ela sair daqui!

Padre Richard chegou pouco depois, vendo que o tratamento dado à Sthel era bom, segundo os olhos dele. Ela estava mais ensanguentada do que antes, quando chegou na cidade com o cavalo.

Ninguém sabia o que tinha acontecido, de quem era o sangue, ou quem o havia tirado. Mas a fama de bruxa daquela mulher era tão grave entre a Igreja, que a decisão do que seria feito já estava tomada.

Dois homens seguravam Sthel, um de cada lado usavam cordas para esticar seus braços. A cabeça pendia para frente, pois a ruiva estava ajoelhada. Não, não era devoção e reconhecimento de seu erro, ela estava cansada, machucada. E tudo o que precisava naquele momento era de unguento e ervas calmantes, não um julgamento da inquisição.

Richard se aproximou dela, tirando as luvas que usava. Seu interesse pelo rosto da mulher era claro, o padre responsável pelos julgamentos tinha acabado de chegar em Ashfield e estaria fazendo seu primeiro trabalho.

— Qual o nome dela?

As muitas vozes dos moradores estavam tirando a concentração de Richard, o suficiente para que ele se aproximasse ainda mais da mulher e de seus opressores para ouvir a resposta.

— Sthel Howe. Ela não é natural daqui, veio com o marido, Ian Drythelm. — falou um dos homens, o da direita. O mesmo que momentos antes da chegada de Richard levantou o rosto da ruiva e a beijou a força. — Dizem que ele é médico mas não acredito. Ela teve ter manipulado a mente dele.

Sthel continuava ali, com a dor latejando em seu coração. Estava ouvindo tudo enquanto não ouvia nada.

Parte da mente da mulher estava no acontecido que a fizera estar ali ajoelhada. O motivo daquele sangue estar colorindo suas roupas e corpo. A morte de quem lhe importava.

— E o que dizes, Sthel? — perguntou padre Richard. Foi ele quem impediu que a multidão a atacasse de repente. O alvoroço formado por causa da pergunta gerou revolta ainda mais acesa. O povo gritava: "Fogueira e morte" — Terei que te queimar como dizem ou irás negar as afirmações que fazem contra você?

E pela primeira vez desde que havia chegado na cidade Sthel ergueu a cabeça e olhou alguém nos olhos. Seus lábios estavam avermelhados ainda, mas não era por causa do beijo do opressor que estava ao seu lado. O sangue estava fervendo dentro dela. A mulher que era constantemente chamada de sóbria e equilibrada estava diferente.

O cabelo ruivo estava arrumado, e parecia brilhar à luz da lua e da fogueira. Os olhos bonitos pareciam vorazes e a pele clara e perfeita dela, mesmo com a vermelhidão das bochechas e lábios foi extremamente hipnotizantes para Richard.

O que Sthel era em físico foi um atrativo para o homem. Ele titubeou.

Os olhos dela haviam ficado violeta.

— Podemos ser queimados juntos — sussurrou ela. O suficiente para que apenas Richard, que estava perto dela, ouvisse. — mostre sua forma pra eles.

Richard sabia que um lobo homicida não tinha olhos puros como aquele. Por isso, e por ter gostado da audácia de Sthel que ele sorriu.

— Soltem ela.

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