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Domingo, lua minguante
ASHFIELD

Kendra foi quem selou a paz entre os novos lobos da alcateia e os antigos, pois vendo que as coisas na entrada da floresta não estavam boas, se dispôs a pegar Browen com Ian e a manter em segurança até que tudo estivesse resolvido.

Howe ainda desacordada, impedia que Sthel fosse para perto da mãe. Ian garantiu que mais lobos estivessem cercando a casa, então ele mesmo se aproximou do Alfa e da esposa, e encarou a sogra sem deixar os olhos dela o amedrontarem.

— O que faz aqui, Susan?

Pelo jeito que Ian falou com ela Susan sabia que não tinha feito a melhor entrada. Ela percebeu que a forma como chegou fez com que ela fosse vista como culpada do ataque que a alcateia tinha sofrido. Por isso levantou as mãos limpas.

— Sintam o meu cheiro. Não carrego sangue dos seus lobos nem da Howe.

Alaric se aproximou o suficiente para intimidar Susan. Sthel que ainda verificava se a tia estava bem, cochichou algo que apenas eles entenderiam:

— Ela falou a verdade.

Ian se aproximou da tia Howe e verificou o pulso dela. Estava batendo fraco, mas ainda correspondia.

— Se não foi você quem a atacou, por que está aqui? — perguntou Alaric. O Alfa sentia que havia algo de errado ainda.

— Pela minha filha. Pelo meu genro e pelos meus netos.

Sthel ergueu o olhar para mãe e sorriu. A ruiva ficou orgulhosa de saber que a mãe ainda tinha consideração pela família.

Depois de tudo que tinha acontecido.

A história que fazia Sthel não ter contato com a mãe era longa. O suficiente para que outros livros fossem escritos. Mas ela preferiu não se importar com os erros que já tinham sido cometidos.

— Por que a Howe não se cura? — perguntou Ian temendo pela vida da senhora. O médico não queria que mais uma vida fosse perdida naquela cidade. Ele não queria antes de se tornar um lobo, muito menos depois de descobrir que era a sua espécie quem provocava aquilo. — Sabe de alguma coisa, Susan?

A sogra de Ian, uma mulher ruiva fascinante, sentou no chão, perto da tia e a pôs de lado, deixando o ferimento visível para Ian.

— Acônito.

Eles responderam em uníssono.

— Bentley tem as mesmas marcas, Sthel. — sussurrou Ian. Não demorou muito para que a ruiva entrelaçasse sua mão na do marido. Ela podia sentir a angústia que ele sentia.

— Estão matando os lobos da alcateia de vocês? — perguntou a mãe de Sthel. A também mulher ruiva descansou as mãos na cintura, deixando que seus olhos voltassem ao normal. — Entendi o que eles querem com o Nemetom.

Alaric rosnou pra ela. Susan deu risada, tão irônica quanto Ann. Alguns traços das personalidades delas eram derivadas de Susan, isso qualquer um podia ver.

O Alfa não estava aceitando a intromissão das outras Howes.

— Estão querendo que vocês se unam à alcateia deles, Sthel. E estão selecionando os fracos. Bentley e Regina estão na lista de ômegas.

Apesar de não entender muito, por causa da explicação de Alaric momentos atrás, Sthel entendeu o que significava.

— Eles decidem quem serve ou não? Desde quando tia Howe é fraca? Eles já viram o que ela como cega consegue fazer? E o Bentley? Ele é apenas um jovem e um lobo imaturo!

Os olhos violeta de Sthel apareceram, fazendo até a mãe dela recuar ao vê-los.

— O-o que você pretende fazer, Sthel?— perguntou ela. Apesar de nunca ter tido contato com um protetor antes, Susan sabia que o motivo daquela caça se dava porque a alcateia de Alaric tinha alguém diferente. E se a filha estava irritada por causa daquilo queria dizer que a filha era realmente parte de uma lenda.

— Mãe? — Perguntou Sthel com os olhos fitos na progenitora. — O que a senhora está escondendo de mim?

Susan quase engasgou com a própria saliva. Ian arqueou as sobrancelhas e deu risada, Alaric também.

Ambos sabiam de tais habilidades de Sthel. Mas todos estavam surpresos ao vê-la usando daquela maneira.

— Você realmente é uma protetora! O bestiário diz que às vezes acontecia de famílias especiais serem geradas. Nessas famílias um Alfa nascia. E uma protetora era gerada. Esses são vocês.

Ian quis dizer que ele não era o Alfa mas depois de entender que fazer parte de uma alcateia significava confiar no seu líder, ele se convenceu de que Sthel, Moon, Browen e ele não eram parte da alcateia de Alaric.

Era só questão de tempo para que Ian assumisse para si mesmo. E sua sogra o havia feito reconhecer.

— Precisamos entrar e tratar desses lobos doentes.

E assim passou a noite. Ian rasgou ainda mais os ferimentos de Howe e Bentley, fazendo com que o veneno saísse de suas correntes sanguíneas. Alaric tentava se manter em paz, ele não estava inquieto por saber que Sthel não pertencia a ele, pois disso ele já sabia, mas sua preocupação era por sua amada estar correndo risco.

E Sthel, ajudando Ian ao canalizar a dor, não parava de pensar nas coisas que só faziam sentido em sua mente como protetora. A ruiva ainda aprenderia tudo o que sua transformação a havia proporcionado.

Quando a madrugada pareceu mais tranquila, depois que os batimentos cardíacos de Bentley e Regina se estabilizaram, todos se juntaram na sala, como uma só família para conversar numa possível estratégia para manter todos vivos.

— Fico feliz por estar aqui, mãe. — falou Sthel sorrindo. Ela ainda estava tranquila, vendo todos ao seu redor vivos, mesmo depois do susto que lhes ocorerra. — Fico feliz por ver todos vocês bem.

Os dois apaixonados por Sthel estavam felizes por estarem com ela, também. Apesar de Ian ser o único a poder desfrutar do amor da ruiva.

— Quem é o Alfa dessa alcateia? — perguntou Susan, ignorando o cheiro de tramazeira que cercava a casa. Ela era a única que não estava acostumada. Isso por alguns segundos lhe pareceu um boa ideia.

Alaric ergueu a mão.

— Sugiro que você ore à Deus antes do próximo anoitecer. Peça que Ele te mantenha vivo quando Moon Crossed acontecer.

— O que é Moon Crossed?

A pergunta de Ann estava prestes a ser respondida. A velha Howe se pôs de pé, pois se sentiu bem o suficiente para alertar do mal que estava pra chegar.

— É a caçada dos Supremos! — respondeu a velha antes que uma explosão acontecesse.

MOON CROSSEDOnde histórias criam vida. Descubra agora