Eclipse To The Heart

Capítulo 16

APRIL ON

alguns minutos antes

 Jackson andava de um lado para o outro esperando o resultado sair. Eu não estava nervosa, mas ele estava me deixando assim. 

- Para de andar de um lado pro outro. Está me deixando ansiosa. - reclamo, mas ele não para

- Não consigo. Preciso fazer alguma coisa. E se ela realmente estiver grávida de um filho meu?

- Então não vai mudar nada, Jackson. - falo, tentando acalmar ele - Você já achava isso antes. Isso é só uma confirmação.

- Mas eu quero ter um filho. Eu sou uma pessoa ruim por querer que aquele filho não seja meu apesar de eu querer ter um? - ele me olha, esperando uma resposta

- Você não é uma pessoa ruim. 

- Sou sim. Eu não quero que aquele filho seja meu, mas caso for, ele vai se sentir indesejado no futuro, porque eu não queria ele. Mas eu quero. - ele passa a mão na cabeça, fechando os olhos - Isso é tão confuso.

- Jackson...

- Não quero que ele se sinta indesejado. Não quero que ele cresça com um pai igual o meu. - ele continua de olho fechado, como se tivesse falando consigo mesmo, e não comigo. Antes de pensar direito, me aproximo dele e pego o rosto dele com as mãos 

- Jackson, olha pra mim. - ele abre os olhos e me encara - Você não vai ser igual seu pai, ok? Seu pai te abandonou. Você não vai fazer isso. Você não é igual a ele. E eu tenho certeza que se aquele filho for seu, a última coisa que ele vai pensar é que é indesejado, porque ele vai ter o melhor pai do mundo.

- Por que você sempre sabe o que dizer? - ele sussurra, ainda me encarando

- É um dom natural. - dou de ombros e me afasto no momento em que o médico volta com o resultado

 Jackson parece congelar vendo o papel, fazendo com que o médico fique irritado, então pego o papel da mão dele. Jackson não fala nada. Pego o braço dele e puxo ele gentilmente para um quarto de descanso. Ele continua em silêncio.

- Vai abrir agora? - pergunto, e ele continua encarando o papel na minha mão

- Eu estava tão ansioso pro resultado sair, e agora que ele está aqui, eu não consigo abrir. Não tenho coragem. - ele respira fundo e me encara - Abre pra mim.

- Por que eu?

- Porque você é a única pessoa que eu confio o suficiente pra isso. E a única pessoa com quem eu quero ver esse resultado.

 Engulo em seco, sentindo o nervosismo passar por mim de novo. Abro o envelope com cuidado, como se ele fosse explodir na minha mão se eu fizesse um movimento errado. Não tenho pressa, e Jackson também não me apressa. Finalmente, tiro o papel de dentro do envelope. Abro o papel dobrado. Respiro fundo antes de ler.

 Sim, Madelaine estava grávida de 3 meses. Mas o DNA dos dois... Não combina. O bebê não era dele.

JACKSON ON

 Eu estava sentindo duas coisas nesse momento. Estava nervoso. Eu já sabia que o caráter da Madelaine não era um dos melhores, e que ela facilmente poderia manipular alguém, como fez comigo por tanto tempo, mas como ela conseguiu mentir que o bebê era meu? Sabendo do meu sonho de ter uma família, um mini Avery correndo pela casa. Como ela conseguiu?

 E a outra coisa que eu estava sentindo era alívio. Que o bebê não era meu. Sim, meu sonho era criar uma família. Mas não com ela. Qualquer bebê que nascesse com o caráter dela, ia ser um terror. Eu não queria ter nenhum tipo de ligação com aquela mulher. 

 Então não estava pensando direito quando achei a ruiva na recepção e puxei ela pra fora do hospital. Puxei gentilmente, claro, mas ela deu um grito como se eu tivesse arrancado o braço dela fora. 

- Como você pôde fazer isso? - pergunto, tentando manter a calma

- O que está falando meu amor? - ela pergunta, com a voz doce, tentando se aproximar de mim. Eu me afasto.

- Não me chama assim. Eu já sei, Madelaine. Já sei que o bebê não é meu. - ela abre a boca em choque, colocando a mão na barriga

- Não fala assim, amor. Ele consegue escutar.

- Para de me chamar assim. - coloco a mão na cabeça de novo. Era isso que ela sempre fazia. Tentava me manipular com todas as coisas possíveis. Bebês não conseguiam escutar.  Conseguiam?

- Amor, são suas amigas. Suas amigas estão fazendo sua cabeça contra mim. Contra a gente, sua família. - ela passa a mão na barriga de novo - Não deixe elas fazerem isso.

- É você que está me levando pra longe delas. A gente não é uma família, Madelaine. Você não é minha namorada, e esse bebê não é meu. A gente nem se encontrou 3 meses atrás.

- Como não, Jackson? - ela quase grita, e eu tento não perceber que ela me chamou de Jackson. Ela só faz isso quando está nervosa - Eu fui ao evento da sua família. Eu te encontrei lá e nós tivemos uma boa noite de amor. Não lembra disso?

- Para com isso, Madelaine. Você não pode tentar confundir minha cabeça assim. Você não foi no evento Avery. A gente não se encontou 3 meses atrás. - sinto algumas pessoas atrás de mim, e me viro, sentindo um alívio ao ver April, com Alex e a residente Jo Wilson ao seu lado 

- É ela, não é? - Madelaine diz, e eu volto a atenção para ela. Seu rosto estava com puro ódio, e sua voz não parecia nada gentil como estava a um segundo atrás - Ela que está te virando contra mim.

- Não é assim, Madelaine.

- É sim. Você não consegue esconder seu gosto por ruivas, Jackson. - ela começa a andar pra trás no meio da rua - Quem sabe um dia você faz a mesma coisa que fez comigo, com ela. Mete um filho dentro dela e fala que não é seu. É assim que você faz, não é? Não liga para os seus filhos. Você odeia tanto o seu pai, que virou ele.

 Ela se afasta dramaticamente, e eu congelo no lugar por conta das palavras dela. Eu não estava fazendo isso... estava? O filho não era meu. O exame disse isso. Mas talvez... talvez o exame estava errado. E talvez eu estava com um problema de memória e não lembrava da Madelaine no evento Avery aquele mês. 

 Estava tão perdido em meus pensamentos, que nem percebi quando todo mundo começou a gritar com a Madelaine, no momento em que um carro passa e atropela a ruiva no meio da rua.