Capitulo 10

758 33 7
                                    

Jackson On

Horas antes:
  Estava atoa na sala de atendentes, esperando dar a hora do jantar. Admito que também estava esperando a April me ligar, mas acho que ela estava ocupada demais para pensar nisso.
  A noite passada tinha sido ótima. Doeu o coração ter saído daquele jeito, de que ela ia achar que era só uma transa, e eu era aqueles caras que ia embora de manhã só para não ter que lidar com as consequências no dia seguinte. Mas o jeito angelical que ela dormia, me fez não acordá-la. Por isso fiz um café e deixei um bilhete, mesmo que não fosse o suficiente.
  Ouvi me chamarem na recepção, então fui até lá. Poderia ser o familiar de algum paciente, então fui meio apressado. Parei no meio do caminho quando vi quem era.
  Uma menina de cabelo ruivo e grande, olhos escuros, e lábios grossos que se formaram em um sorriso quando me viu. Veio correndo me abraçar.
  -Oi! Quanto tempo, amor! -disse ela, me apertando. Não consegui retribuir o abraço.
  Era Madelaine Petsch, uma namorada que tive no tempo de Mercy West. Ela era uma paciente que sofreu queimaduras no rosto, e fiquei cuidando dela por um ano. Nas horas livres, dávamos uma rapidinha no quarto de descanso. Ela era uma menina linda e carismática, então, quando começou a falar por ai que éramos namorados, não consegui negar. Quando fui falar com ela, terminou em transa. Ela realmente conseguia tudo o que queria. Especialmente eu. Quando saí do Mercy West, terminei com ela por mensagem. Sim, por mensagem. Não conseguiria fazer isso pessoalmente, porque sabia que ela ia me manipular, exatamente do jeitinho que ela sabe fazer.
  -Ai credo, não sabe abraçar mais não? Logo eu, o amor da sua vida, e o seu bebê?
  -Muito engraçado Mad, mas você não é o amor da minha vida, e muito menos um bebê. Você é uma menina adulta que sabe ler uma mensagem que dizia "terminamos" no final.
  -Ah, bobinho... -ela diz, passando a lingua por cima de seus lábios -Não estou falando que eu sou o bebê... Estou falando desse bebê -ela passa a mão levemente por sua barriga. -Estou falando do nosso bebê. Eu estou grávida, Jackie.
  Eu realmente não sei qual foi minha reação depois de ouvir aquilo. Foi um choque. Mas tenho quase certeza que ela pensou que eu estava feliz. Porque ela me abraçou mais forte do que da outra vez. Queria ter um bebê? Com certeza. Com ela? Absolutamente não. Eu gostava da April. Eu queria a April. Mas não iria ser um daqueles caras que abandonava o filho. Não podia.
  -Talvez você pode... Contar para todo mundo, no jantar de hoje. Você vai me levar, certo? -ela diz, sorrindo. Ela parecia super feliz. Ela nunca queria um bebê. Não teria como aquele filho ser meu, sempre usamos proteção. Como ela sabia sobre o jantar?
  Olhei a hora. Estava na hora do jantar. Não sabia o que fazer. Eu faltava? Não. Tinha que dar uma explicação pra April. Puxei a Madelaine pra fora do hospital e entramos no carro, em direção a casa da Meredith.

Agora:

  Não imaginei que seria assim que April ia descobrir sobre a Mad. Ela se apresentou como minha namorada. Não sabia o que a April estava sentindo naquela hora, mas tudo o que conseguia ver em seus olhos era decepção. Ela nem olhou para minha cara. Ela só saiu andando. Fui atrás dela, mas o Alex me impediu.
  -Não. A sala é por ali -disse ele, apontando para o lado oposto da onde a April estava indo. Vi George indo atrás dela. O olhar de Alex estava pegando fogo. Tinha certeza que, se eu tentasse ir atrás da April, ele iria me matar. Fui pra sala, ignorando totalmente o fato de Madelaine estar parada na porta. Vi Alex acompanhá-la para dentro, educadamente.
  Lexie veio falar comigo, mas não tinha muita certeza do que ela estava falando. Acho que era sobre o homem que ela está vendo agora. Minha mente estava em outro lugar. Não conseguia ouvir sobre a vida amorosa de Lexie agora.

George On
  Depois de ir atrás da April, encontrei-a no banheiro, mas a porta estava fechada. Tinha quase certeza que estava chorando. Encostei na porta e sentei no chão.
  -April? Está tudo bem?
  -Não... Não está nada bem.
  -Fala comigo... O que aconteceu?
  -Eu transei com ele ontem, e depois ele foi embora de manhã, ai agora ele aparece com essa tal namorada de que nunca ouvi falar. E...
  Parei de escutar, porque já estava no meio do caminho para descer as escadas. Quando ouvi "essa tal namorada", levantei rapidamente. Eu avisei. Eu falei para não machucar a April. E foi isso o que ele fez. Cheguei na sala e ele estava em pé, provavelmente indo ao encontro de April, mas não deixei.
  Parti pra cima dele, dando um soco em seu rosto, e outro, e mais outro. Derek me tirou de cima do Jackson, logo depois de ter dado mais um soco. Ele ficou me segurando, porque sabia que, se ele me soltasse, eu iria partir pra cima do homem machucado em minha frente.
  -Eu avisei... -disse, ofegante. -Eu avisei para não machucá-la.
  Logo depois de dizer isso, ele saiu correndo e subiu as escadas. Derek ainda não me soltou, mas Alex e Mark subiram as escadas atrás dele. Ele não ia falar com a April.

April On
  Parei de falar quando percebi que George não estava mais lá, que ele tinha saído. Merda. Eu tinha contado pra ele, e provavelmente ele foi tirar satisfações. Eu precisava ir lá. Mesmo que isso significava que tinha que ver o Jackson. Eu precisava ir lá.
  Levantei e lavei meu rosto, para ver se minha expressão de choro saía, mas foi uma coisa inútil. Eu estava toda vermelha, sinais de que tinha chorado. Mas saí mesmo assim.
  Abri a porta e comecei a andar devagar, até que dou de cara com o Jackson. Ele estava ofegante, como se tivesse corrido.
  -April, por favor, me deixa explicar, por favor. -olhei para trás e vi Alex e Mark, furiosos. Puxei o Jackson pra dentro do banheiro sem pensar, por impulso. Tranquei a porta e olhei pra ele. Congelei. Por que fiz aquilo? Tudo o que queria fazer era jogar ele nas garras de Alex e Mark. Mas não podia. Alguma hora eu tinha que encará-lo
  -Pode falar... -disse cruzando os braços, ficando na defensiva.
  -É que... -ele respira fundo -Eu não sou aquele cara que deixa a mulher depois da noite, e que arruma uma namorada logo depois. Ela não é minha namorada, April.
  -Sério? Não foi isso que ela disse...
  -Ela era uma paciente -disse ele, encostando na pia -Sofreu queimaduras no rosto, e estava tratando dela. Até que começamos a transar. Ai ela foi falando pra todo mundo que eu era namorado dela... Ai hoje... -ele respirou fundo, como se dizer aquilo fosse dificil -Ela chegou no hospital, dizendo que estava grávida.
  Tudo o que saiu da boca dele depois, não consegui ouvir. Tinha um zumbido em meu ouvido, como se ouvir a palavra grávida me deixasse surda. Olhei para ele e parecia arrependido. Mas, quando ele olhou para mim, ficou preocupado. Acho que eu estava chorando.
  -April, me desculpa, mesmo, por favor. Eu juro que eu não fiz de propósito. Eu gosto muito de você, mas...
  -Eu sei. -disse, aos prantos -Eu sei. Você tem que ficar com ela, vocês vão ter um filho. Não quero ser a madrasta má, e tudo mais.
  -Você nunca seria uma madrasta... E principalmente má. Eu não quero ter um filho com ela... Eu te... -ele respira fundo novamente - Vou fazer o ultrassom e um teste, para ver se é meu filho mesmo. Sinto que preciso fazer isso.
  Minha cabeça estava a mil agora, mas tudo o que consegui pegar, foi a ideia de beijá-lo. E foi o que fiz. Se for pra ser assim, se for nosso último beijo, que fosse. Eu acreditava nele, mesmo que a história quebrasse meu coração. A culpa não era dele. A culpa era minha. Não devia ter ficado com ele, sem nem saber sobre seu passado. Eu não era assim. Afastei nossos lábios cuidadosamente, como se aquele beijo tivesse sido um ouro. Foi um beijo calmo e molhado, por causa das nossas lágrimas. Mas foi um beijo cheio de paixão, de saudade, de tristeza. Eu não queria ir embora. Por mim, eu beijava aqueles lábios todos os dias, de manhã, de tarde, de noite. Eu só queria isso. Mas não podia. Não podia fazer isso com seu bebê. Ele tinha que ficar com aquela mulher, querendo ou não.
  Talvez aquele teste não tenha mesmo sido verdade. Talvez eu não sou destinada a ficar com um Jackson Avery.

Eclipse To The HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora