Capitulo 11

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April On
  Depois de tudo o que aconteceu, não tive vontade nenhuma de ir trabalhar no outro dia. Me tranquei no quarto, ignorando completamente o tanto de pessoas e a conversa alta rolando la embaixo. Não queria ver ninguém, queria ficar sozinha.

  Muitas pessoas vieram falar comigo, conseguia sentir que eu e o Jackson eramos o assunto do jantar. Mas desistiram logo depois. Provavelmente o Jackson já tinha ido embora, mas conseguia ouvir uma voz desconhecida, e esperava do fundo do meu coração que não fosse a tal "namorada" do Jackson.

  Levantei da cama meio zonza, olhando a hora. Merda. Estava atrasada. Acho que dormi muito tarde ontem, e todo mundo que mora nessa casa não se teve o trabalho de me acordar. Não tomei banho, vesti qualquer roupa e fui de chinelo mesmo. Hoje estava com os internos Charles Percy e Reed Adamson. Eles eram os mais inteligentes, e os mais velhos, como se estivessem começado a residência mais tarde.

  Entrei no hospital e todo mundo ficou me olhando. Parecia uma louca assim mesmo? Cheguei na sala de atendentes e vi Percy e Reed sentados no chão perto da sala, dormindo. Entrei e troquei de roupa rapidamente, calçando um tênis que tinha de sobra no meu armário.

  -Grandes traumas chegando, acordem! -disse gritando, e soltei um leve riso quando eles pularam do chão, ainda sonolentos. Isso me fez lembrar da minha péssima residência.

  -Desculpe, dra. Kepner... É que... Acabamos de sair de um plantão, ai nos colocaram no seu turno...

  -Vocês vão ficar comigo meu turno inteiro? -disse espantada. Tinham acabado de sair de plantão e já iam entrar em outro. Estava de plantão hoje, infelizmente. Mas fui eu que pedi, na verdade. Não queria dormir em casa hoje, não hoje. Sentir o cheiro do Jackson em meus lençóis, e ainda ouvir, a noite inteira, meus amigos me chamando. Dormir em um colchão desconfortável, em um hospital frio, era muito melhor.

  Depois que eles concordaram, comecei a passar nos quartos do paciente. Eram muitos, então pedi um outro interno. Stephanie Edwards. Outra que era muito inteligente e esperta, aproveitava suas oportunidades. E, para ela, era uma oportunidade trabalhar comigo. Já estive nesse lugar, onde trabalhar com um atendente famoso, era excitante. Não que eu seja famosa, mas era muito conhecida como a deusa do trauma, que possui agilidade, esperteza e muito conhecimento para o seu cargo.

  Eu, particularmente, não gostava. Não gostava de muita atenção, sempre fui uma menina discreta, que não chamava muita atenção, e tudo mais. Como meu pai sempre dizia, o meu momento de brilhar ainda ia chegar. E chegou. Mas não sabia que seria desse jeito.

  Agora, eu não era só conhecida como a deusa do trauma, mas sim também de outro nome que não sei qual é. Só sei que cochicham sobre mim pelas minhas costas, achando que não escuto. O bom de ser discreta, é que eu tinha olhos em tudo. Sabia de tudo, ouvia tudo e ninguém nem percebia. Agora é ao contrário. Sempre senti dó das pessoas que eram o assunto, e agora eu sou.

  Chegou um paciente que me intrigou pessoalmente. Era uma adolescente, com uma tatuagem no braço. Dizia "Always". Dizem que tatuagem tem que ter um significado, mas não achava que aquela tinha. Acho que era só uma tatuagem aleatória. Ouvi atentamente o paramédico apresentando:

  -Adolescente, 16 anos, foram atropelados...

  -Foram? -não deixei ele terminar de falar.

  -Sim, tinha mais um adolescente com ela.

  Coloquei a paciente na sala de trauma 1. Olhei a ficha dela.

  -Então... Blair? Certo? Não se preocupe Blair, vou cuidar muito bem de você.

  Falando isso, me lembrou o caso do homem que prometi que ia ficar vivo. Fazia dias, e ainda não fui visitá-lo. Depois desse paciente, eu com certeza iria para lá.

Eclipse To The HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora