Capitulo 4

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April On
  Meia hora. Só meia hora. Eu tive um namorado por meia hora. Agora estava sentada no meio fio de uma rua em frente ao hospital, sem pensar em nada, só ali, existindo. Ignorava qualquer pessoa que vinha ali falar comigo, mas só teve uma que eu deixei ficar, só uma que não falou nada, só ficou ali. Era o George.
 
Horas antes:
  Estava comendo na lanchonete depois de tudo o que aconteceu, quando Mark chegou irritado, e com a Lexie atrás com cara de culpada.
  -Por que? Só faz meia hora, April. E fico sabendo que você anda abraçando outros atendentes por ai? -disse ele, literalmente gritando. Fiquei super constrangida, porque todo mundo olhava para mim.
  -Do que está falando Mark? -disse baixo e levantei, ficando na frente dele
  -Essa pessoa aqui, que eu ainda não sei o nome, me contou que alguma coisa aconteceu entre você e o Dr. Avery ontem. Isso é verdade?
  -Nada... Nada aconteceu entre mim e o Jackson, Mark, eu juro. -mas como ele sabia daquilo? Olhei pra Lexie e ela falou "desculpa" bem baixinho, olhando para mim. Olhei para o Mark de novo e vi que ele não estava acreditando em mim.
  -Ah, agora é Jackson, não é Dr. Jackson ou Dr. Avery. Nada aconteceu ne? Então o que aconteceu?
  Como eu vou te explicar uma coisa que nem eu sei explicar nem pra mim mesma? Não faz isso comigo Mark, por favor não faz.
  Qual era o jeito de me livrar disso? Não contando? Mas como vou continuar com o namoro? Ah não ser que... Não. Não vou terminar com o Mark. Mas como eu explico pra ele?
  Antes mesmo da minha roda gigante de pensamentos parar de rodar, me pego tirando o anel que só estava ali por meia hora e colocando na mão dele.
  -Desculpa Mark... Me desculpa mesmo. Nada aconteceu entre mim e o Jackson, se você não quiser acreditar, tudo bem. Mas eu não consigo explicar o que aconteceu, juro que quando eu conseguir eu te falo, mas... Não acho que nosso relacionamento vai sobreviver se eu não contar. Então me desculpa. Espero que você seja feliz, e que não me odeie depois disso. Eu... -eu realmente não consegui dizer mais nada. Estava chorando tanto que minhas palavras não saíam, e duvido muito que ele tenha escutado as últimas.
  Saí correndo daquele refeitório, ignorando todo mundo que queria me parar. Só queria ficar sozinha.

Agora:
  E aqui estou. Sentada no meio fio, com George ao meu lado, já faz uma hora, talvez mais.
  -Eu juro que não aconteceu nada, George... -disse baixinho, depois de muito tempo sem falar
  -Eu sei... Eu acredito em você April, todos nós acreditamos. Só não sei porque você expulsou todo mundo daqui.
  -Porque todo mundo veio pra falar alguma coisa, e eu não queria falar. Mas você veio e não falou nada, então obrigada.
  -Por nada... Você sabe que sempre estarei com você...
  -Sim, eu sei...
  Encostei minha cabeça no ombro dele, não planejava sair dali tão cedo.

Jackson On
  Tinha acabado de sair de uma cirurgia de sete horas, estava morto. Quando saí da cirurgia, só queria sossego. Mas é o que eu menos tive.
  Todo mundo olhando torto para mim, como estivesse cometido um crime. Entrei na sala de atendentes. Arizona, Callie e Meredith estavam conversando com o Mark. Aparentemente, estavam o consolando. Prestei atenção na conversa deles.
  Estavam falando sobre o coração dele, que ele vai encontrar alguém e ser feliz um dia. Por que estão dizendo isso? Ele já encontrou, e é a April. Por que tanta cerimônia?
  Continuaram falando, provavelmente nem percebendo que eu estava na porta.
  -O que quer que tenha acontecido entre o Dr. Avery e a Kepner, tenho certeza que vocês vão superar, a April vai sair daquele meio fio uma hora ou outra e vai encarar as consequências, ela e o Dr. Avery.
  Paralisei quando a Dra. Torres disse aquilo. Então o Mark sabia. Então todo mundo sabia. Era por isso que estavam me olhando torto. Agora o hospital inteiro acha que a April traiu o Mark comigo, e que trai a Maggie com a April.
  Quando ia sair da sala, o Dr. Sloan virou, e me viu. Eu juro que não consegui descobrir o que passava em seus olhos, se era tristeza, se era decepção ou se era raiva. Só sei que, naquele momento, tudo o que ele sentiu foi raiva.
  Ele partiu pra cima de mim, me dando um soco no rosto. Senti meu nariz sangrar, mas não revidei. Ele me joga no chão e me dá mais alguns socos, até que as meninas conseguem tirar ele de cima de mim.
  Estava confuso, meio tonto, mas tudo o que consegui ouvir foi um "SAI DAQUI AGORA, ANDA" vindo da Meredith. Não sei se foi no sentido de que o Mark ia pular em mim de novo ou se foi porque ela estava com raiva e não me queria ali, mas só sei que eu a obedeci.
  Saí dali correndo, mas não para fugir do Mark, e sim para encontrar a April. Cheguei em frente ao hospital mas ela não estava lá, só o George. Ele olha pra mim e balança a cabeça, como se já soubesse o que eu ia perguntar.
  -Ela foi pro bar do Joe, e não me deixou ir com ela. Ia buscar ela agora, mas a não ser que...
  -Eu busco -disse ofegante, e ele sorri, como se já soubesse que eu ia falar isso. O que esse cara é? Vidente?
  Vou correndo para o meu carro, e só agora percebo que estava de uniforme. Felizmente, sempre guardo uma roupa de reserva no carro. Quando ia entrar no mesmo, ouço o George me chamar.
  -Ei Jackson? Não sei o que pretende fazer, mas... Só não machuque ela, ok?
  -Ok... -assinto com a cabeça e sorrio -Eu prometo. -entro no carro e me troco ali mesmo. Vou em direção ao bar.
  Quando chego lá, vejo a April no balcão. E a frente dela, vários copos. Fui até ela e ela estava acabada. Contava histórias de sua vida pra todo cara que via pela frente. Já ia contar pra mim também, até que percebeu quem eu era.
  -Jackson..... Que homem... Quer dizer, que azar... Os homem que foi o motivo de mim ter terminado.
  -April... Mais conhecida como a pessoa que matou o português, o que você tomou?
  -Manda Joe! -disse April
  -6 doses de tequila, mais 1 copo de vodka, e mais uma bebida que ela fez questão de fazer ela mesma. Aparentemente foi forte, pois ela vomitou em si mesma.
  Não tinha percebido até o Joe falar, mas a April realmente tinha vomitado. E acho que vomitou tudo que tomou na noite de uma vez, mas nem isso a fez melhorar.
  E foi ai que eu também percebi. Muitos homens com caras estranhas estavam olhando para a April. Tipo, muitos homens mesmo. Joe percebeu o que eu estava olhando, e disse que aconteceu a noite inteira. A maioria deles veio falar com a April. "Acho que estavam esperando ela ficar pior, pra... você sabe" . Doeu o coração só de pensar. Essa menina frágil, pequena, que precisava de alguém para cuidar dela, mas que na verdade era forte e independente. Doeu o coração só de pensar o que de mal pode acontecer com mulheres assim. Com a April.
  -Vamos te levar para a casa, mocinha... -disse, pegando-a no colo. Não me importei com os olhares feios dos homens, ou com o cheiro e o estado da April. Eu só queria levá-la em segurança pra casa.
  Como não sabia onde era a casa dela, levei para a minha mesmo. Ela tinha voltado a andar sozinha, parecia estar melhor. Dei uma toalha para ela tomar banho e a esperei em cima da cama. Quando ela saiu, fiquei um tempinho olhando-a, até que ela ficou vermelha. Dei um sorrisinho.
  -Aqui, veste a minha blusa. Desculpa, não tenho algo melhor. -disse, dando uma blusa larga para ela. Ela sorri e coloca uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, agradecendo. Agora me diz, como não se apaixona por um ser humano desses?
  Ela sai do banheiro já vestida a blusa. Tinha arrumado a minha cama para ela dormir ali.
  -Você pode dormir aqui, e vou estar no sofá caso você precise de alguma coisa.
  -Não... Por favor. -ela disse pegando meu braço, me impedindo de sair. Eu olho pra ela e só me da vontade de guardar num potinho e nunca mais soltar. -Eu vi, como aqueles homens estavam me olhando. Só de imaginar, eu... -ela respira -Você me tirou de lá, e obrigada. Mesmo. Eu sei que estou segura agora, mas...
  -Ok. -disse, poupando o trabalho dela de falar. Eu sei que ia ser dificil. -Tudo bem, eu durmo com você. -me aproximo dela -Eu juro, não vou deixar nada de ruim acontecer com você. -coloco uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha e ela me olha, vermelha como sempre, mas não tira minha mão de seu rosto.
  Saio de perto dela logo depois. Não aguentava essas tentações que eu tinha e não fazer nada, mas não podia fazer isso. Ela não estava 100% e não queria que ela pensasse que eu me aproveitei dela.
  Ela deitou na cama e eu deitei em seu lado. Ela encosta sua cabeça em meu peito e acaricio o cabelo dela, até dormirmos.

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