Capítulo 9- Escuridão

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ALINA POV

Acordo em uma cama, não exatamente macia, mas tão pouco dura. Olho para o lado e vejo Inej dormindo em uma cama igual a minha, tento me mexer, levantar, me apoiando na pequena mesa que tinha, mas acho que estava mais fraca do que pensei já que sem sentir minhas pernas, Caio no chão. Imagino que por causa do barulho que fiz ao cair, chamei a atenção de quem estava por perto, já que logo uma moça entra no quarto correndo e sem se apresentar me ajuda a levantar e me põe na cama novamente.

Não deveria ter levantado sem pedir ajuda, ainda está muito fraca.

Desculpe, mas quem é você?

Ah, esqueci de me apresentar.... Sou Kalya, sou uma curandeira. Seus amigos as trouxeram, as duas inconscientes, eu as tratei, ainda estão se recuperando.— não digo nada e ela continua— Me contaram o que fez por ela, cauterizando o ferimento, foi esperta, ela estaria morta se não tivesse feito isso.

Os meus amigos, os que me deixaram aqui, onde estão?

Ah eles tiveram de ir, não acha que eles ficariam aqui o tempo todo né?

Como assim?

Querida, vocês chegaram aqui há 3 dias.

Eu estou aqui há 3 dias?— pergunta em estado de choque.

Bom, você também estava bem machucada, suas feridas, do... Bom, demorou para curar, já que tive dividir meu tempo entre vocês. —ela para um pouco e diminui o tom de sua voz— Por isso ficaram cicatrizes, nas duas... é.... Eles sempre passam no fim da tarde, hoje não será diferente.

Tusso um pouco, sentindo minha garganta seca, e é claro que estaria, não bebo nada há mais de 3 dias. Kalya me dá um copo d'água e diz que me buscará um pouco de comida. Quando sai do quarto, me lembro do que disse e sei o que ela quis dizer com isso, onde as cicatrizes estariam, de onde vieram e quem as causou, e tudo que quero é me esquecer disso, é não acordar pensando que ele voltou, não ter pesadelos ou até dormir de fato.

Kalya volta com um prato de uma gororoba que não é das melhores, mas mais comível que as comidas que eu recebia quando estava presa. Como tudo, e ela me deixa dizendo que eu deveria descansar e se precisasse deveria a chamar. Agradeço. Antes de passar pela porta ela para, se vira e pergunta hesitante.

Precisa de algo para dormir? Você se debatia e gritava direto quando dormia.... Posso te dar algo para que apenas durma, sem sonhos nem pesadelos, apenas descanso. — aceno com a cabeça, pois não sei como minhas palavras sairiam.

Ela sai e retorna em poucos momentos com um pequeno frasco. Ela o abre e o cheiro forte me ataca, me fazendo franzir o rosto. Ela chega mais perto, pede para que eu abra a boca e pinga duas gotas do líquido amargo. Novamente franzo meu cenho pelo gosto que, felizmente, desaparece rápido.

O cansaço que já existia, me toma por completo, me fazendo bocejar enquanto me arrumo na cama e a luz se apaga e tudo que vejo é escuridão, uma escuridão que recebo de bom grado e agradeço por ser ela que me acolhe.


DARKLING POV

Chegamos em Novokribirsk há uma noite, e estou furioso. Assim que chegamos e encontramos Ivan, ele me dissera que perdeu a localização de Alina, que a tiraram de onde estavam e não sabia para onde a levaram, isso foi há 4 dias. Quase lhe arranquei a cabeça quando ouvi o que ele tinha me dito e o rastreador também.

Estamos procurando por rastros de sua possível nova localização desde então e estou há milésimos de perder a paciência e matar qualquer um e todos que aparecerem em minha volta, e sei que não tem como eu encontrá-la dessa forma, então resolvo espairecer um pouco, quem sabe matar um rebelde ou forasteiro no caminho, isso me acalmaria.

Conforme eu ando, e inspiro o ar puro da noite estrelada, que traz um refresco a meu corpo quente, tenho a sensação de estar sendo seguido, e meus instintos raramente me falham. Continuo a caminhar, sem pressa, a uma área com campo aberto, perto da casa em que estamos hospedados. Tento identificar quem poderia ser o idiota me seguindo, um guarda, cidadão, soldado, grisha. Mas as passadas eram leves, seja quem for, sabia o que estava fazendo, já havia se esgueirado pelos cantos, tentando não ser detectado.

Diga, otkazat'sya, o que faz me seguindo?— me viro e o encontro há apenas 10 passos de mim. Ele para.

É sua culpa. Sua culpa que Alina não está conosco! — ele está claramente exaltado— Se tivesse me deixado passar pela Dobra, eu já a teria comigo, ela estaria salva.

De mim ou de quem a capturou?

DOS DOIS— Ele chega meu rosto a procura de alguma emoção, mas minha cara impassível deve o deixar ainda mais nervoso.— Você deve fazer mal a ela, tanto quanto quem a raptou fez.

Entendi, é isso? Então pode sair.

Ele lança uma faca em direção a minha cara, que não apenas pego, mas também acaba com minha paciência. O encaro, fervendo de raiva, e a pouca iluminação presente desaparece em meio às minhas sombras. Preparo o corte, quero matar esse desgraçado aqui e agora. Quem ele pensa que é para tentar me matar? Quem pensa que é para por a culpa do que aconteceu com Alina em mim?

Alina..... Alina....

Lembro-me de sua cara, seu sorriso, seus olhos e penso que ela nunca me perdoaria por matar o rastreador, ou mutilá-lo. E ele ainda me pode ser útil rastreando os amplificadores.... Desfaço de minhas sombras, a luz da Lua volta a iluminar o campo e consigo vê-lo. Sua cara é de pura confusão. Caminho para perto dele, que nem se mexe, paro ao seu lado, e digo, olhando para frente.

Só ainda não está morto por causa de Alina e suas habilidades. Já lhe disse uma vez, que não testasse minha paciência e ainda sim, aqui estamos. Lhe dou uma última chance para tomar juízo ou não terei medo de me arriscar pedindo perdão a Alina por tirar sua mão, ou cortar uma orelha, ou, melhor ainda....

Olho para uma parte baixa de seu corpo e sei que não preciso dizer mais nada então saio, de volta para a casa, para meu quarto.

A Luz Que QueimaOnde histórias criam vida. Descubra agora