A Alegria De Viver Com Alguém (HashiMada)

O Garoto Do Acordo

AVISO! Este capítulo contém 3658 palavras sem contar este aviso e as considerações finais.

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Não conseguia me concentrar na aula. Era tanta coisa que passava na minha cabeça. Eu fechei um acordo com a Mito, só que será que isso não foi um pouco... Antiético? E se o Hashirama ficar desconfortável quando descobrir? Quer dizer, isso se ele descobrir. Mas e se ele descobrir e me odiar? Argh! Quer saber?! Eu não sei quando eu comecei a me importar, mas eu prefiro ignorar isso. Acho até que ele devia me agradecer! Ele queria sair com a Mito, então eu ajudo.

-Madara, tá tudo bem? - A voz de Hashirama me chama, me tirando dos meus pensamentos alheios e devaneios.

-S-sim! Claro! - Droga, gaguejei.

-Bem, eu queria te mostrar uma coisa. - Ah, não, mano, não vem com essas ideias tortas pra cima de mim que eu sou quase um ungido aqui. - Vem, me segue. - O Senju me pega pela mão e me puxa para algum lugar um pouco afastado do habitual onde as pessoas se encontravam durante o intervalo. Era apenas um lugar com árvores espalhadas e um belo gramado sob os nossos pés, e lá estávamos nós, sentados um de frente para o outro.

-Mas que porr-...

-Shh! Olha só! - Mostrou-me suas mãos postas uma sobre a outra, formando um casulo e escondendo alguma coisa. - Eu achei isso debaixo da minha mesa. - Quando abriu suas mãos, revelou-se uma semente semiaberta e com um pequeno cotoco de caule verde saindo da rachadura.

-Wow... É mesmo muito bonita. - Admito em um suspiro. Posso não ser o maior fã, mas plantas são bonitas e não tem como negar.

-Acho que é a semente de um lírio. - Contou o outro, como se reconhecesse uma espécie só de olhar. Vou falar a verdade, aquilo me impressionou.

-Legal... O que vai fazer com isso? Vai plantar na sua casa? - Pergunto na intenção de estender aquele assunto o máximo que dava.

-Na verdade, eu queria dar isto para você. - Comentou estendendo as mãos para me entregar, e eu fiquei em dúvida se aceitava ou não.

-Hashirama, você não tem medo de ser assim? - O indago, porém o Senju me encara com uma expressão de confuso. - Sabe... Tentar ser legal e tentar ser gentil dessa maneira não funciona para homens nessa escola. - Tento lhe explicar sem ficar dando muitos detalhes do que realmente pode acontecer por aqui.

-Então deixa eu ver se entendi... - Lá vem. - Os meninos são pressionados a esquecer comportamentos minimamente humanos e agradáveis para os outros que podem estar ao seu redor, para assim se tornarem o modelo exemplar de um homem forte, masculino, provedor, autossuficiente e controlador para mascarar uma pessoa frágil, indecisa, que não tem o controle de tudo e está perdendo o controle até da própria saúde, mas continua com a máscara para dizer que está tudo bem e ainda fazer afirmações erradas sobre superioridade de gênero, apenas à procura de respeito, aprovação e aceitação?

-Ér... É por aí. - Nem vou dizer que não entendi metade do que ele falou. - Mas por que essa chuva de questões existencialistas do nada?!

-É que eu pensei muito sobre isso depois que uma coisa aconteceu... Enfim, temos que encontrar o Izuna e o Tobirama. - Disse já se dando por vencido, se levantando e saindo para se encontrar com os tais dois citados.

Não vou mentir que pensar em deixar meu irmão com aquele palmito maconheiro não me deixa feliz, mas sinto que aquele Senju estava escondendo alguma coisa. Mas o que alguém como ele poderia estar escondendo? Ele não me aparenta amargurado e nem triste, até parece que nada de ruim poderia acontecer com uma pessoa com uma energia tão boa assim.