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20. INDO POR LAGO ABAIXO

   Eu estava vendo o vídeo de Jungkook pela décima vez, ou talvez pela vigésima sétima vez. Mas quem está contando? Eu não tinha respondido, estou sem palavras. Do nada acordei e tinha essa mensagem, eu conhecia a música. Ela estava na minha playlist, me pergunto se Jungkook espiou minhas playlist.

Tenho seis playlist, todas elas recheadas de músicas. Ele teria que ouvir uma por uma, para ver uma que tinha uma mensagem que podia usar. Ele não pegou da minha playlist, demoraria muito para achá-la. Ele não teria se dado tanto trabalho assim, mais fácil ele ter pesquisado o tema e pronto.

A mãe de Jungkook bateu na porta, Layla ainda estava dormindo. A senhora Jeon entrou e se sentou ao meu lado, ela viu o vídeo do Jungkook pausado.

— Ele te enviou um vídeo? — Indagou, corei.

— É o que parece. — Respondi nervosa, tínhamos recebido flores ontem. Eu ganhei um caixa de chocolate no qual Soobin comeu metade, e eu comi escondida no banheiro o resto durante a noite.

— Não seja tão dura com ele. — Ela falou sorrindo, olhei para tela novamente. — Mas também não seja mole, faça-o correr atrás.

Arregalei os olhos, pensei que ela pedisse para eu perdoar Jungkook e ponto.

— Pensei que você apoiaria ele. — Admiti, ela balançou as mãos.

— Não estou do lado de ninguém, Lisa. — Ela falou calmamente, isso me chocou. Se fosse eu estaria do lado do meu filho, claro que se ele vacilasse puxaria sua orelha. — Isso é problema de vocês, mas sei como vocês se amam. Vai desistir desse amor tão facilmente?

— Só amor não basta. — Falei cabisbaixa, ela tocou no meu ombro.

— Mas ele é a base, se você ama então corre atrás e conserta seus erros. Isso que vocês sentem um pelo outro é algo que só acontece uma vez na vida, vai mesmo deixar seu uma vez na vida ir embora assim?

Não respondi, não sabia responder, ela olhou para Layla antes de se levantar e sair. Dei play mais uma vez, eu odiava a forma que eu amava ele.

Eu te odeio.
Eu queria te odiar.
Merda, eu te amo!

Olhei as horas, ele já estava trabalhando. Se eu desse sorte ele estaria no escritório e não em ronda, liguei para ele. Cinco vezes, todas elas caíram na caixa postal. É ele estava na ronda, me joguei na cama novamente. Isso fez Layla acordar, ela coçou os olhinhos e me encarou.

— Desculpe, amor. — Falei delicadamente, me deitei na cama direito puxando ela para perto.

— Mama, quandu vamos volta pa tasa? — Falou sonolenta, eu sabia que ela estava com saudades de Jungkook. Eu também estava.

— Hoje, vamos passar a tarde aqui e voltar para esperar seu pai chegar em casa. — Ela soltou uma risadinha, beijei sua bochecha.

Soobin ficou me perguntando porque estávamos aqui desde a primeira noite, ele não escondeu sua confusão e frustração. Era um furo na rotina, ele não gostou. Sentiu falta do pai, todos nós sentimos. Não sei onde estava com a cabeça pensando que conseguiria, eu e Jungkook viramos um time. Parece realmente que viramos uma só carne, voltar hoje seria bom para todos. Senhora Jeon falou para mim deixá-lo correr atrás, mas quem quero enganar? Não aguento mais um dia sem ele na minha vida, quero minha rotina de volta!

Busquei Soobin mais cedo, queria fazer uma supresa para Jungkook. Tomei um banho e fui me trocar quando escutei meu celular tocar, fui até ele. Devia ser Rosé, ela sempre me ligava perguntando se estava tudo bem. Eu estava errada, era Jungkook, atendi. Contaria agora?

— Amor? — Sua voz era rouca e fraca, barulho de gritos e tiros me alertaram. Merda. — Será que posso te chamar assim ainda?

— Jungkook, onde você está? — Perguntei com voz trêmula, barulhos de tiros ficaram mais altos.

— Lali, eu queria que você me escutasse um pouco. — Falou ignorando minha pergunta, perdi a força nas pernas quando escutei mais um tiro.

— Jungkook... — Balbuciei, escutei sua respiração ofegante.

— Lali, eu sou um merda. Estraguei tudo. — Jungkook gemeu, ele estava machucado.

— Não, não, não.

— Você merece um cara melhor que eu, queria poder te fazer a mulher mais feliz do mundo. Mas acho que só te deixei triste.

— Isso não é verdade. — Rebati, lágrimas tomaram de conta do meu rosto. Um som de explosão me assustou, merda! — Jungkook, você não deveria ter me ligado. Tinha que ter ligado para a...

— Você é a minha cura, Lali. — Ele me interrompeu, ofeguei. — Você me salvou de mim mesmo, eu queria dizer que sempre vou estar ao seu lado. — Ele fez uma pausa longa, estava entrando em desespero quando ele voltou a falar: — Mas acho que não será mais possível, isso é uma droga.

— Não fala isso, ligue para delega...

— Você é o amor da minha vida, você é meu único amor. Eu sei que estraguei tudo, queria poder consertar tudo. — Gritos de policiais, me perguntei de Jimin. Merda! — Só que talvez não consiga fazer isso, — Ele soluçou, comecei a chorar alto. —  Queria ser um pai melhor, mas tudo que eu fiz foi estragar as coisas.

— Isso não é verdade.

— Eu não sei o que vai acontecer comigo, Lali. — Admitiu, ele fungou. — Tudo que eu mais quero é que você seja feliz, vai ser mais fácil sem eu para atrapalhar.

— Você nunca atrapalhou. — Sussurrei, ele não podia me ligar. Tinha que ligar para seu departamento e pedir mais reforços.

— Não fui forte o suficiente para te fazer ficar, não te mereço. E sei, o amor não é suficiente. Mas ainda sim, eu te amo mais que tudo! — Ele ofegou, mordi o lábio. — Você é minha luz, eu te a...

A chamada caiu e meu celular também, forcei-me a levantar. Eu estava cambaleando, o senhor Jeon viu e correu para me ajudar.

— Lisa, o que aconteceu? Por que está chorando? — Ele me ajudou a descer, a senhora Jeon veio até mim.

— Jungkook... — Murmurei, eles trocaram olhares confusos.

— Mãe, aquele ali no chão é o meu pai? — Soobin gritou, corri tropeçando até lá. Um monte de corpo no chão, mas um em específico atrás de um carro era idêntico a Jungkook.

Cai no chão, voltando a chorar desesperadamente. Senhora Jeon caiu ao meu lado, Layla tava na televisão gritando para o pai. Soobin estava tremendo, ele estava com medo. Ele já entendia o que estava acontecendo, o senhor Jeon estava paralisado. Essa reação me lembrava de Jungkook.

Jungkook que estava caído, quase sem vida e na pior das hipóteses já estava morto.