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21. HOSPITAL

   Eu estava correndo pelos corredores, parei abruptamente assim que encontrei minha melhor amiga em prantos sentada no banco do hospital. Tropecei até ela, seu rosto estava vermelho e inchado. Abracei ela e chorei junto, os pais de Jungkook ficaram em casa. Eles não queriam vir aqui, tinham medo do que aconteceria.

— Eles estão nessa sala a uma hora! — Ela soluçou, funguei. — O Jimin, eu brigo tanto com ele. E agora olha onde ele está.

— Ei, tá tudo bem. Casais brigam, isso faz parte. — Ela balançou a cabeça, a culpa tomou conta de mim. Eu tinha pedido divórcio e ignorei Jungkook por dias.

— Você nem pode passar por tanta emoção, quer ir para outro lugar? — Olhei para porta fechada e me separei de Rosé, daqui eu não saio, daqui ninguém me tira.

— Teve alguma atualização ao menos? — Ela tentou limpar o rosto, segurei sua mão.

— Não, tudo que sei é que Joohun morreu. — Arregalei os olhos, não podia acreditar.

Comecei a chorar, minha amiga me abraçou. Essa era a hora que nos apoiávamos, Rosé e Jimin sempre discutiam. Mas sempre faziam as pazes cinco minutos depois, eles discutiram uns dias atrás. Ela me ligou e falou que odiava Jungkook, que ele saiu com Jimin. Ela chorou porque estava de tpm, tudo que ela queria era ficar abraçada com ele. Jimin deu um cachorro para ela, o cachorrinho foi recebido com muito amor. Minha amiga ficou feliz e consolada, enquanto eu dormia com duas crianças emburradas com saudade do pai.

Se Jungkook morrer a última lembrança que Soobin terá dele será nos brigando, sim, eu estava certa em ficar brava e chateada. Mas talvez eu tenha sido muito dura com ele, Jungkook estava passando por uma crise e tudo que eu fiz foi pressiona-ló quando ele precisava do meu apoio.

O médico saiu, eu e Rosé nos levantamos. Não sei quando tinha chegado outros policiais, mas agora tinha dez policiais com seus machucados enfaixados aqui.

— Responsável por Park Jimin. — Chamou, Rosé tremeu.

— S-sou eu. — Ela gaguejou, apertei sua mão. O médico se aproximou, os outros policiais se aproximaram.

— Você é a esposa dele? — Rosé assentiu, eu queria chutar esse médico. Para que tanta enrolação? — A cirurgia foi um sucesso, ele está sendo transferido para o quarto privado.

A feição da minha amiga aliviou, ela sorriu para o médico.

— Obrigada! Quando vou poder vê-lo? — O médico olhou em volta, acariciei as costas da mão dela.

— Vamos arruma-lo no quarto, esterilizar tudo e depois você poderá entrar. — Rosé mordeu os lábios. — Ele ainda está desacordado, não temos previsão de quando irá acordar. Mas creio que seja logo, ele já está reagindo aos remédios.

Rosé olhou para mim, ela queria ir ficar esperando perto do quarto que Jimin ficaria. Beijei sua bochecha antes de me virar para o médico.

— Com licença, alguma notícia do paciente Jeon Jungkook? — Indaguei, o médico olhou a prancheta.

— Bom, não sou o médico responsável por ele. Tudo que sei é que ele está naquela sala fazendo uma cirurgia, você é a responsável por ele? — Ele apontou para sala da esquerda, balancei a cabeça.

— Sou a esposa dele.

— Bom, pelo que eu recebi o caso dele era mais grave do que o do senhor Park. Foi escalado pro doutor Frederic, ele está em boas mãos, senhora.

Balancei a cabeça e me sentei, Rosé estava hesitante. Mandei-a ir, ela foi tropeçando para sala onde Jimin foi escalado. Agora tinham quatro policiais, alguns foram embora e outros seguiram Rosé. Um garoto jovem estava cabisbaixo ao meu lado, ele pareceu notar meu olhar porque levantou sua cabeça para me encarar.

— Oi. — Cumprimentei, seus olhos ficaram marejados. — Ei, está tudo bem? Está sentindo dor?

— Não, senhora. — Ele respondeu rápido. — Foiminhaculpa. — Ele falou rápido de mais, arqueei a sobrancelha confusa.

— Perdão, eu não entendi. — Falei envergonhada, ele suspirou.

— Foi minha culpa, Jungkook entrou na minha frente para me proteger e levou a bala. — As lágrimas caíram, alguns dos outros policiais o encaravam como se ele estivesse cometendo um crime.

— Não foi sua culpa, o único culpado foi quem atirou. — Sorri para ele, o garoto me encarou. — Não se cobre tanto, Jungkook tem noção dos seus atos.

O garoto não falou mais nada, cruzei as pernas e fiquei esperando. Os outros policiais se despediram de mim e me desejaram boa sorte e foram embora, ficou apenas eu e o garoto. Ele devia ser novo no departamento, se Jungkook não tivesse entrado na frente seria esse garoto lá e não ele. Isso é a cara de Jungkook, salvar os outros e esquecer de se salvar. A mãe desse garoto deve estar bastante grata.

O médico saiu da sala de Jungkook, eu e o garoto levantamos. Senhor me de forças nas pernas, eu preciso ser forte independente do que ele disser. Por favor, que ele diga que foi um sucesso.

— Responsável por Jeon Jungkook. — Tropecei em sua direção, umedeci os lábios.

— Sou eu. — Tentei soar firme, mas tenho impressão que minha voz saiu trêmula.

— Senhora Jeon? — Assenti, ele suspirou. Aí Deus. — Foi uma cirurgia complicada e longa, — Meu coração errou algumas batidas, seja forte Lalisa! — Mas a cirurgia foi um sucesso.

As lágrimas tomaram conta do meu rosto, o garoto apareceu nas minhas costas. Eu estava bamba, teria sorte se não caísse.

— Ele já está sendo encaminhado para o quarto? — Indaguei, o médico assentiu.

— Senhora, só tem um problema. — Eu ia cair, será que o garoto conseguiria me segurar se eu caísse? — O senhor Jeon está em coma, ele não está respondendo aos remédios. Sinto muito.

Eu caí, o garoto me segurou, o médico arregalou os olhos e tentou me ajudar. Meu mundo pareceu desabar, um intervalo muito curto entre uma boa notícia e uma ruim. Eu escutava as vozes deles falando comigo, mas não conseguia focar. A culpa pareceu me dar um soco no estômago, o garoto me pegou no colo e me levou para a emergência.

O que estava acontecendo? Me sinto dopada, perdi o controle do meu corpo. Quando eu mais preciso ser forte eu falho, preciso ser forte para Soobin e Layla.