Depois que se levantaram do chão Eloise foi até o quarto e pegou uma pomada de dor para passar nas costas do marido.
Então quando voltou para a sala encontrou Kalel com o olhar bravo direcionado a Sirius.
O filhote colocou as orelhas para trás e se deitou no tapete do cômodo com o típico olhar de gato de botas fixo no humano.
- Aqui está - ela se sentou ao seu lado no sofá e colocou a pomada em seu colo. - Suas costas estão doendo muito?
- Só um pouco - ele estendeu a mão para pegar a pomada.
- Não se preocupe eu passo para você - ela deu um meio sorriso. - Agora preciso que você vire e tire a camisa.
- Não quero incomodar você - ele forçou um sorriso.
- Você não incomoda.
O semblante de Kalel se tornou abatido. Eloise franziu a testa confusa pela sua reação.
- Kal, você esta com receio que eu veja novamente as cicatrizes em suas costas?
- Love, é que...
- Tudo bem se não quer contar a respeito, eu vou esperar até que esteja pronto.
Eloise já tinha visto as cicatrizes nas costas do marido várias vezes quando estavam em momentos íntimo.
- Estou pronto.
Ele se levantou e virou as costas tirando a camisa. Uma lágrima escorreu dos olhos dela quando viu as cicatrizes.
- Kal, quem fez isso com você e por que?
Kalel se sentou novamente ao lado da esposa.
- Uma semana antes de voltar para casa eu e mais três soldados fomos capturados pelo homem que tirou a vida do meu irmão - confessou ele. - Ele ordenou que seus capangas tirassem a vida de dois deles e nem eu, nem o outro soldado pudemos fazer nada para impedir.
- Tem certeza que esta pronto? Se não quiser falar sobre isso agora irei entender - indagou ela sentindo um aperto no peito tendo conhecimento de que nada poderia fazer para tirar a dor do marido.
Ele balançou a cabeça negativamente e respirou fundo antes de continuar.
- Então ele nos manteve refém - ele fechou os olhos. - Dia após dia um de seus homens nos levava até um lugar onde eles se reuniam para nos chicotear.
- E como vocês conseguiram sair de lá? - ela levou as mãos até os cabelos dele e os afagou.
- Deus enviou um anjo e assim como libertou Pedro da prisão Ele também fez o mesmo conosco - ele sorriu em meio as lágrimas. - Entre os homens que ali estavam presos teve um senhor que aparentava ter uns sessenta anos. O nome dele era Simon e o nosso Criador o usou como instrumento para nos tirar daquele cativeiro.
- E o outro soldado que estava lá com você por acaso é o Lorenzo?
- Não, infelizmente esse soldado estava muito machucado e não conseguiu resistir a fuga. Lorenzo prometeu que se vingaria de mim e desde então me culpa pela morte de Alaric, seu irmão.
- A culpa não foi sua, Kalel. Você não tem culpa do que homens ruins fizeram - uma lágrima escorreu de seus olhos. - E o senhor Simon está vivo?
- Infelizmente não, mas o que me conforta é saber que Deus realizou o sonho dele. O senhor Simon está nos braços daquEle que sempre cuidou de nós.
- Eu sinto muito, Kal - outra lágrima escorreu de seus olhos e em seguida várias outras. - Me sinto tão inútil. Queria tanto fazer algo para ajudá-lo.
Kalel abriu os olhos e a encarou com o olhar carregado de dor.
- Ei, não se sinta assim - ele encostou a testa na dela e tocou o seu rosto com ambas as mãos limpando as suas lágrimas. - Você fez o suficiente.
- O suficiente? Como assim o suficiente? Se o suficiente para você for nada então foi isso que fiz e continuo fazendo.
- Jamais diga isso novamente, está bem? Você orou por mim sem nem saber o que eu estava passando e isso foi o suficiente - ele beijou a ponta de seu nariz. - Continua sendo o suficiente para Deus e para mim.
Um fraco sorriso se formou nos lábios de Eloise.
- Você está com fome, garoto? - perguntou Kalel com a atenção voltada para o filhote. - Não se preocupe, eu faço isso - apontou para a pomada sobre o colo dela e ela a entregou em suas mãos. - Agora vá Sirius quer um pouco de atenção.
Ela assentiu com um balançar de cabeça e deu um beijo rápido nos lábios dele.
Então levantou-se do sofá e o pequeno filhote de Pitbull a seguiu com o rabinho abanando.
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Porto Seguro | R O M A N C E C R I S T Ã O |
EspiritualLIVRO ÚNICO Quando Deus é o nosso porto seguro não há dor que sufoque nossa fé. Depois de ter passado cinco anos na guerra Kalel retorna para casa com feridas interiores e cicatrizes que o atormentam. ©2021