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São 15 minutos de atraso e eu começo a acreditar que meu pai vai me dar o furo.

Steve está mais lindo do que nunca com essa roupa social e eu estou nervoso pela possibilidade do meu pai ser um completo babaca e que minha preocupação não é se ele vai gostar de Steve e sim se Steve vai gostar dele.

"Ele pode dá o bolo em mim, mas não em você." digo para Steve quando recuso mais uma vez o pedido do garçom perguntando se já queremos pedir nosso prato.

"Ele vai aparecer, fique calmo"

Steve sorri para mim e pega minha mão em cima da mesa. Acho que ele consegue olhar debaixo de toda a minha marra. Tudo o que eu tento esconder Steve olha e não se assusta.

Ele estava certo, meu pai chega guardando o telefone no bolso do blazer, diz boa noite e se senta.

Eu fico parado olhando para ele. Percebo que Steve está me olhando esperando que eu os apresente.

"Steve, esse é Harold o meu pai. Pai esse é Steve meu namorado."

Digo e não me arrependo. Meu pai parece surpreso mas eu não dou a mínima. Olho para Steve e ele está tão supreso quando meu pai, porém está feliz e isso é bom.

"É um prazer conhecer o senhor, senhor Stark."

"Oh por favor, me chame de Harold." ele ri para Steve me aliviando.

Nós pedimos e conversamos enquanto a comida chega.

"O que você vai fazer quando terminar a faculdade, Steve?"

Meu pai pergunta, mas não está interessado de verdade.

"Quero dar aulas em escolas de ensino médio."

Steve diz satisfeito, mas meu pai não se impressiona.

"Professor hien?" ele repete mostrando seu tédio.

"Nem todos querem usar blazer o tempo todo e lidar com gente chata em um prédio grande, Pai." digo já estressado.

"É isso que você acha que eu faço, Tony?"

Me poupe por favor da sua lengalenga, pai.

"Sim" bebo meu vinho.

Steve me olhando como se não aprovasse o modo como falo com meu próprio pai.

"Bom, o que seus pais fazem Steve?" ele continua o interrogatório.

"Meu pai é delegado de polícia."

"E o quê sua mãe faz?"

"Ela morreu de câncer de mama quando eu tinha 15 anos"

Steve fala pela primeira vez sobre sua mãe abertamente e isso sinceramente me deixa supreso.

"Eu sinto muito." meu pai fala.

"Por que nunca me contou isso?" Eu pergunto.

"Não falo muito sobre isso."

"E por que contou agora?"

"Acho que me sinto a vontade." ele sorri e eu retribuo.

Estamos em pé, Steve e eu quase próximo a grande porta do restaurante. Meu pai está afastado falando ao telefone.

"Ele não é tão mal." Steve fala talvez para me fazer sentir melhor.

Meu pai se aproxima com uma expressão tediosa.

"Não diga." eu estou tremendo de raiva.

"É importante, tenho que voltar ao escritório."

"Sua filha é importante!" confesso que me alterei e falei mais alto que o aceitável em um restaurante grã fino.

"Tony." Steve pega minha mão me trazendo de volta.

"Sem dramas, Tony. Eu tenho que ir."

Não consigo falar mais nada, se eu abrir a boca posso me arrepender pelo resto da vida por ter dito as palavras mais duras ao meu pai.

Apenas pego a mão de Steve mais forte e saio do restaurante deixando meu pai para trás. Falhei com minha mãe e não consegui levar meu pai para ver a exposição da própria filha. Estou de coração partido.

*

Nós vamos a exposição e todos os desenhos da minha irmã são lindos. Steve adora e toda a família também. Minha mãe trás uma bandeja cheia de docinhos para Lola que só está sentada numa cadeira ao lado das telas. Ela está triste porque o animal do pai dela não está presente e eu me sinto muito culpado por isso.

"Toma querida, são os seus preferidos." minha mãe mostra a bandeja para Lola.

Lola se levanta, balança a cabeça e sai andando.

Isso me deixa furioso, arranco um dos quadros dela da parede e saio como um louco do local. Consigo ouvir Steve, minha mãe e Bruce gritando pelo meu nome. Eu não paro.

Vou até a torre onde meu pai passa a maior parte do tempo. Ando em direção a sala de reuniões com o desenho na minha mão. A secretária do meu pai me diz que não posso interromper a reunião, mas eu estou tão transtornado que não ouço nem paro, acho bom ela não tentar nada.

Abro a porta com força sendo deselegante. Meu pai está falando de pé para outros babacas que estão na grande mesa. Todos param e olham para mim descabelado pelo vento, vermelho de raiva e com a camisa escorrendo suor. A secretária entra atrás de mim se desculpando para o meu pai.

"Ela desenhou você. Ela desenhou você seu grande idiota!" levanto o desenho e balanço no ar para que ele possa ver.

"O que significa isso, Tony?"

Idiota. Isso é tudo o que você consegue me dizer?

"Você só tinha que ter ido, era só colocar ela como sua prioridade uma vez na vida, pai. Isso é muito difícil pra você?"

Meu Deus, acho que vou desmaiar, meus dentes estão trincados.

Ele fica me olhando fazendo um silencio desconfortável. Os homens se levantam da mesa, mas ele pede que se sentem novamente.

"Por favor, senhores podem sentar."

"Você tem uma filha que acredita verdadeiramente que o pai a odeia" eu continuo.

"Mas eu a amo"

Eu começo a rir e ele encara como deboche.

"Olha aqui, moleque! Quem você pensa que é para vir aqui e me julgar? Você é só um garoto! Veio até aqui de bicicleta? Você não tem responsabilidade nenhuma!" ele grita.

Os homens se levantam de novo para se retirar. Um deles diz: "podemos voltar outra hora."

"Sentem agora!" meu pai grita e eles voltam a se sentar

"Você odeia seus filhos! Sempre odiou, por isso o Michael se matou debaixo do seu nariz." aponto o dedo para ele.

Ele não gosta nada e parte para cima de mim, eu não recuou, também vou em sua direção. Mas os homens se levantam e nos seguram. A secretária me puxa para fora da sala e eu deixo o desenho de Lola cair por lá.

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