Minha mãe levou Lola para cortar o outro lado do cabelo no salão de beleza. Ela continua linda, mas não gosta de cabelo curto. Seguro sua mão quando entramos em sua escola. Eu a acompanho até a sala de aula. Entramos e todas as crianças olham para minha irmãzinha e a professora para de dar aula.
Levo Lola para uma das cadeiras e abro sua mochila colocando o caderno e um lápis em cima da mesa. Pergunto se ela está bem e ela diz que "sim" com a cabeça mais tímida do que nunca.
Uma garota começa a sorrir e diz "gostei do novo corte de cabelo, Lola" e volta a sorrir com outras garotas.
Diz isso na minha frente. Ela perdeu a porcaria do juízo?
Eu ando até a cadeira da menina que está na primeira fileira de frente para a professora e empurro com força e com uma mão apenas a mesa da menina, afastando sua cadeira do lugar, suas coisas caem no chão. Ela fica claramente assustada e era isso que eu queria. Ando até o extintor de incêndio e arranco ele da parede, depois jogo contra a janelinha de vidro da porta. O extintor vai parar no corredor e eu na delegacia mais uma vez. Mas eu olhei para Lola depois de ter assustado aquele diabinho rosa, ela estava sorrindo.
*
Me levanto do chão da minha cela, meu pai está do outro lado das grades.
Enquanto caminhamos para fora, meu pai lista meus crimes.
"Invasão e violação de propriedade privada... nada mal"
"Não foi eu que liguei" me refiro a pedir a ajuda dele.
"Eu sei"
"Eles tem que pagar, pai!" falo parando de andar.
"Entrei com uma ação contra aquela escola e contra os pais daquelas garotas e só vou parar quando elas estiverem matriculadas em outro colégio!" meu pai fala sério. "Será que pode cuidar dos advogados amanhã no meu escritório? Tenho que levar Lola para a escola."
Sim, fico feliz por meu pai estar fazendo alguma coisa por Lola.
"Ótimo, eu posso" digo.
"Até lá tente não vandalizar outra escola, por favor." ele fala se afastando e isso me faz rir.
"Obrigado por ter pagado a fiança" falo alto para ele ouvir.
"Por nada" responde com uma voz distante.
*
Volto para casa e Steve está lá. Ele sabe que eu fui preso de novo e não me julga, sabe que meus motivos são justificáveis. Ele está na cozinha fazendo algo para comer. Posso me acostumar com isso, é acho que consigo. É claro que consigo. Ir a faculdade juntos, morar juntos talvez em um lugar melhor, me desculpar com o pai dele. Planos e planos, tenho tudo na cabeça.
Me aproximo do balcão e tento colocar meu dedo dentro da panela, mas recebo um tapa de Steve.
"Não faça isso, porquinho."
Eu rio.
Nós comemos e quando Bruce chega da faculdade, sabemos que é a hora de ir pois não teremos mais privacidade por aqui.
Vamos caminhar a tardezinha no parque de mãos dadas, isso é satisfatório.
"Podemos alugar um cantinho para a gente, só nosso."
Steve sugere quando sentamos em um dos bancos do parque e ele joga pedaços de pão no chão para os pombos. Parece uma boa ideia.
" Vou contar ao Bruce que você odeia a presença dele." brinco.
"Não, isso não é verdade. Você está distorcendo as coisas," Steve tenta esclarecer sorrindo, ele entendeu minha piada.
"Eu entendi, você me quer só para você." coloco o braço por trás de Steve apoiando no banco.
"É por aí..."
"Podemos fazer o que a gente quiser. Mas preciso saber de uma coisa antes." digo
"E o que é?" ele pergunta limpando as migalhas de pão que ficaram na calça.
"Preciso saber se você quer mesmo ficar comigo para sempre"
Steve olha para mim com os brilhantes olhos azuis que eu tanto amo.
"Preciso saber se é capaz de lidar comigo e com minhas merdas futuras, você sabe que eu sou um delinquente e não quero ser um fardo idiota."
"Você e suas merdas não são um fardo idiota. Isso é parte da minha vida agora." ele responde.
Era tudo o que eu queria ouvir.
"Me desculpa e não me desculpa." digo.
"O quê"
"Você tem que saber que não me arrependo de ter jogado com você. Odeio o jogo, mas se não fosse por isso, eu nunca ia te conhecer e nunca saberia que você é o amor da minha vida." falo com toda a sinceridade.
Steve acha graça nas minhas palavras.
"Então não me arrependo de ter entrado no jogo. Porque também amo você, Tony."
"Tenho que pedir a benção do seu pai." paro de olhar para Steve e encaro a paisagem do parque.
"Sem problemas." Steve dá de ombros. "Ele sabe que você é o melhor para mim, então também é o melhor para ele."
"Que inveja da sua relação com o seu pai."
"Como vão as coisas entre você e o seu? Ele te tirou da cadeia, não foi?"
"Sim, acho que agora ele é um pouco menos cretino. Está ganhando pontos por finalmente prestar atenção em Lola, era tudo o que eu queria."
"Você é um bom irmão."
Steve me dá um beijo rápido na minha bochecha como uma recompensa por ser gentil a minha garotinha.
"Amanhã vou até o escritório do meu pai falar com os advogados no caso da minha irmã. Vou até o fim para tirar aquelas meninas da escola para que Lola nunca mais tenha que lidar com elas."
Falo e Steve me dá um selinho.
'Você é um ótimo irmão." ele fala sorrindo.
Deus, eu amo esse homem mais que tudo.
*
Voltamos para casa e Bruce está apagado dormindo no sofá. Eu e Steve vamos para o quarto e ficamos conversando até anoitecer.

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Lembranças - stony
FanfictionTony é o "cara problema" que vê a chance de se vingar do policial que lhe deu uma dura, fazendo seu filho Steve se apaixonar por ele. Inspirado no filme "Lembranças".