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"Como vai seus desenhos?" Pergunto para Lola enquanto levo ela caminhando para a escola. "Tenho certeza que está caprichando."

"Eu estou mesmo. Vou te mostrar alguns quando for lá em casa" ela responde rindo.

"Ótimo."

"O que aconteceu com o seu rosto?"

"Eu briguei no bar." respondo tragando meu cigarro de menta.

"Você têm que parar de fazer isso, Tony e parar de fumar também."

"Okay mocinha, um dia eu faço isso." pisco para ela.

"Tony, o papai me odeia?"

Paraliso quando ouço minha irmãzinha me perguntar uns absurdos desses.

"Claro que não, ele te ama." tento parecer convincente.

"E por que ele nunca me escuta?"

Porque ele é um pai de merda e uma péssima pessoa. Egoísta e muito burra.

"Ele só não sabe se expressar."

Isso é ridículo. Tenho que encontrar palavras para defender um homem que eu não adimiro só para deixar a filha dele feliz.

"Olha, te trouxe um presente."

Chegamos a frente da escola e eu encosto a bicicleta na parade enquanto pego um livro de dentro da minha mochila e dou para ela.

"Eu adorava esse livro quando tinha sua idade."

Vejo umas menininhas falando baixinho e apontando para Lola.

Lola abre o livro e olha a maioria das folhas, começa a sorrir.

"Ele é incrível, Tony! Obrigada."

"Vai custar 30 dólares" brinco com ela. "Um dia leio para você dormir."

Dou um beijo na cabeça dela e ela entra na escola. Eu pedalo para a faculdade. Quando estou caminhando para minha sala, Bruce aparece correndo muito eufórico em minha direção.

"Você não vai acreditar!"

"Arranjou uma namorada?"

"Não seu idiota. O policial tem um filho!" ele fala como se fosse uma grande descoberta.

"Quem?"

"O policial de ontem que te bateu e te prendeu-"

"Eu sei. Estou perguntando quem é o filho... quer dizer. O que isso me interessa?"

"Você pode se vingar do tal policial através dele e ele estuda aqui!"

Eu penso... Não estou fazendo nada mesmo.

Bruce me leva para as mesas na área de convivência do prédio. Aponta com a cabeça para uma das mesas. Eu olho e reconheço: é Rogers.

"Acho que isso não é uma boa ideia, Bruce."

Falo tocando nas alças da minha mochila nas minhas costas.

"Como é?"

"Olha o meu rosto! Ele vai pensar que eu sou um delinquente!"

Meu rosto ainda está machucado, o pai do Rogers me machucou.

"Você é um delinquente, Tony. Agora vai lá."

Bruce me empurra em direção a mesa e eu continuo andando sozinho.

Rogers está sentado sozinho lendo um livro grosso. Eu paro de frente para ele e fico encarando até ele perceber minha presença.

Lembranças - stonyOnde histórias criam vida. Descubra agora