connection | chapter two

472 55 18
                                    

Mesmo que eu saiba que nãofoi a tanto tempo assim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Mesmo que eu saiba que não
foi a tanto tempo assim.
Eu ainda quero me lembrar.
Eu penso naquela noite no parque,
que momento!

What a time | Julia Michaels.


Acho que o caminho me acalmou um pouco. A estrada, o vento no rosto, a sensação de uma nova vida, tudo parece ter me tranquilizado nas quatro horas em que passei dirigindo. Pensei que ficaria mais nervosa, na verdade, na noite anterior a viagem eu estava completamente apavorada. Tinha medo que algo acontecesse, medo de chegar em Londres e me sentir uma completa estranha, de me sentir perdida, mas para a minha surpresa, a paisagem repleta de verde e a brisa suave que entrava pela janela do meu carro me deixou segura e confiante.

O céu cinza em cima da minha cabeça e o frio característico da cidade fazem com que eu me arrependa de não ter escolhido um casaco mais grosso hoje. As ruas estão lotadas. Pessoas caminhando, carros apressados, alguns ciclistas se arriscam entre os carros. Bem ao meu lado, um routmasters. Meu pai costumava dizer que foi exatamente esse ônibus que levou Harry Potter até a Ordem da Fênix. Eu sabia que existia uma grande chance de ser mentira, mas ficava fascinada por eles mesmo assim. Meu pai dizia que era exatamente por isso que eles eram vermelhos, para despistar os trouxas.

Os prédios antigos, em sua maioria seguindo a tonalidade marrom escuro, parecem ainda mais bonitos de perto, como se estivessem saindo de uma revista. Londres parece estar mais apressada hoje. Encosto a cabeça no banco e respiro fundo. Não consigo acreditar que finalmente estou aqui. Assim que cruzo a Sutton Park entendo porque o bairro é conhecido por ser um dos lugares mais verdes da cidade.

Quanto verde! As árvores são magníficas, as folhas espalhadas pelo chão, os pássaros cantando, as pessoas sentadas nos bancos de uma praça, crianças correndo por todo o lado. Tudo isso é tão único e me traz um pouco de paz no momento em que estaciono meu carro em frente ao prédio onde fica o meu apartamento. Antes de descer do carro, ligo meu celular para entrar em contato com a senhora que nos vendeu o apartamento, Betty. Não sei muito sobre ela, meu pai resolveu a maior parte da papelada antes de falecer. Se me lembro bem, a maioria das nossas conversas acontecia por e-mail, e acho que foram poucas as vezes em que realmente conversei com ela pelo celular.

Pelo pouco que nos falamos, posso dizer que ela é uma senhora extremamente gentil e prestativa. Quando meu pai faleceu, fiquei perdida. Não sabia como concluir a venda, os documentos necessários, tudo era tão novo na minha cabeça. Meu pai sempre resolvia tudo, nós quase nunca precisávamos nos preocupar, então quando me vi sem ele, julguei-me incapaz de conseguir resolver tantas coisas sozinha.

A dona Betty me ajudou a resolver as coisas com o banco, a finalizar a compra e teve tanta paciência comigo que desconfio que ela seja uma santa. Na verdade, acredito que algumas pessoas são anjos espalhando um pouco de bondade pela terra. Esse apartamento seria vendido rapidamente se ela quisesse. Ele é bem localizado, a vizinhança é segura, além de ser um dos bairros mais requisitados de Londres. Me sinto sortuda por ter conseguido segurá-lo e comprá-lo como meu pai queria. Imaginar que ele sonhou com esse lugar para mim torna tudo ainda mais especial.

Home | Book OneOnde histórias criam vida. Descubra agora