Alya Grimmer sempre sonhou com o dia em que começaria sua carreira de maquiadora em Londres, mas quando perdeu seu pai, Alya se viu sem seu maior incentivador.
Além do luto diário, ainda precisa lidar com a indiferença da mãe que a trata com frieza...
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Eu queria que você tivesse continuado. Mas tudo bem, apenas espero que esteja orgulhoso de mim. Beautiful Scan | Alicia Moffet.
Quando o sol aparece na minha janela no primeiro dia de aula da Academia sinto que meu coração explodirá a qualquer momento. Acordo dez minutos antes do alarme. Meu relógio biológico parece funcionar perfeitamente bem quando estou prestes a dar passos importantes. Os últimos dois dias foram marcados por uma ansiedade imensa. Não me lembro da última vez que me senti tão empolgada e entusiasmada. Nos últimos dezoito meses, minha vida tem sido uma coletânea de dor, saudade e medo. Então agora, prestes a realizar o maior sonho da minha vida é como se aos poucos a vida começasse a ter um sentido novo. Como se o mundo estivesse sorrindo para mim novamente. Me viro para encarar os porta-retratos em cima da minha cabeceira. O sorriso do meu pai parece tão vivo apesar de ser apenas uma lembrança em uma foto. Seus olhos me dão mais um pouco de coragem e combinam perfeitamente com o dia ensolarado.
Levanto-me para me arrumar. Separo um vestido amarelo. Minha avó, Gracie, sempre diz que amarelo é uma excelente cor para usarmos quando precisamos de sorte. Coloco uma pulseira de corações que meu pai me deu no último aniversário que comemoramos juntos, no último em que ele esteve presente. De alguma, a pulseira me trará a sensação de tê-lo mais próximo, de uma maneira quase tangível. Alguma vezes, tenho a sensação que até os detalhes mais imperceptíveis me trazem um pouco dele. Assim que termino de me arrumar, preparo uma panqueca e uma xícara de café forte, quero estar desperta no meu primeiro dia. Quando estou devidamente pronta, tiro uma foto em frente ao espelho para enviar à Brianna que está tão ansiosa quanto eu.
Quando os minutos vão passando e a hora de ir para à Academia se aproxima, um mar parece se formar em meus olhos. Apesar da felicidade que me submerge, as lembranças do meu pai pesam sobre o meu peito. Se ele estivesse aqui, sei que faria questão de me levar até o curso. Diria que nunca esteve tão orgulhoso como agora, beijaria a minha testa e me faria um milhão de recomendações. Me faria prometer que não me esconderia no meio dos outros alunos, que deixaria as pessoas me enxergarem. Às vezes penso que seria melhor não lembrar tanto assim dele, dessa forma, momentos como esse seriam unicamente felizes, mas quando perdemos a pessoa mais importante da nossa vida, por mais corrosiva que a saudade possa ser, ela se torna tudo o que temos.
Apesar do curso não ficar tão distante do meu prédio, decido ir de carro. Dessa forma, não correrei o risco de me atrasar. Assim que coloco o cinto e penso em ligar o rádio, o celular vibra em meu colo e o nome de Brianna aparece na tela. É incrível como minha irmã parece saber exatamente os momentos em que preciso ouvir a sua voz, como se nossos sentimentos estivessem conectados de uma forma única e especial.
─ Como você está? – Minha irmã pergunta assim que atendo o celular. ─ Não tenho escola hoje, mas acordei mais cedo só para te desejar boa aula e dizer que você é incrível.
─ Estou nervosa, mas também estou empolgada e ansiosa. – Respiro fundo tentando controlar o tremor em minha voz. ─ E com um pouco de medo, talvez. É tão estranho estar fazendo isso sem o papai. Ele insistiria para me levar no meu primeiro dia de curso, como se eu ainda fosse uma criança.
