Alya Grimmer sempre sonhou com o dia em que começaria sua carreira de maquiadora em Londres, mas quando perdeu seu pai, Alya se viu sem seu maior incentivador.
Além do luto diário, ainda precisa lidar com a indiferença da mãe que a trata com frieza...
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Eu não digo uma palavra, masainda assim, você tira meu fôlego.Fire on fire | Sam Smith.
Minha rotina não é cansativa. Pela manhã tenho o curso e a maioria dos professores têm aliviado um pouco já que ainda são nossos primeiros dias de aula. No estúdio, o Henry tem sido um chefe maravilhoso, tenho aprendido muito com ele. As técnicas que ele usa são incríveis e me esforço para decorar cada detalhe da sua maquiagem. É uma oportunidade incrível estar ali com ele. Então, se pudesse resumir a minha primeira semana de trabalho diria que tem sido uma experiência fascinante e sem igual.
Jenny e eu combinamos de irmos juntas escolher o vestido do baile beneficente. Confesso que gostaria de enviar mensagens para Brianna pedindo ajuda com o vestido, mas sei que ela ainda está brava porque não responde as minhas mensagens. Gostaria que ela conversasse comigo, que me desse a chance de resolvermos qualquer coisa que possa tê-la aborrecido, mas se ela precisa de um tempo, tenho que respeitar por mais que doa muito estar longe dela. Assim que chego no estúdio, Jenny está me esperando na recepção como sempre.
Nós duas sempre conversamos um pouco quando eu chego e quando estou indo embora. Ela é legal e pelo pouco que conheço, é extremamente competente. Jenny é assistente pessoal da Nora, está com ela há quase quatro anos e conhece toda a rotina dela. É seu braço direito. Pelo o que me contou, se mudou para Londres quando completou 18 anos. Veio de Cambridge para morar com a avó e assim que chegou conseguiu a vaga de assistente com a Nora. Jenny me entrega um café quando me aproximo dela.
─ Vou acabar me acostumando mal se me trouxer café todos os dias. – Ela dá de ombros.
─ Acha que é de graça? – Arqueio a sobrancelha. ─ Vai me pagar pelos cafés, Alya. – A encaro confusa. ─ Quero que faça a minha maquiagem no dia do baile beneficente.
Um sorriso imenso surge em meu rosto. Meus pais e Brianna tinham sido os únicos modelos que eu já maquiei na vida. Quando tinha doze anos, meu pai percebia que era fascinada por backstages de modas. Eu adorava assistir programas onde os maquiadores corriam desesperados, fazendo os últimos ajustes da maquiagem dos modelos. Então, meu pai montava uma passarela improvisada no nosso jardim, colocava algumas cadeiras, uma mesa de madeira velha para servir de bancada e eu os maquiava para o nosso grande desfile. Era um dos meus dias favoritos no ano. O dia em que nossa família parava para realizar meu sonho.
Depois que meu pai morreu, até isso perdeu o sentido. Minha irmã não gostava que eu a maquiasse, acho que porque isso lembrava ele. Jenny é a primeira pessoa que vou maquiar para um grande evento, então preciso ser incrível. Eventos como esse chamam a atenção de toda a mídia e estão sempre lotados de fotógrafos. As pessoas que acertam nos looks e na maquiagem sempre saem nas matérias da Empire British. Ter uma maquiagem feita por mim estampada em uma revista como essa, seria excepcional.
─ Está pronta para a nossa tarde de compras? – Jenny balança um cartão em suas mãos. ─ É o cartão da empresa. Todos os funcionários recebem um desses quando temos eventos importantes. – Ela me entrega o cartão. ─ Esse é o seu.
