Rivais - Gabriel Lessa

Capítulo 10

• Gabriel Lessa •

- Tá de brincadeira? Amanhã é o seu aniversário e você não vai querer fazer nada? - Pergunto incrédulo para a Gabi.

Estamos nós quatro deitados no sofá da sala de cinema. Enquanto não achamos um filme que preste estamos conversando e comendo a pipoca.

Hoje não jogamos nfa, então estamos de folga. Se um dia fui triste não me lembro.

- Fazer o que, cara? Amanhã a gente joga nfa, dá tempo nem de respirar - Gabi me responde enquanto come sua pipoca.

- Discordo, a gente pode muito bem fazer uma baguncinha aqui depois da nfa. Ou ir pra algum lugar, não sei. Só pra comemorar, não passar em branco - Lzinn diz e eu concordo.

- Cadê a tia Sol? - Pergunto.

- Rio de Janeiro, não deu pra ela vir pra cá no meu aniversário. Mas queria muito - Ela me responde com um semblante triste.

- Quem é Sol? - Thur pergunta.

- Minha mãe, pequeno - Gabi responde enquanto faz cafuné no cabelo do mais novo.

- Ainda não me acostumei com vocês dois em... paz? - Lzinn diz se referindo a mim e Gabi. Nós dois reviramos os olhos.

- Enfim, amanhã depois da nfa vai churrasco aqui na mansão, e tá decidido - Digo e Gabi apenas levanta as mãos se rendendo.

- Se vocês insistem tanto - Ela diz - É pra chamar quem?

- Quem tu quiser oras, o aniversário é teu - Thur diz.

- Tá bom, vou mandar mensagem aqui pra galera - Ela diz e eu e os meninos comemoramos.

O clima entre nós dois está bom, não nos tornamos melhores amigos, mas estamos mais próximos.

Ela se apegou muito com os meninos, principalmente com o Thur. Fico feliz com isso, estava com medo dela não se adaptar com a casa.

- Irmão, eu desisto de achar um filme aqui - Deixo o controle em cima do sofá - Quando vocês acharem algo legal me chamem lá no meu quarto, tá? - Digo e eles concordam com a cabeça.

Vou para o meu quarto e deito na minha cama. Tantas coisas se passam pela minha cabeça agora.

Gabriela, Gabriela, Gabriela.

Um filho. Meu filho.

Eu perdi um filho, que nem sabia da existência. Desde o dia em que eu descobri da gravidez não paro de pensar nisso.

Na minha mente só se passa a Gabriela chorando, passando por tudo aquilo sozinha.

Porra, agora tudo faz sentido.

O porquê ela se afastou do competitivo mesmo tendo entrado recentemente no fluxo. O porquê das redes sociais desativadas e afastamento da Internet.

Tudo por minha culpa, somente minha. Se eu não tivesse apostado ela não teria descoberto e passado estresse, causando a perca do neném.

Sinto meus olhos encherem de lágrima junto com a falta de ar... de novo não.

Me sento na cama e choro desesperadamente. Minhas mãos tremem junto com as minhas pernas, sinto minha garganta fechada e não consigo controlar a respiração.