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𝐁𝐀𝐑𝐁𝐀𝐑𝐀 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐎𝐒.

O sinal da volta do intervalo bate, chamando a atenção de todo mundo. Arthur e os amigos de Carol saem, enquanto eu, Victor e Carol ficamos.

-Eu queria falar com ela. - Carol diz. Victor arqueia uma sobrancelha e depois olha pra mim.

-Tá bem. Ele se aproxima de mim e aperta minha mão de relance.

-Hum, olha Babi, eu os meninos estamos achando o Victor muito diferente. -
Ela começa a dizer. -Num sentido bom, sabe? Parece que depois que ele começou a ficar com você, deixou de ser um babaca.-Ela diz.

Apenas ouço suas palavras. Disso ela tem razão. Creio que parte do que Victor fazia era para esconder a dor do pai, e de alguma forma, quando começamos a nos ajudar, aquela escuridão e vazio de seus olhos foi se indo aos poucos. Acho que o modo como nos apoiamos mudou tudo.

- Mas, mesmo assim, como sua amiga, preciso me certificar de que ele não está só te usando ou se aproveitando de você só porque... hum, você sabe. -Ela diz. E sei o que ela quis dizer, mas acho que ninguém conhece Victor de fato fora daquela fachada que ele coloca de má reputação.

Victor tem um pai com câncer. Nos entendemos por causa da dor que
compartilhamos, e acho que ainda sim, se eu não tivesse o conhecido muito bem.tería duvidado de más intenções vindas dele. Sei que Carol fica preocupada com o fato de não sermos só amigos...

Epa, quem disse que nós somos outra coisa além de amigos?

Isso me deixa um pouco mais exaustiva. Pensar que estou servindo como uma amiga pra ele, sendo que no fundo, confesso, criei sentimentos a mais na nossa relação. A culpa, em grande parte, não é minha. Não escolhi isso. Não escolhi sentir coisas sempre que ele me toca e me beija.

Isso é bobo da minha parte, pois tenho quase certeza de que sou a única que sinto isso. Volto à realidade e faço que sim com a cabeça, dando um sorriso que espero não ter saído tão forçado. Carol me devolve outro, e nós andamos até a sala de aula.

***

No dia seguinte, fiquei na casa da tia Jane o dia inteiro, lendo, mexendo no celular, pensando se realmente deveria ver Victor hoje. Era tarde para cancelar, mas não sei se aguentaria vê-lo e saber que não sente a mesma coisa por mim. Alimentar ilusões é o que menos quero fazer.

As sete horas bateram sem que eu percebesse. Corro para o banheiro e tomo banho, torcendo para que Carol não se incomode de eu ter pegado seu vestido jeans. Queria ter tido mais tempo para arrumar meu cabelo, pois acabei fazendo uma trança desajeitada e calçado meus tênis na pressa.

Quando estou terminando de amarrar os cadarços ouço um barulho na janela, mas não me assusto; já sei quem é.

-Desculpa o atraso... - Victor termina de subir a janela e entra no quarto.
Meu pai andou piorando, mas não perdeu a oportunidade de falar um pouco sobre você. Ele diz, abrindo um sorriso, mas o desfazendo assim que começa a me examinar.

Termino os tênis e me levanto.

- Não tem problema, eu também quase me atrasei.-Falo. - Como ele está
agora? - Victor dá um suspiro meio trêmulo e desvia o olhar de mim para a janela. Devagar, me aproximo e ergo o queixo dele, o fazendo olhar para mim. —Você está bem?

Ele deixa uma pequena lágrima escorrer de seu rosto, mas a seca na hora.

-Estou. -Ele diz.

-Não está não. -Eu olho em seus olhos. -Tudo que você quiser soltar, vic,pode soltar aqui. -Digo.

𝘁𝗮𝗹𝗶𝘀𝗺𝗮𝗻,𝖻𝖺𝖻𝗂𝖼𝗍𝗈𝗋.✓Onde histórias criam vida. Descubra agora