Capítulo 05

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Louise sempre sonhou em ter sua própria família. Desde que conheceu o amor, por meio de filmes, novelas e livros, sonhou com o dia em que encontraria sua alma-gêmea. Pode-se assim dizer, então, que sempre foi uma aliada do romance. Inserida nesse universo desde muito nova, sempre sonhou em clichês românticos e um dia, a possibilidade de realizá-los. Louise pode considerar a si mesma como uma garota de sorte quando na casa onde morava encontrou o até então, amor de sua vida. Louise nunca havia sentido nada tão forte por alguém antes. Era seu primeiro amor, algo novo e algo que ela não sabia lidar, mas, sempre foi recíproco. Louise se considerava sortuda por isso. Nem todos tem a sorte do primeiro amor ser recíproco. Louise teve. E isso é algo do qual ela nunca vai esquecer, pois ele sempre será uma parte dela. Não importa quantos anos passem, ele sempre terá uma moradia fixa em seu coração. O primeiro amor nunca morre. Louise soube disso quando percebeu que estava apaixonada por ele.

Abril de 2008

Louise estava andando de um lado para o outro, inquieta. Há algumas semanas se encontrava assim, ansiosa. Em menos de uma semana seria o aniversário de dezesseis anos de seu namorado e colega de orfanato e ela não tinha a mínima ideia de como presenteá-lo.

—Lou, o que você tem? —Ingrid, uma pequena garotinha travessa do orfanato questionou. Louise era a pessoa que Ingrid mais gostava. A considerava uma inspiração e uma irmã mais velha. 

—Não sei como presenteá-lo. —Louise suspirou fundo. Sentou-se a cama, pensativa. Jogou seu corpo para trás e estendeu seus braços, rendendo-se ao fracasso. 

—Aposto que ele não liga pra presentes, Louise. —Ingrid revirou os olhos para o drama da adolescente. 

—Isso é o que ele diz, mas, ele sempre faz algo para me agradar nos meus aniversários. Só queria ser reciproca. Ele é melhor do que eu nessas coisas. —Louise voltou a sentar-se a cama, de braços cruzados. Ingrid, apesar da idade, sempre demonstrava impaciência para dramas adolescentes. Lidava com o relacionamento de Louise há algum tempo e com certeza era a maior fã do casal, mas, não entendia a maior parte dos "problemas" que supostamente eles tinham. 

—Por que não pergunta a ele?

—Perguntar o que a quem? —O garoto adentrou o quarto, curioso. Não tinha percebido que era o protagonista da conversa das duas, mas, era bem bisbilhoteiro. E ciumento também. O rapaz sentou-se ao lado de Louise e lhe deu um beijo na bochecha. A trouxe para mais perto de si e entrelaçou seus braço na garota, abraçando-a gentilmente. Ingrid colocou a língua pra fora e fez um gesto de nojo, mas no fundo achava fofo. 

—Então? —O garoto voltou a questionar, percebendo que as duas apenas ficaram caladas. A expressão era de quem havia sido pego em flagrante, e bem, era basicamente isso que tinha acontecido. Ingrid apenas sorriu e saiu correndo, deixando sua grande amiga lidar com aquilo por conta própria. 

—Não acha que ela fala estranho demais pra quem é apenas uma criança? As vezes eu esqueço que ela é tão jovem. —O garoto comentou, surpreso. O fato de Ingrid ser tão pequena mas sempre querer parecer mais velha do que realmente é sempre o incomodou. Ingrid tinha apenas nove anos mas desde muito nova procurou agir como se fosse sempre mais velha do que realmente era. 

—Ela está sempre na defensiva porque não gosta de ser tratada como criança. Ela até mesmo vê filmes antigos pra tentar usar um dialeto mais sofisticado. Ela é bem complexada com isso apesar da pouca idade. 

—Imagino. —O jovem riu, encarando-a. —Então, sobre o que estavam falando?

—Sobre seu presente de aniversário. —Louise colou a mão no pescoço, sem jeito. Estava se sentindo péssima por ter de perguntar algo assim. O garoto nunca nem tocou no assunto com ela e sempre conseguiu agradá-la. Como ela poderia ser uma namorada tão ruim? —Eu não tenho a menor ideia de como presenteá-lo. Desculpa. Eu sei que eu deveria saber, mas, eu sou péssima com essas coisas.

De volta a Terra do NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora