UM

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CAROLINE

Mais um dia em que a aula de Contabilidade Gerencial acaba e eu ia de ônibus para casa. Quarenta minutos de ônibus não era muito, mas com o carro – que meu pai nunca cedia, até porque eu não tinha carteira – seria bem mais rápido e confortável. Era óbvio que eu não podia argumentar e dizer que preciso do carro, porque sempre era derrotada pelo tom de voz assustadoramente alto de meu pai. Nem Damon conseguiria me ajudar.

Assim que cheguei, meu pai estava sentado no sofá assistindo a um reprise de uma partida de basquete. Pendurei meu casaco no pendurador ao lado da porta e passei pela sala com um simples "boa tarde", que foi respondido sem muita empolgação. Subi as escadas até o meu quarto, onde coloquei a mochila na cadeira e fui até o banheiro. Meu rosto, um pouco corado devido ao sol do meio dia, precisava de água para tentar tirar um pouco do cansaço que estava estampado.

Troquei de roupa e desci para a sala de jantar, onde o almoço seria servido pela minha mãe. Ela estava com um sorriso no rosto, mas eu sabia que era para tentar me animar. Nunca dava certo, mas eu sorria de volta. Meu pai nem nos olhou. Já estava de boca cheia e prestava atenção no noticiário local.

- Vai querer purê? – minha mãe levantou a travessa

- Não, obrigada. – não subi o olhar

Nossos diálogos à mesa eram quase todos resumidos a isso. "Quer arroz?". "Que tal um pouco de salada?". Não importa se é no almoço ou no jantar, nunca ficamos sem nos falar por causa disso. Só que não inclui o meu pai. Ele fala quando quer e o que quer, não liga se suas palavras saem como balas ou não.

Assim que acabei de comer, pedi permissão para sair da mesa e voltei para o meu quarto. A única coisa que eu tinha para fazer era estudar, já que eu só tinha meu celular – meu pai fez questão de me dar um iPhone 4 em péssimo estado com internet limitada – e ele e nada era quase a mesma coisa. Quer dizer, eu tinha os meus livros e eles eram uma ótima companhia, mas não eram pessoas.

Estudar o que não era o meu sonho não era uma coisa legal de se fazer. Eu sempre quis me formar em arquitetura, só que não era o que meu pai queria. Entre Administração, Direito e Engenharia, escolhi o primeiro. Damon pode escolher e se formou em Engenharia Mecânica, o que tentou me convencer a fazer, sem sucesso. Conseguiu um emprego na Nova Zelândia há três anos e só agora conseguiu tirar um mês de férias para vir nos visitar. Da última vez que veio, o que faz mais de um ano, consegui sair um pouco das garras do meu pai e aproveitar a noite uma única vez, o que foi libertador. Pude também voltar a ver Klaus.

Klaus Mikaelson é o melhor amigo do meu irmão. Não desgrudavam um do outro nem para fazer algumas lições de casa na época do colégio. Meu pai até hoje não gosta que ele venha aqui para a casa, pois o culpa de guiar Damon para o mal caminho, falando que era para o filho seguir os passos do pai e ter alguma glória na vida. Klaus é do tipo "homem dos sonhos". Estatura mediana, par de olhos azuis esverdeados, pele pálida, mas charmosa, corpo perfeito e um sorriso de tirar o fôlego, ele sempre esteve por perto e eu só o observava de longe. Raras eram as vezes que conseguia sair com ele, o que dá para contar nos dedos: a vez em que fomos ao cinema, há uns três anos; na sorveteria, há uns cinco; a última e mais recente, quando fomos à praia com Damon e sua namorada, Elena, em uma festa. Ele estava a definição de perfeição, com uma bermuda preta e seu corpo exposto à luz do sol. Lembro-me de precisar botar meu óculos de sol para tentar disfarçar as encaradas que eu dava, mas notava que ele também me encarava de vez em quando. Claro que eu criava expectativas, mas as via indo embora toda vez que ele aparecia com alguma garota ou que meu irmão mencionava o nome da garota que ele estava. Namorado? Acho que eu morreria com dezenas de gatos e virgem.

It Was Always You [Klaroline] - 1° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora