CAPÍTULO DEZ

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KLAUS

Botei minha única mala no banco traseiro e voltei para dentro de casa. Certifiquei-me de que tinha tudo que eu precisava e que não havia esquecido de nada. Fui até o meu quarto e fiquei parado na porta, pensando na vida e em tudo que eu e Caroline fizemos nesse quarto. Parecia que havia uma vida, a qual eu conhecia muito pouco, sendo deixada para trás. O incrível era que tudo ainda estava muito vivo.

- Está pronto? – minha mãe balançou a chave do carro – Uma pena que não vai conseguir ficar para o jantar.

- Pronto. – espantei os fantasmas – Lamento, mãe.

- Vai conseguir mesmo ficar sem vir até aqui? Eu não vou aguentar ficar mais tempo longe de você. – ela usou o tom apelativo

- Você pode ir para lá, sabia? É um pequeno sacrifício, mas pode.

- Pensarei no seu caso. Não tem mais nada a fazer? Mais ninguém para se despedir?

Eu sabia exatamente aonde ela queria chegar.

- Não, dona Esther. – pus minhas mãos em seus ombros e a guiei para a porta – Eu já falei com todos que eu tinha que dizer alguma coisa. Minha cota de abraços e despedidas já foi alcançada.

Ela dirigiu até o aeroporto a 60 km/h, o que me irritou de certa forma. O percurso que demorava uns cinquenta minutos, demorou mais de uma hora. Minha sorte foi não ter saído em cima da hora do voo.

Fui tentando guardar cada pedaço da paisagem em minha mente, pois não as veria novamente tão cedo. Estava irredutível quanto a minha volta para Los Angeles. Daqui a dois ou três anos poderia ser programada a minha volta, mas não necessariamente. A gente não pode escolher o tempo que a vida vai dar, ela simplesmente da.

Minha mãe fez questão de estacionar o carro e ficar no saguão do aeroporto até a hora que pude entrar para a sala de embarque. Foi estranho que passamos a maior parte do tempo em silêncio, mesmo sabendo que ela tinha muita coisa para falar. Sabia exatamente quando queria tagarelar e estava se segurando.

- Mãe, o que está te impedindo de falar? – segurei sua mão

- Não vá, meu filho. – apertou minha mão – Você não quer ir. Fique e lute pelo que realmente quer. Não vá embora simplesmente porque as coisas não deram certo.

- Nem tudo se resume a Caroline. Por que vocês acham que é tudo sobre ela? – exaltei-me um pouco – Eu não quero ter que ficar aqui e conviver com a ignorância do Bill. Ele nunca vai deixar Caroline andar com as próprias pernas e eu não posso ficar esperando, por mais que eu queira. Vai ser melhor para ambos se nos afastarmos. – respirei fundo – Temos muito o que crescer e amadurecer e o melhor jeito é cada um seguir com a sua vida. O que tiver que ser, será. – beijei sua testa – Não fique preocupada comigo em relação a isso.

- Vá, então. – ela me abraçou – Vocês ainda tem uma vida toda pela frente e ela ainda vai bota-los frente a frente de novo. A vida adora pregar peças na gente. – sorriu para mim – Vá e me avise assim que puser os pés em terra firme novamente.

- Eu avisarei. – dei um último abraço nela – Eu te amo.

- Eu também te amo, meu filho.

Eu havia me despedido da última pessoa que deixaria em Los Angeles. Meu coração estava mais do que apertado, mas era a hora de embarcar.

CAROLINE

Eu estava arrumando a minha mochila para as aulas na semana seguinte, mas de olho no relógio. O voo de Klaus era quinze para as oito e já eram seis e quinze.

It Was Always You [Klaroline] - 1° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora