lonely devil [ xiaodery ]

𝟎𝟓 ;; costumes

Durante a madrugada de quinta feira, Xiaojun acabou acordando de um pesadelo bobo que tivera, o primeiro de toda sua vida. Imediatamente olhou para trás vendo Hendery ainda abraçado em si, respirou fundo sentindo um pouco mais de alívio em seu peito. Tentou sair com cuidado sem que o acordasse e felizmente, deu certo. Andou cautelosamente pelos corredores e abria todas as portas de todos os quartos, vendo se todos ali estavam dormindo e se sua saída de madrugada não seria interrompida.

Após checar tudo isso, voltou até o quarto de Hendery e suspirou, saiu pela janela da sala e abriu suas asas após um tempo. Sentiu a brisa noturna passar sobre toda a extensão, era algo bom, mesmo que o que fosse fazer não acabasse bem, era necessário. Como esperado, Xiaojun iria atrás de seu aluno, tinha sério medo do que poderia acontecer com ele e apesar de tudo, sentiu um aperto no coração quando falou tudo aquilo para o mais novo.

Pegou um breve impulso e lançou-se no céu, observando toda a cidade com suas diversas luzes ainda acesas a esse horário, em alguma delas estaria YangYang. O mais novo possuía hábitos noturnos e geralmente não dormia antes do nascer do sol, era realmente como uma coruja - apesar de suas asas não se assemelharem a uma, tais quais as de Xiaojun que lembravam do animal.

O anjo permaneceu parado ali, apenas escutando o vento e o bater de suas asas, pensando onde que poderia encontrar ele. Desceu em rasante até o prédio da escola em que encontrara Hendery, depois, até a rua da casa de Yuta, nada de encontrá-lo. Quase desistiu, mas o viu no monte que conversou com o demônio pela primeira vez, desta vez, desceu e pôs-se atrás dele, estava um pouco nervoso para falar a verdade.

— YangYang... – Chamou por ele, felizmente tendo sua atenção. O mais novo virou para encarar seu mentor, seus olhos brilhavam pela luz do luar, ou pelas lágrimas prestes a sair. — Eu sinto muito, YangYang... Eu sinto muito mesmo.

O Xiao sempre fora emotivo, e não era dessa vez que seria diferente, começou a derramar as lágrimas antes mesmo de Yang e tentava limpá-las com as palmas das mãos. O mais novo quase não aguentou, iria junto com ele no mesmo momento, mas tomou força, levantou e foi até a frente dele, segurando suas mãos e fazendo com que se olhassem, olho a olho.

— Não precisa... Eu... Eu fui muito egoísta, eu tive ciúmes... Você não precisa pedir desculpas... – Realmente havia sido um pouco ciumento, mas porque não havia experienciado tais coisas antes.

— Não! Eu preciso sim! Eu falei um monte de coisas ruins pra você, eu senti uma dor imensa vendo você daquele jeito, eu não queria! – Praticamente gritou, soltando uma das mãos e a passando pela camiseta, parando onde ficava seu coração, apertando o tecido desta com certa força. — Eu não quero te deixar enquanto estamos brigados, eu não posso deixar que isso aconteça, senão terei falhado como mentor e como seu amigo... Eu quero pedir desculpas por tudo de ruim que eu já te disse, então por favor, aceite.

— Xiao, você... – Viu que mesmo se negasse suas desculpas, o amigo insistiria mais ainda, levando essa discussão até depois do amanhecer. — Tudo bem, se te faz feliz, eu aceito suas desculpas, mesmo não precisando.

O anjo mais velho sorriu, tão radiante quanto um sol. Puxou o mais novo para seus braços e o envolveu em um abraço apertado, com um brinde de suas asas ao redor também. YangYang riu como criança vendo a felicidade do mais velho, estavam os dois felizes por voltarem a se falar. Não como se tivessem parecido décadas sem isso, apenas não conseguiam ficar muito tempo um longe do outro, eram inseparáveis desde quando se conheceram.

Xiaojun logo soltou o mais novo de seus braços, o olhou nos olhos e deixou um beijinho em sua testa. YangYang apesar de muito confuso com o ato, sorriu envergonhado, passando a mão ali e depois aproveitando para ajeitar seu cabelo.