MEDO

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Ao acordar na quela manhã de segunda, Ivana não fazia idéia do que sentia.
Aquele famoso misto de sentimentos a invadiu e ela estava á meia hora sentada na cama sem rumo algum.
Olhos no relógio, esperando sua avó adentrar o quarto, que aliás estava organizado pois aproveitara sua insônia para arruma-lo.
Além de não saber o que fazer, Ivana estava preocupada com seu irmão. Até agora não havia chegado  correspondência alguma.

— Eu consigo sentir sua inquietação na esquina Ivana. — Diz o irmão do meio a qual nunca foi de conversar com Ivana.
Ele senta ao lado dela.

— Porque será né....

— Angêlo está bem, eu tenho certeza! Pare de pensar muito ou seu cérebro irá explodir. — Said insinua uma explosão com as mãos ao lado de sua cabeça.

— Engraçadinho você né Said. — Ivana faz uma expressão nada agradável a Said.

Ele a olha como nunca antes, um olhar de conforto absoluto.
Sua certeza convence Ivana que deixa seus ombros relaxarem. Ainda sentados na cama, Said a abraça.

— Eu sinto que não é só por isso que está chorando... — Said se afasta um pouco e segura nos dois ombros de Ivana. — Mas eu sei que o Nosso Deus irá te ajudar.
— Said sorri e a abraça novamente.

Ivana sabe que Said está ali presente, mas sente como se o próprio Senhor a abraçasse.

— Ta bom, ta bom. Espaço pessoal Ivana! — Said se afasta novamente de Ivana e se levanta em seguida. — Desce logo porque hoje vamos renovar a plantação pra ver se vendemos algo até sexta pra ajudar  angêlo a juntar e pagar os cobradores.

Said sai apressadamente do quarto de Ivana. Era um menino vergonhoso, evitava de falar.

Ivana decide se levantar, e após o café ela decide dar uma caminhada na vila.
Ela decide ir primeiro na loja de Alana, namorada de seu irmão.

— Bom dia! — Ivana adentra o local com um enorme sorriso a sua amiga.

— Bom dia Ivi, como vai? — Alana pergunta.

— Vou indo né, Angêlo não volta logo...— Ivana apoia no balcão enquanto sua amiga organiza alguns papéis. — Mas se você, como está?

— Acho que um pouco pior que você Ivi. —Ela da um sorriso solidario. — Seu irmão foi e antes conversou comigo. Nos acertamos, mas sinto que ele queria dizer algo a mais.

— Angêlo e seus mistérios. — Ivana revira  os olhos. — Foi-se o tempo em que ele falava tudo o que queria realmente falar. Hoje ele pensa milhões de vezes antes.

— Homens... — As duas riem.

— Eu sei que não tem nada haver, mas por conta da loja eu sei que você sabe sobre os carregamentos de outras lojas.
Você sabe se algum pedido estranho foi feito ou chegou alguma entrega diferente?

— hm... — Alana franze o cenho tentando recordar se viu algo diferente nos carregamentos. — Siimm, eu vi. Um moço  que mora a algumas casas daqui.
Ele recebeu uma mala preta, era encarregamento real viu?
Não sei se era do rei, do príncipe...mas era de lá.
Porque?

— Sabia, ninguém recebe algo pela madrugada!

— Como assim?

— Tem um depósito vizinho, e ele está fechado desde que nos mudamos pra cá.
E na madrugada antepassada eu fui me despedir de Angêlo, só que na hora em que eu estava voltando para dentro de casa, um homem tirou de lá essa tal mala preta. A vó disse que um outro homem a deixou lá em outro dia.

— Nossa, que estranho né. O que será que era?

— Não sei Alana, mas eu sinto que tenho de descobrir o que é, e para que...

— Vai se meter em encrenca em, esses homens são perigosos Ivi.

Ivana sente uma forte pontada na cabeça e a escuridão toma conta de sua vista.

Mente on:

—Ivana? — ela ouve uma voz.

— Senhor?— O reconhece.

Ezequiel 47:7

Mente off:

— Ivi?Acorda Ivi!!!— Ivana sente um cheiro forte invadir suas narinas e começa a tossir.

— Sua Bíblia está aí. — Ela mal se recupera e decide se levantar.

— Está, mas...

— Cade? Ivana começa a vasculhar a procura da bíblia.

— Aqui Ivana. — Alana aponta para uma estante a esquerda, sem entender nada.

Ivana folheia a Bíblia rapidamente até achar o verso.

"Ezequiel  47:7
E, tornando eu, eis que à margem do ribeiro havia uma grande abundância de árvores, de uma e de outra banda."

Não entendi Senhor... — Ivana suspira decepcionada.

— Eu muito menos. Você desmaia do nada e logo depois acorda querendo a bíblia desesperada. — Alana diz ironicamente.

— Eu tive um sonho "Laninha". — Ivana responde ironicamente de volta. — E nele o Senhor me levou pra um vale e disse pra eu confiar nEle e seguir pra onde Ele me mandasse ir, pois em um vales sempre existe um rio, e que Ele é o único rio que me levará ao lugar certo.
Eu perguntei como eu saberia que é Ele, e Ele simplesmente me disse que eu saberia.

— Ai Ivana, para de ser burra.— Alana vai até onde ivana está. — Qual o verso?—Ivana aponta para o verso e Alana começa a ler.
Ela le uma, duas, três vezes e nada. Então ela decide sentar em uma cadeira, e continua analisando o texto. — Ivana... Ezequiel é levado até a margem do ribeiro.— Ela olha para Ivana. — Temos um rio aqui perto e você sabe; mas pra chegar lá você tem que ir pela floresta.
Só existe uma corrente de água até ele, assim como em seu sonho.

Ivana arregala os olhos e teme.

— Mas na floresta? Será? — Ela duvida.

— Para de ser incrédula menina. Eu vou com você okay? O espediente acaba mais cedo hoje. — Ivana vai até ela e a abraça.

— Ai!! Obrigada, Obrigada, Obrigada.
É que eu tenho medo de fazer errado. — Ivana se afasta um pouco.

— Lembre-se de que os medrosos não entrarão no reino em. — Alana volta aos afazeres apressadamente.

As duas combinam de sem encontrarem após o almoço para irem a floresta.
Ivana se despede e volta pra casa animada.
Sabia que estava seguindo o caminho certo.

993 Palavras.

Por Muitos Vales [Em Andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora