Voluntárias

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Yelena P.o.v

Mamãe havia me chamado pra jantar já fazia uns 15 minutos. Mais cedo, daquele mesmo dia, ela me disse que precisava conversar comigo e Sam. Fingindo que penteava meu cabelo enquanto encarava fixamente o espelho, me perguntava o que poderia ser dessa vez. Foi quando pude ouvir meu pai dar duas batidas leves antes de abrir a porta.

- Vamos lá, filha? - Os cabelos escuros e molhados do mais velho indicavam que ele acabava de sair do banho. Guardei o pente na primeira gaveta da minha penteadeira e segui em direção a cozinha. Me sentei na cadeira ao lado da minha irmã e peguei um prato, pronta pra me servir e com a esperança de que minha mãe havia esquecido seja lá o que ela queria conversar. Pode parecer que estou exagerando, mas mamãe nunca nos chama pra "conversar". Coloquei a macarronada no meu prato, quase certa de que seria mais um daqueles típicos jantares silenciosos aqui de casa, levei a primeira garfada a minha boca. Minha mãe deu um gole no seu suco e era nítido que ela estava inquieta, como se não soubesse como iniciar o assunto. Foi quando Samantha decidiu acabar de vez com a inquietação de todos e fazer uma pergunta.

- Sobre o que você queria conversar, mãe? - A loira ao meu lado largou o garfo e apoiou os cotovelos dobrados em cima da mesa, esperando uma resposta.

- É um assunto delicado. - Mamãe também largou seu garfo e olhou pra papai, que era o único que continuava comendo, como se não quisesse participar do assunto. - Esse é seu último verão aqui, antes de ir pra faculdade, Yelena. - Ela olhou pra cima, como se buscasse as palavras certas. - E uma coisa tem preocupado eu e seu pai. - O homem, que até então se concentrava em sua comida, levantou lentamente o olhar e o direcionou pra mim. Eu e Sam nos olhamos, intrigadas. - Você vai pra uma faculdade longe de casa, talvez venha uma ou duas vezes no ano nos visitar. - Ela colocou o cabelo atrás da orelha. - Somos seus pais, sabemos que nossa relação não vai mudar e estamos muito orgulhosos de você ter conseguido uma vaga em Oxford. - Ela olhou pra papai, como se buscasse ajuda e ele continuou.

- Estamos preocupados com a relação de vocês duas. - Novamente olhei pra Sam, que estava com as sombrancelhas arqueadas esperando que papai explicasse melhor. - Vocês mal se falam aqui, vivendo juntas. - Ele deu um gole no suco. - Como vai ser quando cada uma seguir sua vida? Eu e sua mãe não viveremos pra sempre. - Eu debrucei na cadeira tentando entender a onde eles queriam chegar. - Vocês farão jantares em família? Viagens? Seus filhos serão unidos? - Assim que ele terminou Sam deu uma gargalhada e balançou a cabeça.

- Estamos falando sério, Samantha. - Mamãe voltou a falar. - Quando fui pra faculdade, minha irmã estava lá pra ser meu suporte e acredite em mim, Yelena, você vai precisar de um.

- A gente sabe que tem coisa que é chato de falar com os pais. É pra isso que servem os irmãos. - Papai completou.

- Acho que tá um pouco tarde pra trabalhar essa relação, não? - A loira ao meu lado ergueu as sombrancelhas. Mamãe fez menção de responder mas Sam não deixou. - Era só isso? - Ela se levantou e a mulher a minha frente voltou a falar.

- Eu e seu pai tomamos uma decisão. - Samantha Parou diante a mesa e encarou nossos pais. - Vocês prestarão trabalho voluntário juntas nesse verão. Pode ser uma boa oportunidade de passar mais tempo juntas. - Eu levantei da mesa e Sam deu dois passos pra trás.

- E o acampamento da escola? - A mais nova perguntou, em um expressão de raiva.

- Simples, você não vai. - Mamãe afirmou e eu fui embora pro meu quarto. Sabia que discutir não adiantaria, e mais um voluntariado não iria fazer mal pro meu currículo.

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