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𝘑𝘑 𝘮𝘢𝘺𝘣𝘢𝘯𝘬

Acordei muito cedo, ainda estava escuro. Levantei da cama e fui na varanda fumar quando vi o carro de Rafe estacionando na frente. Levantei e abri a porta.

-O que tá fazendo? São cinco da manhã! -Digo indo até ele.

-Tô sem sono, quer um trago? -Ele pergunta.

-Já tenho o meu. -Digo sentando no sofá.

Rafe é o tipo de cara mimado que você gosta de sair. O cara tem tudo, mas prefere ficar andando com a gente, fumando e bebendo. Vai entender.

-E aí? -Ele diz.

-Rafe fala a verdade, por que tá aqui esse horário? -Olho para ele.

-Cara... Meu pai me expulsou de casa. -Ele ri. -Me viu cheirando pó e falou pra eu me mandar.

-Caralho, Rafe, você só faz merda hein. -Balanço a cabeça em negação olhando pra frente.

-Vou ter que ir morar com Topper provavelmente, mas quem liga. -Ele dá os ombros.

(...)

Se passaram duas horas e Cleo apareceu.

-E aí, onde está o Pope? -Ela diz entrando.

-Aqui! -Ele corre para a porta.

-Ótimo, vamos pescar, tá na hora.

Esses dois pegam muito peixe, são os maiores patrocinadores do The Fish, onde eu trabalho. Saem quase todo dia cedo para pescar.
Rafe estava dormindo ao meu lado e roncando igual um trator.

Peguei meu celular e gravei ele.

-Olha meu tratorzinho particular galera. -Rio enquanto o gravo e logo depois mando no grupo dos Pogues e o Rafe e Topper.

Decido levantar para me arrumar. Coloco o shorts jeans preto e minha camisa do trabalho, branca com a logo do restaurante, e saio de moto.

Quando chego no lugar, vejo Luke, de novo. Tento o ignorar mas ele segura meu braço.

-Onde vai? -Ele diz.

-Pra Cordilheira dos Andes. Onde acha que eu vou? -Reviro os olhos e saio andando.

-Não seja assim com seu pai. -Ele ri.

Decido o ignorar e começar meu trabalho, mas ele senta e não vai embora.

  -Vai ficar me encarando aqui mesmo? -Largo as cadeiras que estava organizando e olho para ele.

  -Tem algum problema? -Ele diz.

  -Tem, Luke. Eu estou no meu trabalho, ganhando o meu dinheiro enquanto você está aqui enchendo a porra do meu saco.

  -Eita, não se estressa não filhão. Já tô indo. -Ele ri de si mesmo. -Só não esquece que hoje nós vamos jantar juntos.

  Merda, eu marquei com ele faz um mês. Que ódio de mim mesmo.

Torci para o dia passar devagar, mas passou voando. Cheguei na casa de Luke e bati na porta.

Nada. Sentei na escadinha da frente e fiquei esperando. Dez, Vinte, Trinta, Quarenta minutos e nada.

  -Eu vou embora. -Digo para mim mesmo enquanto levanto.

  Vou até a moto e levo um susto com a figura masculina que toca meus ombros.

  -Que porra?! -Grito.

  -Onde vai, filho? O jantar nem começou! -Ele estava bebado, muito bebado.

  -Vou embora, fiquei plantado aqui te esperando e nada de você aparecer. -Coloco meu capacete.

  -Fica JJ! Eu sou seu pai, faz esse esforço por mim! -Ele me abraça.

  -Não acha que já fiz muito esforço por você? -Me desvencilho.

  Luke começou a chorar. Merda Merda Merda.

  -Tudo bem, eu fico. -Desço da moto. -Onde você estava?

  -No bar. -Ele ri. -Mas agora estou com você, não é essa a melhor parte.

  -Acho que você deveria deitar e dormir. -Coloco a mão em seu ombro e ele bate nela.

  -Não! Não preciso, preciso de você aqui! -Ele segura meu punho com força.

  -Luke, me solta, eu não quero te machucar. -Tento manter a calma.

  -Olha nos meus olhos JJ! Vai me machucar? -Ele ri.

  -Eu sou a porra de um boneco para você? Acha que pode me manipular quando quer?

  Me solto e subo na moto.

  -Eu te amo filho! -Ele diz chorando quando dou partida.

  Começo a chorar descontroladamente e estaciono minha moto perto ao meio fio para sentar em um banco em frente a praia. Não posso dirigir assim. Sua voz fica em minha cabeça
"Eu te amo filho. Eu te amo filho. Eu te amo filho. Eu te amo filho. Eu te amo filho. Eu te amo filho. Eu te amo filho."
"Preciso de você aqui. Preciso de você aqui. Preciso de você aqui. Preciso de você aqui. Preciso de você aqui. Preciso de você aqui. Preciso de você aqui."
 
  Meus pensamentos são interrompidos por uma mão fria que toca meu braço. Me viro com os olhos vermelhos e vejo Kiara me olhando preocupada.

  -JJ? Tá tudo bem? O que aconteceu?

  Não respondo. Apenas choro muito. E ela me dá um abraço apertado envolvendo minha cabeça com as mãos e acariciando.

  -Ei, calma... -Ela sussurra.

  Eu realmente precisava daquele abraço naquele momento.

  -Sabe...Quando a gente tá assim, prestes a cair de um penhasco, é sempre bom tem alguém pra te segurar e evitar que você caia... Eu tô aqui pra te segurar JJ. Pra você não cair.

𝐈𝐓 𝐄𝐍𝐃𝐒 𝐀𝐓 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐄𝐀; 𝐣𝐢𝐚𝐫𝐚 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora