Cristal quebrado🎭

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Sabe quando se acorda com um aperto esquisito no peito e fica o tempo todo com aquele pressentimento de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento?

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Sabe quando se acorda com um aperto esquisito no peito e fica o tempo todo com aquele pressentimento de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento?

Minha espinha dorsal era como uma onda elétrica que me fazia arrepiar involuntariamente dos pés a cabeça à caminho do trabalho. Quando cheguei na Boutique e percebi que o estabelecimento já estava aberto, com o senhor Cha e Taehyung me esperando, entendi o motivo de me sentir assim. Eu sempre era primeiro a chegar e o último a sair, então se o meu patrão e o funcionário preguiçoso dele usaram a chave reserva para estarem ali tão cedo, alguma coisa incomum tinha acontecido e pela cara dos dois, não era notícia boa. Entretanto a última coisa que iria imaginar seria o senhor Cha assistindo comigo, novamente, as imagens da única camera da loja. Isso depois que Taehyung o alertou sobre meu comportamento estranho das últimas semanas. Camera essa que julguei, erroneamente, estar em desuso ou até mesmo quebrada, usada apenas para intimidar alguma tentativa de furto.

Mas não era.

— Jeon Jungkook... — o chão sumiu dos meus pés, pensei que iria desmaiar ao ser pego no flagra. Não tinha como negar, era meu rosto ali no monitor, rindo, cantando, tocando com devoção o rosto do ruivo... lhe beijando. — Que comportamento depravado é esse?! Explique-se! — rosnou o outro,  batendo os punhos na mesa no final da gravação.

— Não era minha intenção, senhor Cha... — murmurei, sem coragem de encará-lo.

— Enlouqueceu, garoto?! Está dançando e flertando com um manequim? Um manequim!

— Estava m-me sentindo solitário, s-senhor...

— E precisava ser com um boneco?! Queria acabar com sua carência agarrando uma coisa de plástico, rapaz?! — neguei, mas na verdade queria retrucar e dizer que Jimin não era uma "coisa". — Fez isso todas as noites? Hein? Me responda!

— N-não... Não fiz n-nada demais...

— O que tinha em mente, Jungkook? O que faria depois caso não visse essas imagens?! — continuou me interrogando ao passo que me encolhia feito mola, cada vez mais.

— Nada, c-chefe... O de sempre, apenas c-conversar. Só isso.

— Não sei se devo acreditar em você. Sinceramente, não sei! — serrou os dentes, enraivecido.

— Ele devia estar planejando ir a um motel barato com o manequim. Se é que não já foi. — comentou o traidor.

— O quê?! Não, não é v-verdade. Eu juro!

— Com um manequim, Jungkook? De onde tira essas ideias sujas? — disse enojado, enquanto Taehyung permanecia com um sorriso debochado nos lábios. — Nosso ambiente de trabalho merece no mínimo respeito! E você estava namorando com um boneco?!

Minha vontade era de desaparecer, deixar de existir diante de tanto constrangimento... Não, eu queria ir embora, sim, mas levaria Jimin comigo. Ele não tinha culpa de nada.

— Perdão, s-senhor... — sibilei, apertando a barra da minha blusa com força até os dedos ficarem ser cor. Minha voz embargada era quase nula diante dos gritos do aposentado, que poderia ser escutado facilmente por quem passasse pela calçada. — Não farei de n-novo, me desculpe...

— Não fará mesmo, porque está demitido! Saia da minha loja agora! — apontou o dedo para a saída, então levantei meu rosto, acordando do meu torpor.

Estava apavorado.

— Senhor... Não por favor, n-não faça isso! — me ajoelhei nos pés do mais velho, juntando minhas mãos e curvando minha cabeça até minha testa alcançar os sapatos polidos do mesmo. — Não me demita, preciso muito desse emprego, Senhor Cha!

— Eu deveria chamar a polícia!

— Não é para tanto chefe... — murmurou o Kim, talvez arrependido por insinuar que eu tive relações sexuais com o manequim.

— N-não chame a p-polícia, por favor... Juro pela minha mãe que nunca fiz nada com Jimin!

— E ainda deu um nome para o manequim?! —  questionou, amargo.

— Caramba, garoto. Por que você é ridículo... — comentou o Kim, desnecessariamente, balançando a cabeça em negação.

— Perdão, p-perdão, senhor Cha! Me dê outra chance, n-nunca mais farei isso! Por favor, eu sustento minha f-família com o dinheiro que ganho aqui... Tenha piedade, p-por favor... — supliquei outra vez, chorando horrores.

O homem suspirou pesado. Seus sapatos já estavam ficando embarcados com minhas lágrimas.

— Tudo bem... Levante-se. — disse por fim, segurando meus ombros para me erguer. — Mas esse será o último aviso! Não se aproxime do manequim, nem do setor masculino! Ouviu? — funguei, mais aliviado por ainda ter meu emprego, porém a dor ali no peito era tão aguda que me impossibilitava de respirar normalmente. — Você ficará aqui no caixa por um tempo.

— C-como quiser, chefe...

O mais velho levantou exaltado, enquanto permaneci ajoelhado. Minhas pernas tremiam, a cabeça girava pelos últimos minutos serem tão aterrorizantes. O medo palpável me dizia de que nada seria igual dali em diante. Uma vez tendo a confiança de outra pessoa quebrada, era como um cristal que se tentava colar, mas rachaduras estavam visíveis demais para passarem despercebidas.

E eu já estava no meu limite.

— Se fizer isso novamente, vai se ver comigo, entendeu, Jungkook?! E você Taehyung, irá se desdobrar nas duas sessões até que eu resolva essa confusão... Deveria vender tudo e viver com minhas economias. — resmungou, limpando as gotículas de suor que se aglomeravam nas têmporas calvas. — Ao trabalho, vamos, vamos não quero moleza!

Assenti rápido, indo para trás do balcão. Não poderia desperdiçar essa chance, mas definitivamente eu não estava bem... e nem ficaria, estando longe dele.

🎭

Que aperto no coração, né? E se eu disser que vai piorar? 👀

Aguardem, amanhã trago outro capitulo.
😥💔

ManequimOnde histórias criam vida. Descubra agora