Amigos e rivais🎭

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— Não adianta

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— Não adianta. Pode tentar, o quanto quiser enfeitar ela, porque olha só. — indiquei com a cabeça o ruivinho. Os últimos raios de sol que passavam pelo vidro da vitrine faziam as íris castanhas inertes virarem um mar de luzes douradas. Definitivamente Jimin parecia sorrir com os olhos. — Joias. — impliquei, fazendo o mais alto ficar confuso no começo, para só depois entender meu tom carregado de deboche e mostrar a língua, antes de sair pisando fundo. — 'Tá olhando o que, baranga? — virei o rosto da boneca com raiva, evidenciando toda minha pose de macho alfa enciumado.

As vendas na sessão masculina estava indo muito bem, obrigado, e eu dava todos os créditos ao manequim bonito, que parecia um anjo de tão resplandecente que ficava com aquelas bijuterias.

Taehyung e eu, de repente, viramos competidores acirrados. Cada pessoa que entrava na loja era bombardeada por perguntas, sorrisos forçados e cortesias sem fim. Valia de tudo, até oferecer massagem nos pés. Isso tudo por causa do bónus que o senhor Cha me deu no dia anterior. Mordido por nunca conseguir arrancar um elogio, muito menos um dinheirinho extra do "padrão mão-de-vaca", o Kim deixou a comodidade de lado e resolveu trabalhar de verdade. O problema é que eu também não gostava de perder, então o espírito de competição baixou nos dois únicos funcionários da Boutique, o que foi uma novidade excelente para o aposentado, sorrindo de orelha à orelha com aquele reboliço.

— Queria te perguntar isso desde cedo, porém só agora tive oportunidade, então serei direto, Jimin. — sussurrei no ouvido do manequim, ajeitando seus fios avermelhados. Eram tão sedosos... — Você... quer sair comigo, Jimin-shii? — pigarriei. — Será apenas um passeio, já que seria estranho demais irmos a um restaurante, mas uma caminhada pela orla seria perfeito e romântico, não acha? Sempre quis levar alguém lá, andar de mãos dadas... Quer ir comigo? — esperei um segundo inteiro e logo abri um sorriso grande, entendendo que sim. — Então até mais tarde, ruivinho.

Dei um passo para trás, me afastando, porém estanquei  arregalando bem os olhos quando minha blusa ficou enroscada em sua mão.

O que era aquilo?

Com o coração martelando e uma leve tremedeira em minhas pernas, murmurei:

— Desculpa, preciso trabalhar. — tirei gentilmente minha blusa de seus dedos e com um pouco mais de coragem, selei meus lábios em seu rosto frio. — Tchau, hyung.

🎭

A noite chegou e com ela o frio no estômago. A adrenalina corria em minhas veias ao ponto de me deixar excitado e nervoso. Não podia ser pego, mas já era tarde para voltar atrás, uma vez que fiz o convite a Jimin.

— Já vou indo. — anunciou o Kim com o evidente bico nos lábios, aquele que fazia toda vez que estava chateado.

Claro que o folgado, ainda que aparentemente brigado comigo, iria embora cedo.

— Ei, espera! — exclamei antes que ele desaparece como poeira no ar.

Taehyung virou nos calcanhares e arqueou as sobrancelhas bem desenhada,  dizendo com a voz entediada:

— Não vou limpar nada, Jungkook! — cruzou os braços esperando eu atacar.

— Bom... É até legal ver você se empenhando para vender mais peças. — comecei cordial. — Não vou negar que foi bem divertido vê-lo cantando ópera enquanto desfilava com um vestido vermelho só para ganhar as risadas das clientes, mas no fim... É cansativo, sabe? Não quero esse clima chato entre nós, como se fôssemos inimigos mortais. — aos poucos o mais velho foi perdendo a pose marrenta, piscando lentamente quando estendi a mão em sua direção. — Amigos de novo?

— Hum... Pode ser. — resmungou, apertando firme minha destra e selando nosso tratado de paz. — Mas você sabe que sou o melhor vendedor, certo?

— Com certeza! — elevei seu ego, fazendo o outro sorrir satisfeito. — Você é o melhor, sem duvidas! 
— sorri de volta. — Então até amanhã. Tenha uma ótima noite, Tae-sshi.

— Você também, Kook-ah.

Mais aliviado por deixar as coisas como estavam, esperei o mais velho sair para colocar a plaquinha "fechado" e fazer divinamente a limpeza da loja, mas dessa vez superficialmente pois não queria transpirar muito e ir fedido para o nosso encontro.

— Também está ansioso, Jimin-sshi? Prometo que será uma uma noite inesquecível. Vamos nos divertir muito hoje! — cantarolei.

Estava tão feliz vestindo o ruivinho com roupas mais formais, que nem notei a porta da loja sendo aberta e alguém escutando parcialmente minha interação com Jimin.

Taehyung já estava desconfiado em eu viver colado com o manequim, limpando, zelando pelo boneco como se fosse a coisa mais delicada e preciosa do mundo, porém saber que eu tinha criado um vínculo maior com um objeto de plástico, fez o Kim guardar um julgamento errado e sair de lá silenciosamente.

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Tenso, né? Volto amanhã!
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ManequimOnde histórias criam vida. Descubra agora