Encontro marcado🎭

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Óbvio que o motorista achou estranho eu entrar com um manequim às sete da noite no seu táxi, mas não queria dar diretamente uma desculpa esfarrapada, até porque não era da sua conta, então peguei o celular fingindo estar falando com alguém

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Óbvio que o motorista achou estranho eu entrar com um manequim às sete da noite no seu táxi, mas não queria dar diretamente uma desculpa esfarrapada, até porque não era da sua conta, então peguei o celular fingindo estar falando com alguém. Quem disse que eu não tinha meu lado ator?

— Sim, já estou saindo. O manequim está comigo... Dinheiro à vista ou nada feito! — me exaltei com o cliente imaginário. — A mercadoria é de excelente qualidade, você verá. Sim, sim... Certo, até mais. — dito isso, guardei o aparelho no bolso e bufei, cruzando as pernas e esticando meu braço pelo assento, até alçar o ombros de Jimin para abraçar seus ombros. — Amadores... Pode baixar o vidros, ajushi? Está quente aqui.

O outro atendeu de prontidão, fazendo assim o vento gelado bagunçar meus fios. Já podia sentir o cheiro da maresia e o barulho do mar ao fundo. Fechei meus olhos por um instante com a sensação de falsa liberdade, quando na verdade era uma fuga. Longe da monotonia, longe da minha vida entediante, longe das amarras que me faziam fingir ser alguém que não era, eu sorri sem perceber.

Depois de meia hora em total silêncio, apenas quebrado pela música baixinha do rádio, paramos em frente ao calçadão quase deserto. Algumas pessoas passavam ali de bicicleta ou patins, mas não paravam, então achei perfeito para nos afastarmos mais e sentar na areia da praia.

Graças as pernas flexíveis de Jimin, isso foi possível.

— Olha o que eu trouxe! — disse empolgado me ajoelhando para tirar o champanhe da mochila que tinha levado, assim como a toalha chadrez sob Jimin.

O ruivinho estava mais lindo do que nunca com uma roupa clássica dos anos oitenta: terno vermelho, um colete por baixo na mesma cor contrastando com a blusa branca e a inconfundível calça boca de sino. Tinha retirado seus sapatos e os meus para ficarmos mais confortáveis.

— A lua está maravilhosa, não acha? — falava enquanto enchia os copos de plástico descartáveis. — Vamos brindar: ao primeiro de muitos encontros que virão! — sorri bobo, batendo o copo no outro. Engoli o líquido com uma careta e depois encostei a borda nos lábios do manequim, simulando ele ingerir. — Não sou de beber, mas hoje a noite é especial, então vamos só aproveitar? — mordi meus lábios antes de virar o champanhe e fazer outra careta.

Já estava ficando tonto.

Soltando o ar audivelmente, admirei o homem, ou melhor, o boneco à minha frente. Sua pele ficava ainda mais real sob a luz do luar, então quem olhasse de longe, pensaria que um casal estava namorando ali, o que não era tudo inverdade visto que eu sentia algo pelo manequim.

— Já olhou alguém e teve a impressão de que a conheceu em algum lugar, ou mesmo em outra vida? Como se o fio vermelho do destino te prendesse a ela... Quero dizer, no momento que te olhei tive um djavu e foi bem perturbador, porém quis acreditar que era apenas impressão. Afinal, sua aparência é bem impactante... No bom sentido!

Fiquei ao seu lado, para ver as ondas do mar quebrando nas pedras posição.

— Para você, não é novidade, mas nunca contei para ninguém minha verdadeira sexualidade. — comecei a cutucar a areia com os dedos, fazendo desenhos. — Quando era criança, gostava de brincar de boneca com a vizinha, que tinha a mesma idade que eu... Na minha inocência, não via problema algum em fazer uma vozinha fina e tomar o chá de  mentirinha nas mini xícaras rosas, já que minha amiguinha às vezes também jogava bola no quintal comigo. Contudo, no dia em que meu pai viu, ficou transtornado, quase arrancou minha orelha pelo puxão que deu! — funguei, lembrando do seu olhar duro, do meu pai gritando com minha mãe por ela te sido branda demais com minha educação e isso me tornar uma criança "afeminada". —  O problema era que tudo que eu gostava parecia torto, errado aos olhos dele... Quando jogava futebol no time da escola e depois do treino todo mundo ia tomar banho, eu fugia do vestiário com a desculpa de que ali era um ambiente sujo e preferia o meu chuveiro. Achava melhor levar o título de fresco do que ser apontado como "bichinha"... Pois com certeza iria ficar evidente de mais minha atração estranha por meninos. Eu... evitava toques, abraços, ficava nervoso quando falavam de garotas, porque não sabia o que dizer. Meu pai, como um religioso extremista, tinha o sermão sempre na ponta da língua para todas as minhas atitudes, fosse na forma de falar, andar ou até de pensar. Então eu era meio que robotizado na maioria do tempo, entende? Ele podia tentar mandar em tudo... mas não no meu coração, não na minha essência.  — dei uma risada sem humor. — Só eu sei o que é deitar a cabeça no travesseiro todas as noites e imaginar diferentes realidades em que posso me impor a essa sociedade tão... tão podre de espírito, sabe? Esse mundo não me merece, Jimin-sshi. Por que ser diferente é tão errado? Odeio isso...

Minha voz falhou e ri de verdade da minha desgraça. Estava chorando em um encontro na praia? Quão patético era por estragar todo o clima romântico? Limpei os olhos, com brusquidão, me negando a derramar alguma lágrima.

— Desculpa por parecer um bebê chorão... Quando estou com você, me sinto mais emotivo. Não liga, não, tá? Vem... — disse de repente, colocando força na terra fofa ao pegar Jimin no colo. — Vamos caminhar na beira da praia, hyung!

Fui para pertinho da água molhar meus pés, então de praxe olhei para o ruivinho.

— Mas o que...? — Podia ser efeito do álcool, entretanto juro ter visto uma lágrima descer pelo rosto dele.

Quando tentei enxergar melhor, uma onda mais forte me pegou desprevenido e me desequilibrei, quase caindo com ele na água gelada.

O que seria um desastre, vamos combinar?

Já recuperado do quase tombo, voltei para o mesmo lugar. Tinha sido uma péssima ideia ir ali. O manequim poderia não se resistente a maresia.

— Hey, baby, não precisa ficar triste. — acariciei seu rosto com ternura, me aproximando mais para fitar seus olhinhos. — Agora que te encontrei, não me sinto tão sozinho. 

Dito isso, me inclinei mais um pouco e findei o pequeno espaço selando seus lábios fartos de silicone.

Me perguntei, enquanto beijava seu rosto e afundava meu nariz em seu pescoço cheiroso, se para o amor existia algum limite, porque amar Jimin parecia ser muito fácil e meu coração gritava dizendo que poderia, sim, bater por nós dois.

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Se tiver errinhos é porque não revisei. Tô caindo de sono zzzzzz
Agora vcs entendem porque Jungkook é assim?

ManequimOnde histórias criam vida. Descubra agora