A Luta (PT 1)

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{Sergio}

Acordei caindo de cara no chão. Em um chão peludo e fofo e até então desconhecido. Abri os olhos e percebi que eu estava na sala de Andrés e havia caído de seu sofá em cima de seu tapete felpudo provavelmente mais caro que todos os meus órgãos juntos. Se bem que, parando para pensar, com o tanto que eu bebia, meus órgãos não estão valendo lá aquelas coisas

Sacudi minha cabeça me livrando dessa piada bizarra e autodepreciativa que acabará de fazer provavelmente fruto da convivência com Andrés. Minha cabeça doeu tanto que eu ainda me surpreendia em como eu esquecia dessa dor toda vez que eu virava sem dó um copo de whisky. Me levantei um pouco tonto e me equilibrei - ou tentei - um pouco na parede de sua sala

De repente, talvez por conta do movimento ligeiro que eu havia feito, senti um enjôo absurdo e corri para o banheiro. Senti que colocaria todos os meus órgãos pra fora. Um gosto terrível que fazia arder e amargar minha garganta junto ao arrependimento por ter bebido como se não tivesse o amanhã, já que pelo visto, tinha. Ouvi passos atrás de mim e supus que era meu irmão. Em seguida ouvi seus passos continuarem até a sala de jantar. A casa de Andrés era muito luxuosa e talvez a única que eu conhecesse que ainda havia um cômodo destinado para fazer apenas refeições

Me levantei e lavei minha boca e rosto. Em seguida fui ao encontro de Andrés. Ele estava sentado na enorme mesa que havia naquela sala com um copo de cafe e um celular em mãos. Muito puto e tentando fazer que ignorava minha presença exatamente igual das outras vezes quando ele me salvava de alguma merda enquanto eu estava totalmente embriagado. E eu não aguentava mais passar por aquilo e fazer com que meu irmão passasse. Não aguentava mais me sujeitar por esse tipo de coisa

- Me desculpe, Andrés - Disse sentando ao seu lado

- Eu pensei que dessa vez fosse dar certo, Sérgio. Eu realmente acreditei em você dessa vez. E isso porque você estava oque? Pouco mais de uma semana sem beber? - Ele disse muito bravo, e eu não tirava sua razão

- Eu também acreditei, Andrés...Eu também acreditei - Bufei levando as mãos até meu rosto

- Eu te segui ate a pista de Nero. Você estava com uma quantia enorme de dinheiro e apostaria oque sobrasse de seu carro e a grana em um racha, e isso tudo na porra do estado que você estava, Sérgio! Porra! Você só pode estar ficando louco! - Ele ia contando e aos poucos eu me lembrava - O seu carro está novinho e você não conseguiria dar dois passos sem tombar. Eu juro que da próxima eu deixo você se foder naquela merda e que se foda!

Ele cuspiu aquelas palavras com fúria. E eu mal sabia oque dize-lo, eu estava completamente errado em tudo. Conforme Andrés ia falando eu ia me recordando dos fatos. Mesmo muito chapado, eu não consiguia parar de pensar em Raquel. Sua imagem não saia de minha cabeça um só minuto. E tal como eu faço quando estou sóbrio e tão fudido que tenho a sensação de que não sou capaz de sentir absolutamente nada, pego meu carro e vou até a pista de corrida para que a adrenalina me fizesse sentir mínimamente vivo novamente

- Ah! E eu não sei o que você fez com Raquel. - Ele disse seu nome e meu coração acelerou dolorosamente - Mas vi você a levando do bar com tanta brutalidade e arrasta-la para seu escritório que quase fui atrás de vocês. Além disso, ela saiu de lá com pressa e Helsinki me disse que ela quase mata Julia na saída da boate

- Como é que é? - Perguntei em estranhamento ao que Andrés disse sobre Raquel e Julia. Ter as duas em uma frase só já me assustava, naquela contexto então...

- Eu não entendi muito bem, mas parece que Raquel e Júlia se estranharam do lado de fora da boate e tua loira queria engolir a outra viva! Fosse você tinha cuidado com essa mulher! Se bem que tá merecendo uma surra mesmo, eu é quem não separo! Eu vou deixar, por mim ela pode te matar se quiser... - Andrés brincou com seu sorriso debochado. As vezes parecia que o mundo poderia estar se acabando em chamas que Andrés estaria fazendo piadas sobre a situação e oferecendo bebidas flamejantes

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