Estoy Contigo

A Luta (PT 2)

Eu estava fudido... Totalmente fudido...

A apresentação acabou e Raquel estava do jeito que eu mais gostava de vê-la: suada, vermelha e sorridente. Para minha desgraça não estava sobre meu colo como eu gostaria de tê-la logo após a apresentação. Mas me senti leve pois ela parecia feliz. Aproveitei cada rebolado dela saindo do palco enquanto sentia que morria a cada passo que ela dava em direção ao final do palco. Seria a última que a via ali em cima...

Suspirei fundo. E me preparei para descer as escadas e retornar a mesa. Raquel já tinha ido para o camarim. Olhei uma última vez para o palco e desci

{Raquel}

Como eu já esperava, Sérgio babou por mim toda a apresentação. Cantei a música que ele havia escolhido para mim. Dessa vez, ele nem mesmo tentou disfarçar nada. Parecia hipnotizado. E eu amava deixá-lo assim

Fui até o camarim me despedir das meninas. Todas me abraçaram com carinho. Ficamos conversando sobre algumas coisas e quando ia me preparando para ir embora. Sérgio apareceu

As meninas se olharam confusas mas saíram do camarim em seguida. Quando elas se foram, sobraram no ambiente apenas eu, Sérgio, e aquele silêncio agoniante que restou de nós dois. Se antes apreciavamos nossas companhias, agora nem mesmo conseguíamos respirar o mesmo ar sem que fizesse presente toda aquela carga energética massiva no ambiente. Olhei para os meus próprios pés e já ia me retirando do ambiente passando por ele quando ele resolveu quebrar o silêncio

- Hum, hum... - Ele pigarreou ajeitando os óculos de forma que entregava seu nervosismo - Antes de você ir, eu preciso falar com você, Raquel - Disse pausadamente olhando para o chão

Meu coração aqueceu pesando algo bom daquilo. Teria chegado o momento no qual cessaria todo aquele peso e aquela dor que eu trazia comigo desde que terminamos?

- Bom, eu já estava de saída, então... - Disse e ele pareceu nervoso. Não demorou com o olhar no meu e logo voltou a mirar o chão. Os braços estáticos rentes a lateral de seu corpo alto o deixavam estranhamente delicado e fofo. Respirei fundo lembrando dele daquela mesma maneira ruborizado de vergonha sobre o tapete em minha porta e quase suspirei de paixão

- Bom...Hum... - Ele gaguejou nervoso e eu quase tive a certeza de que naquele exato momento ele explodiria em um surto de palavras bonitas e desesperadas, e me pediria perdão e imploraria para que voltássemos oque éramos antes

- Hum... Então, por favor... Me acompanhe até meu escritório... - Ele disse seco e tentando esconder o nervosismo que sentia. Tão logo disse e me deu as costas caminhando para fora do camarim

Estranhei mas logo o segui. Consegui sentir cada latido de meu coração mesmo sob as batidas fortes da musica que tocava. Sérgio seguiu a porta ao lado do bar que dava a sua sala e em nenhum momento olhou para trás para ver se eu o seguia. Ele andava ereto e tenso, como se estivesse incomodado com algo. Abriu a porta do lado do bar e me deu passagem para que eu adentrasse. O fiz e ele fechou de volta, passando rente a mim, que estava colada a parede. O pouco espaço fez com que friccionassemos um pouco e eu quase suspirei por senti-lo tão perto pela primeira vez naquela noite. Ele subiu as escadas e eu o segui. Acendeu as luzes e eu adentrei naquele lugar que está quase se tornando rotineiro pra mim. Entramos em seu escritório e eu não sabia como reagir

Engoli seco e fiquei de pé atrás de sua porta bem perto de sua mesa. Ele caminhou apenas mais alguns passos em seu pequeno escritório e parou em minha frente. Nossas distâncias eram afastadas o suficiente para evitar qualquer tensão se fizesse presente, ou quase qualquer tensão...