Capitulo 12 - Matteo

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Matteo andava de um lado para o outro no escritório enquanto Ozan o explicava quem era Beatrice Grecco.

- Não consigo entender Ozan. Como essa menina, com sobrenome dos Grecco, veio parar em minha casa? Como isso poderia ser coincidência?

- Matteo, eu também não sei te explicar, mas essa é a verdade. Eu procurei em todos os registros, entrei em contato no consulado brasileiro, vi quando os pais dela chegaram ao país, os registros e nomes. Está tudo documentado. Ela morava no interior de Santa Catarina. Seu pai tinha uma produção independente de café e criava alguns animais. Eles são pessoas simples. Eles não viviam uma vida de riqueza.

- Ele não seria um desertor? Ele talvez não teria fugido e se escondido?

- Não há nada que aponte isso. Pelos registros, eles não tem nenhuma ligação com Palermo.

- Eu custo acreditar que isso foi uma coincidência Ozan. Matteo disse, já sentindo um gosto amargo na boca. Ele queria ter razão, porque se não tivesse, isso significaria que foi muito injusto com Beatrice.

- Beatrice foi criada até os 17 anos de idade com os pais, quando eles morreram em um acidente de carro. Ela estava junto e sofreu alguns machucados. Depois disso, a guarda foi dada a um parente que também morava no Brasil. Assim que ela completou 18 anos, deu entrada para saída do país e veio para a Itália. Não se sabe ao certo o que ela fez durante 1 ano, até que se tem registro dela morando com uma tia aqui na Sicília. A tia morreu no começo desse ano e a menina está sozinha.

Matteo transpirava enquanto pensava. Quando leu o sobrenome dela naquele arquivo, ele via tudo vermelho à sua frente. Seu sangue ferveu e se lembrou apenas de quando os pais foram mortos por aquela família. Matteo havia prometido se vingar de todos eles, um por um, e a cada ano que se passava, ele os atacava de alguma forma, quebrando vértebra por vértebra da espinha que os mantinha de pé.

- Eu acredito que a babá agora deve ir embora, ela realmente estava assustada. Ozan disse, o despertando. Matteo arregalou os olhos ao perceber que ele seria o culpado da pequena menina chorar. Ele também não teria mais aqueles olhos esmeraldas por perto ou ouviria sua doce voz. Matteo correu até sua mesa e ligou para os seguranças, ele não podia deixar que ela saísse antes de conversar.

- Pode ir Ozan, me deixe sozinho.

- Matteo, tem certeza? Olha, você ainda está nervoso...

- Eu quero ficar sozinho, agora!

Matteo se sentou em sua cadeira e apoiou as mão no tampo de sua mesa. Sua cabeça pulsava, ele levou seus dedos a sua têmpora e massageou enquanto tentava se acalmar. Ele tentava assimilar o que tinha acontecido. Ao mesmo tempo que queria se ver livre daquela babá, não conseguia imaginar aquela mansão sem a presença dela. A forma como sua filha estava feliz, em que sua irmã aparecia mais pela casa e sorria com mais frequência. Pela primeira vez ele via aquela movimentação na casa, como se fosse um lar.

- Matteo querido, bom dia. Lucia o cumprimentou, depois de bater na porta e entrar. - Acabei de chegar da Alemanha, ocorreu tudo bem lá. Só queria lhe informar.

- Ok. Conversamos depois.

- Está tudo bem? Ela o perguntou, se aproximando.

- Sim, só quero ficar sozinho, Lucia. Ele a respondeu, se virando para a parede. Ele ouviu os saltos dela batendo no piso de madeira e a porta sendo fechada e suspirou. Matteo abriu um botão da gola de sua camisa e enrolou as mangas até os cotovelos.

Ele não sabia qual seu próximo passo. Sabia que havia assustado a babá e viu no olhar dela um medo enorme sobre o ataque de fúria dele, mas Matteo não pediria desculpas, não era de seu feitio fazer isso. Ele se levantou e foi até a janela, abriu a cortina e olhou para a entrada da sua casa, quando ele estava quase virando as costas, a viu. Beatrice corria em disparada para o portão e viu quando ela foi barrada por um de seus seguranças. Como ele havia previsto, ela estava querendo ir embora. Matteo sem pensar muito, saiu em disparada pelas escadas, ignorando Lúcia que saia do quarto da menina e correndo para a porta. Ele a ouviu dizer que chamaria a polícia e pegou o telefone dela, a virando para ele. Beatrice o olhava com ódio enquanto ele a puxava para longe dos seguranças e tentava se justificar, o que acabou fazendo ele se lembrar daquela noite em que toda a sua vida mudou.

Notturno - Entre A Luz E A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora