Epílogo

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‐ Minha menina... Carlota dizia enquanto abraçava Beatrice, tentando juntar os pedaços que não tinham mais concerto. Ela estava apavorada. Arrasada.
Pietro e Lucca depois de muito insistirem, haviam conseguido convencê-la a os escutar e o pouco que Beatrice havia ouvido, lhe revirou seu estômago. Seu amado pai era um Grecco, um dos Grecco que Matteo tão abominava. Seu "tio" tinha sido o responsável pela destruição da vida do homem que ela amava e em suas veias corria o sangue que Matteo desejava derramar. Beatrice ao ouvir isso, não quis saber de mais nada, mandou com que eles fossem embora e nunca mais a procurassem. Sua vida havia sido uma mentira, e sua nova vida, aquela que estava construindo com Matteo, havia sido destruída.
Beatrice sentia um bolo no estômago, mais uma vez sua felicidade havia sido arrancada. As palavras sujas de Matteo martelavam em sua mente e o desespero dele não saia da sua mente. Ela revisava aqueles malditos minutos que tudo havia desmoronado e se perguntava porque ele sequer havia lhe dado o benefício de se explicar. Mas Beatrice sabia... Sabia desde aquele dia que apenas o sobrenome dela ativou o gatilho em Matteo, logo no início. Beatrice havia visto a destruição provocada pelos Grecco em Matteo, havia testemunhado a forma como ele falava e entendia que sua vida havia sido moldada na vingança pelos seus pais.
Marcas profundas como aquela, dores insondáveis em testemunhar a mãe morta, em ser jogado a um tio que o abusou física e principalmente psicologicamente se fez presente em cada palavra desferida por Matteo a ela.
Beatrice se lembrou de uma vez, quando Giovanna havia dito que por causa da falta dos pais, ela é os irmãos haviam dia após dia sido destruídos.
Beatrice então viu diante dela, em seus pensamentos, o olhar desesperado de Giovanna que havia entrado naquele quarto, uma onda de desespero a invadiu, ela precisava falar com a amiga, precisava de alguma maneira, aliviar toda dor que sentia. Precisava dizer que nunca havia traído nenhum deles e que entendia que a relação seria impossível dali pra frente. Apesar da dor e da raiva que sentia por Matteo, não podia ignorar que o entendia. Mas que não o perdoaria...
Ela tentava ligar para a amiga sem sucesso. O peso sobre o seu peito a sufocava, ela pensava no rosto angelical de Aurora, não sabia se conseguiria seguir em frente longe de que ela tanto amava. O seu celular tocou e mais que depressa pegou o aparelho que tinha o nome de Giovanna no identificador de chamadas.
"- Gio...
- Escute bem o que eu vou te dizer! Falou pausadamente.
Ela conhecia bem demais a amiga para saber que ela falava daquele jeito quando estava furiosa.
- Esqueça que eu existo, que eu já fiz parte da sua vida, que um dia sequer me conheceu! Você é a pior pessoa que eu já conheci.
- Gio me deixe explicar... Disse sem ter a mínima ideia do que precisava ser explicado.
- Explicar o que? Que você é uma traidora, que faz parte de uma família que tanto nos machucou? Eu cresci sem meus pais por causa do seu maldito sangue. Sua voz estava embargada.
- Eu não sabia, eu juro. Beatrice disse chorando.
- Não diga mais mentiras, nós sabemos quem você realmente é agora. Eu realmente confiei em você! Fique longe da minha família. Ouviu bem? Longe! Se você se aproximar garanto que não sairá viva."
Aquelas palavras destruíram tudo que ainda restava em seu coração.
***
Os dias passaram e Beatrice se sentia sufocada a cada maldito dia. Depois de uma semana, ela conseguiu se levantar da cama e foi até o estúdio pintar. Inicialmente, suas mãos tremiam e a tela era um borrão de vários nadas, assim como sua vida, mas Beatrice continuou horas e horas naquele espaço, tentando passar para a tela em branco toda a confusão da sua mente.
- Minha menina, Carlota pediu para que fosse até a cafeteria. Ela disse que não está passando muito bem e pediu para você cobri-la.
- Tudo bem professor. Já estou indo. Ela limpou a tinta das mãos e correu para o local. Os clientes entravam e saiam e Beatrice não conseguia ver nenhum rosto a sua frente. Seu corpo agia no automático enquanto sua mente era um enorme e grande vazio. O celular começou a vibrar e Beatrice custou a perceber. Assim que o pegou para olhar, haviam cinco chamadas perdidas de Giovanna, disparando uma adrenalina que há dias não sentia, por cada parte do seu corpo.
"O que ela quer? Porque insiste em falar comigo?" Se perguntou enquanto suas mãos tremiam olhando para a tela que continha o nome da sua amig... De Giovanna. Na última conversa que tiveram havia ficado claro o quanto ela a odiava.
O celular então apitou mais uma vez, sinalizando que uma mensagem havia chegado. Com o dedo pairando e incerto, Beatrice tomou coragem e abriu o texto que dizia: "Bea, eu descobri tudo. Precisamos conversar."
Seu coração saltou e quando ela ia responder que não havia mais nada o que ser dito, pois todos a julgaram sem a ouvir, Beatrice escutou uma voz que nunca em toda sua vida esqueceria.
- Minha doce CARAMELLA. Assim que olhou para frente, parecia que seu coração pararia ao ver diante de si o homem que havia feito o inferno em sua vida. Os olhos castanhos dele enrugaram enquanto a boca se abria em um sorriso perverso que a perseguia em seus pesadelos. Ela sentiu um frio na espinha e cada parte do seu corpo começou a tremer, fazendo com que ela deixasse cair tudo que levava nas mãos.

FIM.

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Notturno - Entre A Luz E A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora