{Chapter.19}

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{1 de Outubro de 2021}
London, UK
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De volta ao meu habitat natural, o sítio que me faz viajar por montanhas russas de sentimentos.
O início de outubro marca o recomeço de vários dias de treinos, como da última vez, para mais uma grande estreia. Desta vez, havia uma grande particularidade, a atuação não seria em Londres.
O local ainda estaria por descobrir, mas não deixava de ser, por si só, uma grande inovação e mudança para todos os bailarinos.
Irá exigir um maior foco em todo o trabalho, uma vez que o ponto de vista é totalmente diferente.

Adentrar o estúdio de novo, mesmo que depois de tão poucos dias, foi como uma lufada de ar fresco.
Ali o mundo exterior parecia desaparecer por entre nós, apenas a dança permanecia.

Posso dizer que a manhã correu da maneira mais normal possível, com danças de todos os géneros. Foi um grande momento de descontração em que muitos mostraram os seus potenciais em outros estilos.
Eu, particularmente, senti-me a voar quando dancei contemporâneo. O estilo que sempre fez parte de mim.
O pior seguiu-se da parte da tarde, quando um pé mal posicionado, me levou a torcer a perna. Pensei em todos os possíveis cenários numa situação daquelas e, principalmente, no tempo de recuperação.
Porque, no início achei que seria apenas um simples entorse, mas o pé rapidamente começou a inchar e mal o conseguia pousar no chão.
- Estás bem? - Liam aproximou-se.
- Não muito. Acho que torci o pé. - respondi.
Eu passei o meu braço pelos seus ombros e, o garoto ajudou-me a caminhar até um banco.
- Vou buscar um pouco de gelo. - saiu.
A receita para o desastre estava completa. Por muito que tentasse permanecer forte numa situação daquelas, eu simplesmente não me impedi de ficar cabisbaixa.

- Eva, precisamos falar. - Bettany sentou-se no banco, do meu lado, enquanto observava os outros bailarinos.
- Há algo de errado? - fiquei preocupada com o seu semblante.
- Eu lamento, mas sim. - fez uma pausa. - Os coordenadores estão com receio de que possas não estar apta para encarar os próximos dias de treinos. Têm medo que não sejas capaz de corresponder com a tua posição na companhia. - este era de facto o pior cenário possivelmente e imaginável, aquele em que eu podia ser afastada.
- Eu dou a minha palavra em como estou completamente apta na segunda feira. - na verdade, nem eu própria tinha certezas de nada, mas aquela era a minha única chance.
- Tudo bem. Mas se não conseguires, teremos que te afastar. - As lágrimas pareciam querer saltar dos meus olhos naquele momento, porque no mundo da dança, eu tinha cada vez mais a certeza, de que nada nos é dado como certo. Como tudo pode mudar.
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(...)
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Depois da noite de ontem, Mason e eu decidimos tomar uma certa distância entre nós. Mas àquela hora da noite, o garoto apareceu de surpresa no meu apartamento.
- Não sabia que vinhas. - falei, depois de chegar com muita dificuldade à porta.
- Estás bem? - perguntou, olhando para o meu pé.
- Sofri um pequeno entorse esta manhã. Nada demais. - comentei.
- De certeza? Isso não parece nada bonito. - de facto, o meu pé estava muito inchado. Mas eu acreditava que melhoraria no dia seguinte, depois de um belo descanso.
- Sim. Amanhã deve ficar melhor. - respondi. - Mas o que vieste cá fazer?
- Tive um dia horrível. Precisava de ti. - disse.
- Eu não sou a pessoa certa para te fazer sorrir, neste momento. - mostrei o meu estado de espírito.
- Tudo bem. Parece que estamos ambos num mau momento.
- Mason, eu não estou mesmo numa boa vibe. Eu preciso de estar sozinha, hoje! - tentei não ser grossa com o meu namorado, mas era impossível esconder o meu desagrado.
- Não podias ter sido mais específica. Eu entendi o recado. - começou a caminhar em direção à saída.
- Eu lamento não conseguir ajudar-te neste momento. Mas eu só te iria fazer sentir pior. - respondi.
- Acho que tens outras pessoas com que te preocupares. - eu não gostei do comentário, que fez referência a alguém.
- Como assim? O que queres dizer com isso?
- Nada. No final das contas, tu não és minha. - eu relamente estava perdida no rumo da conversa, mas tinha plena certeza de que ele falava de outra pessoa, com algum desagrado.
- Tu estás a falar de quem, Mason? Eu não estou a entender o porquê de isso tudo agora. - exaltei-me um pouco.
- Os teus amiguinhos, com quem tens passado muito mais tempo do que comigo, nos últimos dias. - Ele nunca antes tinha demonstrado ciúmes ou algo do tipo perante os meus amigos, mas aquele parecia o seu limite.
- Tu sabes muito bem que eu tenho amigos e que me importo muito com eles. Além do mais, como tu disseste, eu não sou tua. E tu não és meu! Somos livres para fazer as nossas escolhas e estarmos com quem quisermos. - fiz uma pausa. - Eu não te questiono quando sais com os teus amigos ou alguma amiga.
- Eu nunca te dei motivos para duvidares ou desconfiares de mim. - também se começou a exaltar.
- Muito menos, eu! - respirei fundo. - É melhor ires, Mason. - abri a porta.
- Talvez seja melhor. Parece que não somos mesmo um do outro.
Aquelas palavras ecoaram na minha cabeça o resto da noite, como facadas. Ambos estávamos a mostrar algumas inseguranças nos últimos dias, mas eu achava normal para um recém casal. Mas hoje, as coisas foram além do limite normal.

Eu senti-me realmente assustada quando, mesmo depois de várias horas, nenhum de nós teve a iniciativa de mandar mensagem ou algo do tipo, a pedir desculpas.
Talvez aquela distância fosse necessária para esclarecer alguns pontos de vista e acalmar os ânimos.
Mas assustava-me pensar que, as coisas podiam não ficar melhores a partir dali.
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{Last night for the very First time
You didn't even try to call}
Tate McRae
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{Last night for the very First timeYou didn't even try to call}Tate McRae

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My Yellow | MASON MOUNT🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora