Brinquedos

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Aquele era apenas mais um dia comum na vida de Samuel. O cansaço do trabalho e a rotina diária de domingo a domingo. Mas havia algo de especial naquele dia. Ele fez algo diferente. Não foi para casa. Na verdade, ele foi, pegar algumas roupas e outros utensílios para usar nesta que deveria ser uma maravilhosa noite de sexo.

Samuel costumava ouvir de todos o quanto era um rapaz bonito. Ouvia comentários sobre seu corpo sarado de dar inveja a qualquer um. O queixo harmonizado naturalmente. Seus cabelos negros e brilhosos bem cuidados aumentava o charme. E não importava o como ele o usava, surfista, degradê, buzz cru, side part ou - seu favorito - ceaser alto, ele continuava com seu charme natural. Nada o impedia de conseguir atenção de várias mulheres mesmo que sem querer.

O problema - para as mulheres, no caso - é que Samuel era seletivo. Gostava de homens, mas não qualquer um. Ele era atraído por ruivos. Homens ruivos, altos ou baixos, barbudos ou não, com mamilos rosinhas que era o seu principal fetiche. A sua beleza natural lhe dava o privilégio de poder escolher com quem iria sair. E por incrível que pareça, ele conseguia suas vítim... quer dizer, suas companhias com apenas um simples sorriso.

Após sair do trabalho ele passou em uma sex shop e comprou uma pequena variedade de objetos que qualquer sadomasoquista compraria em uma situação comum (porque comum aquela situação não era, isso com certeza). Dentre os objetos, havia um pino de uretra que ele estava louco para usar há meses, após ver isso em um vídeo pornô que ele encontrou aleatoriamente na internet. Além de um chicote, mordaças, cuecas de couro; algumas camisinhas de sabor (e algumas ardentes, como halls preto); algemas, intense gel e um dilatador anal. Ele não pretendia usar tudo naquela noite, até porque seria algo impossível, porém, a sua intenção era ter a noite de sexo mais selvagem da sua vida.

Ele só não esperava por um pequeno detalhe: ele não iria fazer sexo aquela noite.

Imprevistos acontecem. Se você não deixar seu cachorro devidamente acorrentado ele pode fugir.

Bem...

Seria apropriado chamá-lo assim? Cachorro? Quer dizer... Tudo bem que Samuel colocou uma focinheira nele. E o prendeu numa coleira de couro pelo pescoço. E prendeu essa coleira acorrentada a parede. Mas, sabe? Ainda era um ser humano.

Resumindo melhor história, Samuel foi para casa depois de comprar seus brinquedinhos na loja de criança, se é que me entendem, e o que ele encontrou lá, certamente não foi o que deixou quando saiu.

Em sua casa, ele construiu um porão (contei que ele trabalhou como pedreiro antes? É acho que não) e neste porão ele instalou inúmeras... eu não sei o nome daquelas porcarias, mas era um cenário inteiramente sádico de quem pratica BDSM. Em um canto da parede, havia uma coleira aberta. Era de fivela, uma criança de três anos conseguiria abrir (ou seria desafivelar? Que seja).

Samuel percebeu ali que fora irresponsável, pois, havia um ser preso àquela coleira. A criatura obviamente conseguiu se soltar e fugiu. Mas o porão era trancado então ele não saiu de fato da casa.

- Oh! Meu bebê - falou Samuel, decepcionado, colocando as compras no chão. - Como você pode ser tão malcriado? Eu comprei presentinhos para você, está vendo? - finalizou ele apontando para as sacolas.

Ninguém respondeu.

- Eu sei que você está aqui, filhote - continuou ele chamando. - Vamos apareça, vermelhinho. Papai não vai te fazer mal.

Na verdade, ele iria.

Enfim...

Samuel ouviu um pequeno ruído. Quando se virou, ele viu.

O homem estava nu. A focinheira no seu rosto o deixava parecendo um louco foragido de um hospício. Um pouco magro devido aos dias sem se alimentar direito. No seu peito havia marcas de arranhões. Bom, todo seu corpo estava marcado de alguma forma, seja pelas tapas ou pelas chicotadas que ele recebia.

Ele segurava um pedaço de madeira nas mãos, onde ele arranjou aquilo nem eu sei. Porém, a tentativa de fuga daquele jovem rapazinho ruivo (e pelado) deixava Samuel excitado. Tentar fugir só aumentava a sensação de posse que Samuel tinha sobre ele.

- Ora, você vai me bater com isso?

O garoto segurou o toco com mais força.

- Vamos, filhote, dê-me iss...

Com um impulso o garoto ergueu a madeira no ar e o lançou na cabeça de seu raptor com tanta força que o deixou inconsciente. A pancada não chegou a matá-lo.

Contos Noturnos - onde seus sonhos não existemOnde histórias criam vida. Descubra agora