Se você ver uma pessoa que se parece idêntica a você,
fuja e se esconda.Ashley usava um pijama azul do Naruto, estava sentada no sofá da sala com seu laptop no colo escrevendo um artigo acadêmico que iria apresentar na próxima semana. Carly estava em seu quarto lendo um livro de ficção qualquer apenas para passar o tempo, usando um mini vestido verde-menta que outrora fora uma roupa de festa, e hoje reduzido a uma "roupa de usar em casa", com um short marrom de tecido fino.
Uma notificação apareceu no centro da tela do laptop de Ashley, sinalizando que a bateria já estava quase no fim. Ela expirou forte, irritada, pois passou a manhã toda procrastinando, fazendo tudo menos escrever seu artigo. E quando finalmente encontrou em si um pouco de produtividade, a bateria acaba.
Ela fechou seu laptop e o colocou de lado e virou-se para pegar o carregador que costumava ficar dentro de uma mini cômoda ao lado do sofá. Porém, não estava lá.
— Carly — gritou ela — , você viu o carregador do meu laptop?
— Não — respondeu Carly, desinteressada.
— Pode checar aí em cima para mim, por favor?
Carly jogou a cabeça para trás, chateada por ter seu momento de lazer interrompido pela sua irmã gêmea. Com um pouco de preguiça e impaciência, Carly fechou o livro e o colocou sobre a cama e se levantou para procurar a porcaria do carregador.
Ela vasculhou por todo canto no quarto, nada. Ashley, pela sala, nada. O carregador não estava em lugar algum.
— Carly, você achou?
— Não está aqui.
— Droga! — falou Ashley, sozinha. — Vou ver se está no carro. Vem procurar na cozinha.
— Que saco, Ashley — disse Carly em voz alta.
Ashley pegou a chave do carro dos pais, abriu a porta da sala e saiu. Apertou um botão e destravou o carro. Procurou em cada lugar possível dentro do carro e não achou nada além do seu cartão do ônibus que ela havia esquecido ali. Decidiu voltar para dentro e ajudar a sua irmã a procurar em outros cômodos da casa. Quando chegou na entrada da casa, sentiu que estava sendo observada. Virou-se para ver se tinha alguém ali e jurou ter visto a si mesma do outro lado da rua.
A casa ficava de frente a um bosque de árvores das mais variadas espécies, que estavam com a folhagem amarelada e seca devido a chegada do outono. Próximo a rua havia uma placa sinalizando que aquela área era proibida para pedestres pois fazia parte de uma reserva ambiental. Por trás da placa, uma coruja voou e Ashley pôs a mão no peito aliviada. Estou passando muito no meu laptop, pensou.
Na cozinha, Carly procurava sem sucesso pelo carregador ainda perdido. Desistiu daquela busca inútil e foi até o escritório do pai para pegar o dele e entregar a ela. Uma das janelas dava de frente para o bosque onde Ashley achou ter visto alguém. Carly pegou o carregador do pai, e antes de sair do escritório deu um leve pulo para trás, assustada com algo que viu lá fora.
— Porra, Ashley.
Carly foi até a janela e viu sua irmã parada atrás da placa de aviso. Com um sorriso assustador no rosto.
— O que você está fazendo aí? — gritou ela — Eu não achei seu carregador, você pode usar o do pai — ela levantou o carregador no alto para que quem quer que estivesse lá fora pudesse ver. — Viu?
A pessoa continuou imóvel, sorrindo.
— ASHLEY! — gritou mais alto.
— Oi — ela ouviu a voz da sua irmã responder do lado de fora do escritório. Carly virou-se com um pulo e viu sua irmã parada na porta. — Você achou?
Carly olhou para fora confusa e depois olhou para sua irmã de novo. Se sua irmã estava ali dentro, quem era aquela pessoa lá fora?
— Esse não é o meu carregador — falou Ashley.
Carly estava assustada demais para responder. Ashley viu a expressão de espanto no rosto da sua irmã e decidiu checar se estava tudo bem. Carly comentou que achou tê-la visto do lado de fora e Ashley comentou que sentiu a mesma coisa. As duas olharam pela janela e viram que a criatura ainda estava lá.
— Tão parecida com a gente — disse Ashley.
"Tão parecida com a gente ou tão parecida com você?" pensou Carly. "Ou pior, tão parecida comigo." Carly notou que sua irmã usava um pijama azul e a pessoa lá fora usava um vestido em um tom claro de verde, exatamente igual ao que ela estava usando. Ela estava muito intrigada com aquilo, levantou a mão direita devagar e pousou no colar que ela usava, um colar que ganhou de presente da sua irmã anos antes. E viu que a pessoa lá fora fez exatamente o mesmo.
As duas estavam hipnotizadas pelo olhar daquele estranho ser do outro lado da rua, que sorria constantemente para ambas. Carly já estava pronta para pular da janela, quando...
— Meninas!
As duas gritaram.
O pai delas estava ali na porta, precisou voltar mais cedo para casa. Ashley sentou-se na poltrona, as pernas falharam um pouco devido a adrenalina do momento.
— Vocês estão bem? — perguntou o pai perguntou ao vê-las naquele estado, mas foi ignorado por ambas.
As duas se olharam, sabiam que aquilo não era fruto da imaginação delas, pois as duas viram. Carly olhou para fora , seja lá quem era aquela estranha pessoa idêntica a elas — ou a ela —, não estava mais ali.
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Contos Noturnos - onde seus sonhos não existem
TerrorJá parou pra pensar no seu futuro? No seu final feliz? Já se imaginou cavalgando em um cavalo branco - clichê? - ao lado de seu Príncipe Encantado? Então deveria parar. Esqueça tudo o que você sabe sobre finais felizes porque eles NÃO existem. Em "C...